segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Os X-Men 12: A origem do Professor X!

"A origem do Professor X!"
(The X-Men 12, julho de 1965)

Roteiro: Stan Lee
Esboços: Jack Kirby
Desenhos: Alex Toth
Arte-final: Vince Colletta
Marvel Comics.

Conforme o assustado Cérebro acusou no final da edição anterior, a maior ameaça dos X-Men estava se aproximando da Mansão X, deixando a pobre máquina em pânico (!). Com o zumbido do aparelho, os X-Men entram na sala de Xavier e acabam descobrindo a respeito de Cérebro, algo que até então só Ciclope tinha conhecimento.

Numa evidente contradição, Xavier reafirma que Cérebro é uma máquina detectora de mutantes e o fato de ter detectado o Fanático, que NÃO é mutante, não passa despercebido pelo leitor. Pelo nível de ameaça que está prestes a adentrar no instituto, Xavier manda seus pupilos construírem armadilhas ao redor da escola e assim que eles terminam o serviço, ele começa a contar sua história.

Logo após o falecimento de seu pai (Brian Xavier) em uma explosão atômica experimental em Alamogordo, no Novo México, Xavier ganha um pai adotivo na figura de Kurt Marko, um pretensioso amigo de seu pai biológico que almejava sua fortuna. Tempos depois, ele se casa com a mãe de Chartes (Sharon) e todos se mudam para a mansão de seu falecido pai. Xavier sempre desconfiou da índole de Kurt.

Com o tempo, as intenções de Kurt Marko ficam mais evidentes, mas nada mais poderia ser feito já que ele e a mãe de Charles já estavam casados. Xavier também já havia começado a desenvolver naquela época seus dons de ler pensamentos alheios o que fez com que seu ódio por Kurt aumentasse cada vez mais. Estranhamente, Xavier usa terno quando está dentro de casa.

Um belo dia, chega o meio-irmão de Xavier, Cain Marko, filho de outro casamento de Kurt. Impregnado de uma genuína crueldade (existem pessoas assim de verdade, acreditem), Cain destrata Charles e logo depois chantageia seu pai pedindo dinheiro. Como este recusa o pedido do filho, Cain ameaça dizer a todos que não houve acidente algum na morte do pai de Xavier e que Kurt seria o responsável por tudo para ficar com a esposa do seu amigo e, conseqüentemente, sua fortuna (este o objetivo primordial).

Após uma discussão entre os dois, Xavier interfere dizendo que ouviu tudo e Cain acaba provocando um acidente ao misturar algumas substâncias em que seu pai trabalhava. Na explosão, Kurt leva os dois garotos para um lugar seguro, mas não resiste e morre. Suas últimas palavras foram que realmente houve um acidente na morte do pai de Xavier e que ele tome cuidado com relação aos seus poderes.

Com os poderes de Xavier sendo desenvolvidos cada vez mais ao longo de sua adolescência (e seus cabelos caindo na mesma proporção), ele começa a se destacar na escola e em eventos esportivos por trapacear lendo os pensamentos de seus oponentes. Cain Marko sente cada vez mais inveja do irmão. Assim, eles tem o seu primeiro embate físico.

Mesmo assim, Xavier insiste em ter uma boa relação afetiva com Cain e o deixa levá-lo à faculdade. Mas Cain acelera o carro e pede para que Xavier implore para parar. Isso acaba provocando um acidente , não sem antes Xavier salvar seu meio-irmão, utilizando-se de um comando mental para que este salte do carro antes da queda do veículo. Xavier não tem tempo de se salvar e acaba sendo salvo graças a um "escudo mental" (não me perguntem o que isso tem a ver com telepatia). Os X-Men perguntam se esse acidente tem algo a ver com a sua incapacidade de andar, o que Xavier responde que não (sua deficiência decorreu em um confronto com Lúcifer, conforme afirmado em X-Men 09).

Anos mais tarde, os dois servem na Guerra da Coréia e Cain Marko descobre o Templo Perdido de Cyttorak. Lá ele encontra um rubi e, ao ler a inscrição que nele consta, se tranforma no Fanático (Juggernaut, uma máquina de destruição em termos mais precisos). Mas o templo é bombardeado pelos comunistas e o Fanático ficaria soterrado por anos até se libertar e ir ao encontro do seu meio-irmão. E é o que ocorre nessa história.



Ao longo da edição, a origem de Xavier é intercalada com a ineficácia das armadilhas montadas pelos X-Men (os poucos minutos que o grupo teve para construí-las deve ter contribuído para isso). E até o final da história, não é mostrado de forma evidente a figura do Fanático. Stan Lee procura deixar um grande mistério por trás dessa ameaça, o que, de certa forma, acaba surtindo algum efeito.

Após as últimas tentativas de conter o Fanático, ele finalmente aparece e jura seu irmão de morte.

Ao contrário do que dizem sobre as primeiras histórias dos X-Men (muito criticadas, e não raras vezes, não sem razão), esta é uma das melhores histórias do grupo desta Era de Prata, quando lida conjuntamente com a edição seguinte, e conta com uma excelente origem para o Professor Xavier, que terá repercussão pelos anos que se seguiram nas aventuras dos X-Men. Definitivamente, Stan Lee acertou em cheio.

Jack Kirby fez apenas os esboços dessas edições de modo que os desenhos destoam um pouco do padrão que já estávamos acostumados. Mas seus esboços mantém a mesma estrutura de quadros e feição dos personagens. O leitor mais atento notará a diferença do estilo dos desenhos.

E esta história não conta com muitos absurdos, tirando novamente o pânico de Cérebro que apita como nunca.

Abraço a todos!

Primeira aparição: Fanático (Cain Marko).

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Lanterna Verde (vol. 4) 01-20.

Lanterna Verde (vol. 4) 01-20.

Roteiro: Geoff Johns
Desenhos: Carlos Pacheco, Ethan Van Sciver, Simone Bianchi, Ivan Reis e Daniel Acuña
Arte-final: vários
DC Comics.

Logo após ser inserido de volta ao primeiro escalão de heróis do Universo DC, Hal Jordan retorna como o protagonista da revista Lanterna Verde. Assim, inicia-se uma nova fase na vida desse personagem que durante anos ficou relegado a vilão, foi substituído por alguém mais jovem na onda renovatória dos anos 90, e depois transformado em entidade (Espectro).

Geoff Johns usa as três primeiras edições para construir o cenário inicial em que se passará a série (Coast City, recém-construída), bem como apresenta um pequeno rol de coadjuvantes como o irmão de Jordan e alguns pilotos da força aérea que o acompanharão nas história posteriores (Jillian “Cowgirl” Pearlman e Shane “Rocket-man” Sellers, por exemplo).

O primeiro arco é desenhado por Carlos Pacheco e trás de volta (heheh...) um Caçador, uma “raça” andróide predecessora dos Lanternas Verdes, desprovidos de emoção, em busca de uma unidade mais antiga e defasada. Assim, ele parte realizando uma série de mortes por onde passa. Hal Jordan e John Stewart vão ao espaço e encontram a nave desse novo Caçador e assim o arco se passa tendo como centro o confronto entre o Lanterna Verde e o Caçador. Um arco razoável que serviu como início do título, mas nada muito estimulante.

As três edições seguintes (GL 04-06), a primeira desenhada por Ethan Van Sciver e as duas seguintes por Simone Bianchi, traz o arco mais confuso para quem está não está familiarizado com o universo do personagem. Há o retorno de Hector Hammond e em nenhum momento é explicado quem ele é. Para o novo leitor, ficou difícil entender. Há também uma luta do Lanterna Verde contra um Tubarão evoluído e comedor de cérebros, bem como o retorno do Mão Negra, agora com poderes (visto pela última vez em Renascimento, quando perdeu uma das mãos).

O pequeno arco em duas partes que se segue (GL 07-08, “Uma vida perfeita”), desenhado por Carlos Pacheco, é bastante divertido. Ele mostra o filho de Mongul vindo à terra para honrar o nome de seu pai. Por meio de uma espécie de planta alienígena (Clemência Negra, obrigado Roleplayer Moore!), Hal Jordan e Oliver Queen (o Arqueiro Verde) entram em transe e se imaginam numa vida com todas as realizações que mais sonharam. Depois de voltarem à realidade e de passar boa parte da segunda edição lutando contra Mongul (o filho), na conclusão há a melhor cena do arco: como acha que o maior problema que um ser pode ter é a família, Mongul dá um soco na cabeça da irmã, arrancando-a, resolvendo desta forma a questão (hehehe...).

Merece também uma observação de que este arco é ligado à saga Crise Infinita, que eu não acompanhei. Assim, algumas referências sobre heróis e vilões, bem como sobre o que Hal Jordan está fazendo ao lado de Superman, Mulher-Maravilha e cia são passagens que somente quem acompanhou a saga saberá como tudo aquilo aconteceu.

Na edição 09 há um encontro de Hal Jordan com o Batman. Este último o contata para resolverem um caso de um homem cheio de tatuagens que mata pessoas para “salvar suas almas”. A interação entre os dois heróis ficou muito boa e, em uma determinada cena, Batman desconta o soco que levou de Hal na mini-série Renascimento. Ao final, parece que os dois ficam em paz um com o outro (esperava o contrário, mas nada que me desagrade).

Capa de Green Lantern 10, por Simone Bianchi.

Dos números 10 ao 13 da revista Green Lantern, é contado o arco “A Vingança dos Lanternas Verdes”, o melhor até aqui mostrado no título e o início de uma excelente seqüência de histórias e o primeiro desenhado pelo brasileiro Ivan Reis. Tudo começa com Hal combatendo o vilão chamado Ígneo na Rússia e sendo interferido pelos Sovietes Supremos, já que, segundo eles, o Lanterna Verde não está na sua jurisdição (território estrangeiro).

Enquanto isso, em algum lugar do espaço, um ser alienígena chamado Arkillo é recrutado para integrar a Tropa Sinestro.

Como esse arco se inicia no evento da DC Comics chamado “Um ano depois”, Hal lembra um fato passado nesse ínterim que o deixa com sentimento de culpa por não ter estado com o anel em um vôo (o que seria revelado no arco seguinte, “Hal Jordan: Procurado”). As lembranças ao longo dessas edições são vagas, mas é mostrado que ele, Cowgirl e Rocket-man são feitos prisioneiros de guerra (ganham, inclusive, uma medalha por isso). Mais detalhes sobre isso logo a frente.
No final da condecoração, uma nave cai no local da comemoração e nela se encontra Tomar-Tu, um Lanterna Verde papagaio (hehehe...) de outro setor, supostamente morto na época em que Hal era o Parallax.

Hal Jordan pede aos Guardiões do Universo para que ele siga o rastro da nave de Tomar-Tu, já que acredita os outros Lanternas Verdes que foram mortos por Parallax também podem estar. Os Guardiões negam o pedido, já que o setor 3601 não é monitorado pela Tropa dos Lanternas Verdes, mas ele e Guy Gardner vão mesmo assim.

Os anéis de Hal e Guy os levam até o setor 3600 e de lá eles se dirigem até a zona proibida no modo “manual” (adorei isso). Em uma espécie de Lua metálica, sede dos Caçadores, os dois Lanternas combatem alguns deles e se deparam com o Super-Cyborgue. Hal liberta alguns dos Lanternas aprisionados (eles realmente estavam vivos), inclusive Arísia, com quem ele teve um relacionamento no passado e, mesmo sob a desconfiança dos libertados, todos lutam e destroem o lugar. Hal e Arísia derrotam o Super-Cyborgue, sobrecarregando um Caçador que os usaria como fonte de energização.

Nesse ínterim, na Terra, algo estranho começa a aparecer no recrutamento dos Guardiães Globais (que também será revelado em “Hal Jordan: Procurado”). Em OA, Guy Gardner acoberta Hal Jordan pela empreitada proibida pelos Guardiões do Universo e ganha como punição a “vigilância prioritária” por um mês. Lá, é mostrado que o Superboy Primordial encontra-se preso.



Entre as edições 14 e 17 temos o arco “Procurado: Hal Jordan”, também muito bem desenhado por Ivan Reis (tirando um detalhe ou outro da Liga da Justiça que eu não gostei, como a Mulher Maravilha). Nele, é revelado o que realmente aconteceu com Hal Jordan e seus dois amigos pilotos (Cowgirl e Rocket-man).

Após um conflito com terroristas na Chechênia, Hal, Jillian e Shane são feitos prisioneiros de guerra. Eles ficam presos por 14 semanas e são torturados a fim de revelarem segredos sobre a força aérea americana. Após um confronto com um soldado que ele apelidou de “Ossos”, eles conseguem escapar. Hal se sente culpado pelo que aconteceu, por não ter levado o seu anel do poder no F-22 que pilotava na ocasião.

A piloto Cowgirl é novamente capturada em uma nova investida contra os terroristas e Hal, agora como Lanterna Verde, sai em busca dela. Na investida, surgem os Guardiões Globais, que matam os terroristas, culpam Hal pelo ocorrido e tentam pegar o seu anel. Por trás de todo esse imbróglio de caça a Hal Jordan está Amon Sur, o filho de Abin Sur, o predecessor do anel do poder de Jordan.

Enquanto isso, o Super-Cyborgue (ou a cabeça dele, heheh...) é encontrado pelos Guardiões do Universo para que sejam reveladas informações sobre o Setor 3601 e os “52”.

Enquanto o Lanterna Verde luta contra os Guardiões Globais, ele descobre que estes estão sendo controlados mentalmente pelos Caçadores sem Face de Saturno, que também estão querendo a recompensa pela cabeça do herói. Os Sovietes Supremos interrompem a pretensão dos Caçadores sem Face com o intuito de prenderem Hal pela sua enésima transgressão de invadir território estrangeiro. Logo surge Alan Scott, da Sociedade da Justiça e uma desnecessária participação da Liga da Justiça pronto para para ajudá-lo. Depois de muita luta, Cowgirl é resgatada.

O escritor Geoff Johns usa essa história para tentar mostrar o lado dos americanos nos conflitos terroristas, tentando justificar algumas atitudes que não são bem recebidas pela imprensa internacional. Enquanto Hal se questiona sobre os atos terroristas e, em seguida, quase beija Cowgirl, surgem os Dominadores e Cão de Briga (mais gente atrás da cabeça do pobre coitado).

De volta à história, no planeta Qward, lar da Tropa Sinestro, o membro Arkillo determina a sexta desova dos anéis e um deles se dirige ao Setor 2814, a Terra, em busca de um integrante. Em uma cena muito interessante e curiosa, Bruce Wayne é o escolhido para ser o membro da Tropa Sinestro desse setor, pela habilidade com que tem de causar medo nas pessoas (como Batman). Ele recusa, obviamente, a convocação e o anel sai em busca de um novo membro em potencial.

De volta ao conflito com Amon Sur, este manda Hal levá-lo ao local onde ele enterrou seu pai. Depois de uma troca de acusações, Cão de Briga revela-se como sendo John Stewart, o parceiro de Hal, que havia ido atrás dessa história de caça ao seu amigo. No meio da briga, Amon Sur é recrutado para compor a Tropa Sinestro e, depois de lutar por alguns momentos, é levado ao planeta Qward para “recondicionamento psicológico e físico”.

No final desse arco, Hal Jordan enterra Abin Sur em sua terra natal, Ungara e se arrepende de não ter feito isso antes.

Nas edições finais que precedem a Guerra da Tropa Sinestro (nada de Guerra dos Anéis neste espaço...), edições 17-20, há o arco “Os Mistérios de Safira Estrela”, e a cada final de edição, há uma pequena história dos “Contos da Tropa Sinestro”. A história principal é desenhada por Daniel Acuña (perfeita escolha pra ilustrar essa história, pois suas amazonas alienígenas ficaram arrepiantes) e os contos ficam a cargo do veterano Dave “Watchmen” Gibbons.

O arco gira em torno dos relacionamento de Hal com Carrol Ferris, agora casada, e seu novo relacionamento em potencial com Jillian “Cowgirl” Pearlman. O cristal de Safira Estrela entra em contato com Carol Ferris e ela sai em busca de Hal, seu verdadeiro amor. Depois de lutarem por alguns momentos, com várias tiradas sarcásticas de Hal quanto à sua dificuldade em se amarrar emocionalmente em alguém, Safira Estrela toma o corpo de Cowgirl e eles brigam novamente (até Carol Ferris entra nessa, com uma roupa produzida pelo anel de Hal).

Carol conta a Hal que enquanto estava possuída pela Safira Estrela, ela soube da origem da entidade. Na criação do universo, um grupo de mulheres dissidentes dos Guardiões do Universo, chamadas Zamaronas, acreditavam que não havia razão para se desproverem de emoções e assim partiram em busca de um novo objetivo... cultivar o amor. E assim, elas se utilizam desse cristal de safira para dominar mundos numa visão deturpada do que seja o amor, envolvendo o ser amado num cristal numa verdadeira animação suspensa. Ou algo assim, hehehe...

Essas mulheres dissidentes, Zamaronas, as Amazonas Alienígenas, aparecem e iniciam uma luta com Hal. Numa bela jogada, ele escolhe uma dessas amazonas como seu “objeto” de amor, o que faz com que o cristal se apodere dela e acabe com os planos das Zamaronas. Elas partem para conter o estrago causado por Hal.

Depois de alguns momentos tensos em um bar entre Hal, Carol e Cowgirl, esta última e ele ficam a sós e marcam de se encontrar.

Em Zamaron, as amazonas concluem que erraram em só coletar o amor. Assim, decidem coletar todas as emoções e, nisso, abre um plano com as luzes verde e amarela, que significa que elas irão também atrás do medo e da força de vontade. Muito bom o quadro de Acuña, ressalte-se.

No final, Hal vai se encontrar com Carol e, numa bela cena, descobre que ela se divorciou. Muito boa essa cena, recomendo a todos. O sorriso dela no último quadro da revista é emocionante.

No que se refere aos “Contos da Tropa Sinestro”, no Planeta Qward, Amon Sur é apresentado à Lyssa Drak, a Guardiã do Livro de Parallax. Ela conta a história de três membros da Tropa e de como eles conseguem o domínio do medo: o bio-vírus consciente Despotellis, Karu-Sil e de Bedovian, o tamanduá bandeira espacial (hehee... brincadeira). Depois, Amon é mandado para a Morada do Medo, para, na completa escuridão, contemplar e superar o seu maior medo, que ele acaba revelando como sendo... “Jordan”.



A série do Lanterna Verde começou de modo simples, aparentemente um título que não passaria do bom/regular, mas foi crescendo de tal forma que hoje é um dos meus preferidos. Particularmente, gosto muito de elementos de ficção científica e John, em quase todos os arcos, usa e abusa desse recurso.

Eu fico impressionado com a imaginação de conceitos viajantes como “bio-vírus consciente”, “Guardiã do Livro de Parallax”, a deturpação do “amor” pelas Zamaronas, estas com um visual alienígena muito bem elaborado e que combinou perfeitamente com o estilo de Daniel Acuña (mais alien do que aquilo, impossível). Adoro essas viagens que fogem do convencional.

O segundo arco, na minha opinião, é muito confuso e eu sei que provavelmente os leitores mais antigos saberão quem são todos aqueles personagens e vilões que aparecem. Mas quero ilustrar com isso que às vezes alguns personagens devem ser reintroduzidos para que leitores novos não fiquem perdidos, principalmente quando a série é relançada e procura (como todas as outras) angariar o maior número possível de novos leitores. Nesse sentido Geoff Johns poderia ter sido um pouco mais cuidadoso.

O arco “A Vingança dos Lanternas Verdes” tem todos os elementos que me fazem gostar de ficção científica. Adoro histórias no espaço e o planeta dos Caçadores ficou muito bem retratado. Aliás, conforme já foi dito, esse é o arco que inicia a arte do brasileiro Ivan Reis na revista. A partir da edição 11, muda o arte-finalista (sai Marc Campos e entra Oclair Albert, infinitamente melhor) e os desenhos ficam muito mais agradáveis. Na verdade, os desenhos de Ivan Reis são excelentes e não perdem em nada para os desenhistas que o precederam no título. Ivan consegue construir seqüências muito boas de ação e o ritmo que ele imprime nas cenas de ação é perfeito para o que a história pede.

Já no arco “Hal Jordan: Procurado”, achei que os seres que vão ao encalço de Hal Jordan em busca da recompensa de Amon Sur se atropelam, dos Caçadores sem Face de Saturno aos Dominadores (estes coitados, não tem a menor relevância na história).

A convocação da Tropa Sinestro foi lenta e muito bem desenvolvida ao longo dessas vinte edições, o que prova mais uma vez o que é um bom planejamento editorial de longo prazo num título regular (sem aqueles semestrais eventos “muda tudo” de última hora). Na pequena série dos “Contos”, os desenhos de Dave Gibbons ajudaram e muito a dar um ar assustador ao planeta Qward e a Guardião do livro, Lyssa, parece uma figura de filme de terror (principalmente segurando aquele livro acorrentado a ela).

Sobre Hal, é interessante notar como ele tenta como pode mudar seu jeito “irresponsável” de ser com relação às pessoas à sua volta. Temos a questão do seu irmão e, no arco da Safira Estrela, os seus casos amorosos. Volto a dizer: achei espetacular uma cena aparentemente normal em que Hal descobre que Carol Ferris havia pedido divórcio. Daniel Acuña desenhou um belo sorriso em Carol que revela que, mesmo incerta de que ela e Hal ficarão juntos, a esperança fez com que ela se separarasse do marido em busca de uma incerta felicidade. Adorei isso, mas não passa de uma impressão pessoal minha.

Todas as edições da revista contaram com bons desenhistas (o único mais fora de foco deles foi Simone Bianchi, que depois passou a assinar as capas das edições posteriores, algumas muito boas por mais contraditório que eu pareça). Desses, o meu preferido é Carlos Pacheco que, ironicamente, desenhou as edições mais medianas.

Enfim, a revista só cresceu em qualidade com o tempo e a partir de agora, finalmente, começa a tão bem falada Guerra da Tropa Sinestro.

Abraço a todos!

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

The Amazing Spider-Man 224-227: Duelo de Máscaras!

The Amazing Spider-Man 224-227.

Roteiro: Roger Stern
Desenhos: John Romita Jr.
Arte-final: vários
Marvel Comics.

E agora sim se inicia a fase de Roger Stern e John Romita Jr. na revista The Amazing Spider-Man. Nessas primeiras quatro histórias, veremos o confronto com o Abutre, o Matador de Idiotas e a volta da Gata Negra. Esta última história, em duas partes é, de longe, a melhor trama desse início.

A seguir, apresentarei um resumo sobre todas as quatro edições e deixo para tecer meus comentários ao final.

"Asas para a Eternidade" (The Amazing Spider-Man 224, janeiro de 1981).

Peter Parker fala ao telefone com sua Tia May e marca de jantar com ela e seu noivo, Nathan Lubensky, no sábado. Logo em seguida, põe seu uniforme de Homem-Aranha e sai para “esticar os músculos”. Seu sentido de aranha o alerta sobre algo acontecendo a alguns quarteirões dali e, assim, ele consegue evitar um assalto a Banco.

Enquanto isso, no Hospital Bellevue, Adrian Toomes (o Abutre), é levado para a sua primeira sessão de fisioterapia. O guarda que o acompanha ajuda a acabar com a auto-estima do vilão. Lá, ele conhece o noivo da Tia May, Nathan, e depois de uma conversa sobre o valor que se deve dar à vida, mesmo na terceira idade, Adrian decide voltar à ativa. Usando umas peças espalhadas pelo chão da sala de fisioterapia, ele constrói novas asas e volta a ser o Abutre.

No Clarim, após perder a revelação se suas fotos do assalto pela interrupção de John Jameson e do fotógrafo Bannon, Parker fica sabendo sobre o retorno do Abutre. E assim, se inicia uma série de crimes cometidos pelo vilão.

O Abutre se esconde no Asilo Lar Feliz, coincidentemente o mesmo em que Nathan e Tia May residem. Nathan o convida para uma sessão de pôquer e ele aceita, já com seus trajes civis. O Homem-Aranha desiste de procurar o Abutre e vai ao encontro marcado com a tia.

Lá, ao se aproximar de Adrian Toomes, seu sentido de Aranha dispara. Quando é apresentado por Nathan a ele, o Abutre supõe que foi reconhecido por Peter porque este trabalha como fotógrafo. Sob a ameaça de uma arma escondida, o vilão leva Peter até um aposento e o amarra.

Como se trata do Homem-Aranha, ele se liberta facilmente das cordas quando está só e assim inicia-se uma luta entre os dois. Depois de muitas cenas de ação, o Abutre usa Nathan como escudo humano mas, assim que descobre que é o seu mais recente amigo, o liberta e foge. Antes que a Tia May morra de preocupação, Peter ressurge e diz que foi capturado pelo Abutre. E assim, os três vão jantar.



"Loucura Assassina" (The Amazing Spider-Man 225, fevereiro de 1981).

Dois agentes do FBI estão à procura do Matador de Idiotas. Um deles mostra um cartão do Matador escrito: “O Matador de Idiotas. Você tem 24h de vida. Aproveite-as bem ou morra como um IDIOTA”. Hehehe... Os dois são mortos logo em seguida pelo vilão que inicialmente planejava matar todos os idiotas mundo, mas, como ele mesmo diz, como é uma tarefa impossível, ele mataria apenas os MAIORES idiotas. Tsc...

Já na Universidade Empira State, onde Peter Parker dá aulas como professor-assistente, ele conversa com o estudante Greg Salinger, que diz que a Secretaria da universidade não encontrou o documento necessário para que ele receba sua bolsa de estudos.

Na cena seguinte, o Matador vai atrás do escrivão da Universidade, Harvey McNamara. O Matador fica furioso ao saber que o escrivão não recebeu seu cartão (um igual àquele do início da história), e culpa os correios (ou seja, encontrou outro idiota, heheh...). O Homem-Aranha impede que o escrivão seja assassinado, persegue o Matador, mas este consegue fugir.

No seu esconderijo, o Matador surta e grita seus propósitos malignos: "Vou eliminar todos os idiotas da face da Terra!". Hehehe...

No Clarim, Peter descobre por Robbie Robertson sobre os objetivos do Matador e questiona o quão impreciso é o conceito de “idiota”.

Depois de uma busca sem resultados pelo vilão, Peter volta para a Universidade e se encontra novamente com Greg Salinger. Antes de se cruzarem, o sentido de aranha dispara, mas pára logo em seguida quando Greg vê Peter. Depois de dizer para Peter que havia mandado dois cartões e que um deles enviado à Universidade não havia chegado, Salinger fica sabendo sobre a inoperância do Departamento de Correspondências da universidade (aí estão os verdadeiros idiotas). Assim que se despedem, o sentido de Aranha volta a zumbir.

E assim, o Matador aparece no Departamento e começa a atirar nas pessoas. Logo, o Homem-Aranha aparece e depois de uma boa luta, uma moradora de rua diz ao Matator que só um idiota enfrentaria o Homem-Aranha. Nisso, o Matador concorda com a maltrapilha, surta novamente e decide se matar por se considerar um idiota de marca maior. Concordo com ele.

Previsivelmente, o Homem-Aranha arranca a máscara do vilão e a identidade do Matador é mesmo a de Greg Salinger. Greg é contido pelo Aranha e é levado a um hospital psiquiátrico... longe de idiotas!



"Duelo de Máscaras" (The Amazing Spider-Man 226, março de 1981).

A história se inicia no Hospital Mitchell State, local onde Greg Salinger, o Matador de Idiotas da história anterior, é levado. Nesse hospital psiquiátrico, encontramos Felícia Hardy, a Gata Negra, que também está internada.

Ela conta à enfermeira sua história como a Gata Negra e sua ligação com o Homem-Aranha. Logo em seguida, ela diz à enfermeira que se fez passar por louca porque seria mais fácil escapar de um hospital do que de uma prisão. Ela rende a enfermeira e foge.

A Tenente Jean Dewolff encontra com o Homem-Aranha na rua e o informa sobre a fuga da Gata Negra do hospital. Entrementes, a Gata Negra realiza um furto em uma residência luxuosa e rouba um quadro valioso de um chefão da organização Maggia, chamado Phil Bradshaw.

Depois de se sentir bastante carente em uma lavanderia, Felícia descobre um jeito de chamar a atenção do Homem-Aranha, ao ver um desenho num jornal. Ela contrata um avião para escrever uma mensagem no ar. Porém, Peter só descobre essa mensagem quando vê uma reportagem na TV, depois de uma aula na universidade.

Quando se encontram, o Homem-Aranha promete levar a Gata Negra à prisão. Mas esta diz que só rouba dos muito ricos e que seu último roubo era um quadro de um chefe da Maggia, uma organização mafiosa. O Homem-Aranha não concorda com os atos da Gata Negra e diz que se ela for realmente se redimir, ela deve se entregar às autoridades. Ela então escapa das mãos do aracnídeo e deixa um bilhete informando o herói sobre um baile promovido por Phil Bradshaw, e um tubo contendo o quadro roubado. A partir daí, o Aranha começa a se questionar sobre a regeneração da Gata Negra.

Jean Dewolff informa o Aranha de que o quadro deixado pela Gata Negra foi roubado há mais de um mês por Phil Bradshaw, mas o Homem-Aranha não revela como encontrou o quadro para poupar Felícia.

No baile, Felícia e o Aranha se encontram. Num determinado momento, Phil Bradshaw reconhece a Gata Negra e tenta capturá-la. A partir daí, inicia-se uma luta entre os capangas do chefe da Maggia com o Homem-Aranha e a Gata Negra. Quando tenta escapar, Phil Bradshaw é surpreendido com uma batida policial promovida pela Tenente Jean Dewolff.

Encima de um prédio, Peter não resiste e acaba cedendo aos encantos de Felícia e, assim, os dois se beijam.



“Beco sem saída” ( The Amazing Spider-Man 227, abril de 1981).

O Homem Aranha fica bastante chateado com a manchete do Clarim, que omitiu a presença da Gata Negra na história do baile da edição anterior. Ele rapidamente evita um assalto e vai até a Delegacia Central da cidade tirar satisfação com a Tenente Jean Dewolff, a fonte da matéria jornalística.

Ele tenta limpar a barra da Gata Negra mas a tenente, aparentemente, não se convence. Aparentemente, frise-se, como veremos ao final dessa história.

Peter se questiona sobre os seus casos amorosos e se dirige ao apartamento de Felícia. Lá eles discutem em razão de Felícia sugerir a formação de um “pecúlio” do casal (hehehe...) por meio de roubos. Peter se revolta mas Felícia diz que vai deixar a cobiça de lado.

Na universidade, Peter aparece com cara de apaixonado e, mesmo atrasado, faz todo o trabalho pendente em questão de poucos minutos. Ou seja, Peter é gente como a gente.

Enquanto isso, a Gata Negra não resiste à sua compulsão por roubar e inicia um furto à uma galeria de arte. Mas, do lado de fora, está o Homem-Aranha que descobriu onde ela estaria depois de ter passado no apartamento dela.

O dono da galeria (outro mafioso) aparece e inicia-se uma nova luta dos dois contra os capangas. Logo depois, a Gata Negra foge, mas o Aranha consegue alcançá-la. Quando ela tenta fugir em um barco nas docas, ela é envolvida pelas teias lançadas pelo aracnídeo. Por relutar em ir para a prisão, ela se joga no mar, dizendo prefere morrer do que isso. O Homem-Aranha passa um bom tempo procurando seu corpo, sem sucesso.

A tenente Jean Dewolff aparece no local e diz que conversou com o promotor do caso de Felícia e que havia conseguido liberdade condicional para ela. Mas por pensar que perdeu seu mais recente caso amoroso, o Aranha joga os papéis no mar e permanece em silêncio, desolado.


Essas quatro histórias iniciais de Roger Stern na revista do Aranha são bastante simples, mas muito divertidas. A história “Asas para a Eternidade”, com o Abutre, é um exemplo claro de como uma aventura poderia ser contada em apenas uma edição, com começo, meio e fim. Mesmo com poucas páginas para se trabalhar, presenciamos muita coisa acontecer, desde a fuga do vilão do hospital, até o confronto com o Aranha. Ficou tudo muito bem amarrado e histórias curtas (e divertidas) como essa é algo raro de se ver nos dias de hoje, com tramas de no mínimo seis partes para se formar futuramente um encadernado.

Mas Stern não está (ninguém está) imune a críticas. A história “Loucura Assassina”, com o Matador de Idiotas é muito... idiota. O objetivo do vilão é vago como o próprio Peter revela. Não quero dizer com isso que toda história tem que “mudar tudo” ou apresentar vilões clássicos. Claro que se deve buscar, sempre, criar novos personagens e desenvolver os já existentes, mas desde que tenham uma boa história ou objetivos plausíveis. Matar idiotas é muito sem sentido. No mais, serve para dar algumas risadas.

“Duelo de Máscaras” e “Beco sem saída” é a melhor trama até aqui, conforme já havia dito anteriormente. A Gata Negra é uma das personagens do universo do Homem-Aranha mais interessantes, na minha opinião. Pena que nem mesmo suas aparições recentes na revista despertam o mesmo interesse de histórias como essa. Seu caso amoroso com o Aranha é bem desenvolvido, e fica aquela questão do romance entre o herói e a vilã (ela se encaixa, em termos, nessa categoria). Fazendo uma comparação bastante grosseira, é algo semelhante ao que já ocorreu com o Batman e a Mulher-Gato.

Felícia sempre foi retratada como uma mulher geniosa, de personalidade forte, o que mereceu grande admiração por parte dos leitores. No futuro (notadamente na era do uniforme negro), ela ganharia ainda maior destaque nas histórias, por participar como a parceira e namorada do Homem-Aranha. Nos anos 90, ela se perderia no meio de muitas histórias ruins para, quem sabe, um dia voltar a ser tão interessante como antes.

O cineasta Kevin Smith bem que tentou trazer a magia da personagem de volta. Ele inicialmente escreveria a mini-série "Homem-Aranha & Gata Negra: o mal que os homens fazem" e, logo em seguida, escreveria a revista Amazing Spider-Man e uma nova mensal da Gata Negra. A mini-série atrasou por anos e tudo acabou terminando nela mesma, de modo que o que viria a seguir não passou do plano das idéias.

No que se refere aos desenhos, John Romita Jr. possuía um traço muito simples, com algumas expressões que lembram muito o estilo do seu pai. Particularmente, gosto do traço dele dessa fase antiga no Aranha (e também nos X-Men), mas seu estilo atual também me agrada bastante. Porém, acho que hoje seu estilo não combina com determinados tipos de personagens, como o Homem de Ferro (que ele também já ilustrou em duas diferentes épocas).

A seguir, nas próximas resenhas do Homem-Aranha, veremos o melhor confronto que o herói já teve contra o Fanático. Mas, antes disso, devo escrever sobre a origem deste vilão na série clássica dos X-Men.

Abraço a todos!

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Os X-Men 11: O triunfo de Magneto!

"O triunfo de Magneto!"
(The X-Men 11, maio de 1965)

Roteiro: Stan Lee
Desenhos: Jack Kirby
Arte-final: Chic Stone
Marvel Comics.

Os X-Men atendem ao chamado do alarme de emergência acionado por Ciclope. Eles tentam ver um suposto mutante dectectado pela mais nova geringonça de Xavier: o novo Radar Visualizador. Porém, o nível de energia desse ser misterioso é tão grande que eles não conseguem identificá-lo. O radar deve ter custado uma nota e já estréia falhando. Morrendo de medo desse suposto mutante se aliar a Magneto, os X-Men decidem procurá-lo, não sem antes Bobby e Hank terem mais um momento de disputa um com o outro.

Enquanto isso, longe dali, um homem estranho(!) aluga um quarto em um hotel da cidade. A dona do hotel pede o tutu adiantado, e o Estranho indaga: "Tutu?". Hehehe... Hilário! Depois de saber que "tutu" significa dinheiro, ele é deixado em paz e decide caminhar pela cidade. O Estranho começa a flutuar para evitar o fluxo de pessoas, o que acaba chamando muito a atenção das pessoas. Ele tenta se esconder e se sente atraído a um prédio que o leva diretamente a Magneto e sua Irmandade de Mutantes. Tava demorando... Magneto diz que estava à sua espera.

Entrementes, os X-Men iniciam a busca pelo Estranho na cidade. Ciclope aborda dois policiais indagando acerca do Estranho e isso leva os policiais a suspeitarem de Scott por usar óculos escuros em um dia nublado. Eles tentam tirar os óculos à força (incrível como todos tentam fazer isso com o coitado) e acabam conseguindo, mas isso faz com que as rajadas ópticas sejam disparadas. Antes que algo mais grave aconteça, o Fera salva seu amigo e os dois vão ao encontro do Homem de Gelo.

No milésimo esconderijo de Magneto, o Estranho indaga o vilão sobre os motivos pelos quais ele está sendo contatado. Magneto, todo arrogante, diz que o Estranho deve se juntar à sua Irmandade e obedecê-lo, e, talvez para impressioná-lo, faz uma demonstração de seu poder. Logo em seguida, o Mestre Mental faz o mesmo. O Estranho pára a brincadeira dos dois e transforma o Mestre Mental em um bloco sólido.

Os X-Men ouvem todo o furdúncio e vão em direção ao prédio. Lá inicia-se uma nova luta entre os X-Men e a Irmandade de Mutantes. O Estranho, Magneto e Groxo saem de cena em um cone de energia criado pelo primeiro. Enquanto o Homem de Gelo congela Mercúrio, a Feiticeira Escarlate joga o teto do andar encima do Fera, mas este usa seus dons acrobáticos para rodopiar o teto(!!!) como se fosse uma bola de circo.

Muito enciumada, Jean ataca a Feiticeira Escarlate mas esta diz que seus dias na Irmandade acabaram. Ciclope liberta Mercúrio e os dois vão embora, impunes, porém decididos a não cometer mais crimes. Eles recusam o convite de se jutarem aos X-Men e partem para a Europa.

Em uma mata deserta, o Estranho aciona a "dissolução", deixando ele, Magneto e Groxo de volta ao plano terreno. Magneto volta com seu discurso arrogante e Estranho fica irritado e cobre ele e Groxo com uma "película antimagnética".

Enquanto isso, na base dos X-Men, Xavier detecta vida no corpo solidificado do Mestre Mental, porém diz que suas moléculas foram modificadas por Estranho. No X-Licóptero (hehehe, brincadeira, não existe esse nome), eles vão atrás de Estranho que revela que veio das Estrelas e que seu povo possui interesse em mutações. Ele diz que veio coletar espécimes mutantes para seus estudos e assim leva Magneto e Groxo com ele para o espaço e promete que eles jamais voltarão. Uma baita mentira, como veremos em breve.

Guardas aparecem e os X-Men fogem no helicóptero, enquanto um Fera saltitante hipnotiza os policiais com seus saltos. Na Mansão X, Xavier tira os adesivos de Magneto, Groxo e Mestre Mental de Cérebro por estes não representarem mais ameaças mas, logo em seguida, Cérebro começa a piscar como nunca por ter detectado uma nova ameaça... "o perigo mais grave e mortal" que os X-Men já encararam... que será revelado na próxima edição como o Fanático! "Nunca vi um mero equipamento eletrônico acusar uma condição tão aguda de pânico". Que legal, uma máquina que sente pânico. Mas o Fanático não é mutante, então como o "detector de mutantes" detectou a "ameaça" do Fanático?!? O Cérebro, mesmo em pânico (hehehe...), detecta ameaças ou mutantes no final das contas? Enfim, sintam o desespero da pobre máquina no final desta resenha.

Eu confesso que estou gostando cada vez mais dessas aventuras antigas. O título dessa edição é bastante irônico, porque realmente Magneto é o primeiro a contatar o Estranho, antes de Xavier e seus pupilos (e se dá mal!). Tem muita coisa sem noção que acontece nas histórias, alguns absurdos que chegam a ser motivos de boas risadas. O padrão dessa história segue o mesmo das anteriores, ainda mais levando em conta que a Irmandade de Mutantes reaparece.

O Estranho é outro tipo de personagem que não tem nada a ver com o universo dos X-Men. A descrição sobre o que ele é dada de forma muito vaga nesta história. Em Fantastic Four 116, descobrimos que ele é um ser cósmico formado pela fusão de todos os habitantes do planeta Gigantus. Já em Quasar 16, nos é dito que o Estranho é um vivisseccionista cósmico com conexões com o Tribunal Vivo. Uma terceira explicação sobre sua origem ocorre na mini-série X-Men Eternamente (de Fabian Nicieza e Kevin Maguire), publicada aqui nas primeiras edições da revista X-Men Extra (para terem uma idéia da "conexão" entre o Estranho e os X-Men, eles só voltariam a se encontram nesta mini-série de 2001). Nela, é revelado que o Estranho tem como objetivo formar um novo universo, e, para isso, ele procura acelerar a evolução da humanidade. Assim, ele ocupará o lugar de Galactus no novo universo a ser criado. Quanta confusão desnecessária...

Esta é a última edição efetivamente desenhada por Jack Kirby, o que é uma pena pois aprecio cada vez mais o traço simples e prático dele. Até a edição 17, ele fará apenas os esboços das histórias.

Abraço a todos!

Primeira aparição: Estranho.

Wolverine: Arma X (por Barry Windsor-Smith).

"Arma X"
(Marvel Comics Presents 72-84, entre fevereiro e agosto de 1991)

Argumento e Desenhos: Barry Windsor-Smith
Marvel Comics.

A história começa com Logan fazendo planos para ir até Yukon, enquanto um novo personagem que será chamado apenas de Professor contrata um médico chamado Dr. Cornellius, fugitivo do FBI por ter realizado procedimentos ilegais, e Carol Hines, uma funcionária da NASA, a fim de desenvolver o Experimento X, um programa que seria desenvolvido no Canadá.

No caminho até Yukon, Logan para em um bar para tomar alguns drinks e, quando volta ao seu carro (um Lotus 7), é emboscado por três agentes do Experimento X. Depois de uma luta intensa tentando resistir ao ataque, Logan recebe uma dose cavalar de sedativos e finalmente é contido e levado pelos agentes até o laboratório onde seria realizado o programa.



Transportado até as instalações do programa Experimento X, Logan é raspado da cabeça aos pés, ligado a tubos e dispositivos médicos e é submerso em um líquido medicinal. Assim, utilizando-se de tubos de alimentação, o Dr. Cornellius inicia a execução do projeto de implante do metal chamado adamantium nos ossos de Logan.



Carol Hines observa que, em menos de 20 minutos, os cabelos de Logan voltaram a crescer e que todas as escoriações que ele sofreu durante o seu seqüestro já haviam sido cicatrizadas. O Dr. Cornellius conclui então que Logan é um mutante com fator de cura, o que leva à implantação de mais adamantium do que o que foi inicialmente planejado.

Executado assim o implante do metal, o Professor se dirige a uma sala vazia e contata seus superiores, reclamando dos motivos pelos quais não tinha sido informado de que Logan era um mutante com poderes regenerativos. Enquanto isso, três garras de metal retráteis nascem das mãos de Logan. Sob o comando do Professor, um agente vai ao local verificar o que aconteceu e acaba sendo morto em segundos pelas garras de Logan, ao som de um “Magnífico” do Professor.



Após a morte do jovem agente, Logan atravessa a janela que liga ao laboratório onde os principais executores do Experimento X estão (Dr. Cornellius e outros), mas perde os suportes de vida e cai desfalecido. Após o choque, o Professor explica ao Dr. Cornellius sobre os mutantes e da verdadeira natureza de Logan:

“Entenda... essa “coisa infernal” é o que Logan sempre foi... um indivíduo extremamente violento... abrindo caminho à força por sua vida sem sentido... diferenciando um dia do seguinte pelos padrões mutáveis dos hematomas das brigas embriagadas da noite anterior. Mas inexplicavelmente, os ferimentos se curavam e sumiam antes do meio-dia e de sua primeira cerveja. Duvido que ele já tenha tido ressacas. Logan suportou isso todos esses anos... padecendo de um destino que emanava de suas entranhas... enfrentando uma sina decretada pela natureza! (...) Mas, agora, seu demônio está livre... liberado pelo Experimento X. Assim... o duplo id é suplantado pelo superego e todos os instintos primais de Logan estão focados e resolvidos. E o que você vê neste momento, Doutor... é a mais formidável arma tática jamais concebida.”


Como conseqüência dos implantes de adamantium, os instintos de Logan ficam cada vez mais bestiais. Assim, o Dr. Cornellius constrói uma máquina de audio-visual capaz de controlar as ações de Logan por meio de comandos vocais dados por um microfone.



O Professor testa o novo sistema e este tem uma sobrecarga, e assim, com a inversão do fluxo de informações, imagens das alucinações de Logan aparecem na tela dos executores do projeto, enquanto Logan grita como um animal irracional. Logan joga Carol Hines e sai em direção ao Professor. Assim que é contido por guardas do laboratório que usam tranqüilizantes, o Professor se queixa sobre os riscos desse programa. Na tela do laboratório, aparece uma imagem do subconsciente de Logan: o Professor morto pelas suas garras.

Mais precavidos dessa vez, os executores do Experimento X iniciam outro teste, num campo nevado do Canadá. Logan é colocado em confronto com três lobos. Inicialmente, todos pensam que ele será morto porque não reage aos ataques. Mas passado algum tempo, todos os lobos são feitos em pedaços. O Professor determina que Logan durma sob a neve e diz que ainda tem mais muitos projetos para a Arma X.

Os testes continuam, e agora Logan é submetido a mais procedimentos a fim de que eles tenham o completo controle sobre seus atos. Agora, ele pode ser “desligado” por meio dos comandos da fonte de alimentação. O Dr. Cornellius diz ao Professor: “Quando tudo está ligado... Logan é seu... Quando está desligado, como agora... é um pedaço de carne morta. Queria isso... é o que tem”. Como um teste para ver a veracidade do que o Dr. Cornellius acabou de dizer, o Professor joga seu café no rosto de Logan, sem que este tenha qualquer tipo de reação.

Avançando no procedimento, o Professor e o Dr. Cornellius agora criam uma realidade virtual para testar as reações de Logan em situações extremas. Além de toda a parafernália de implantes e fiações, agora Logan também usa um capacete de realidade virtual. Logan confronta um enorme urso e o mata em questão de momentos. Ao ser devolvido à sua cela, Logan mata o vigilante e escapa em direção ao laboratório.

Os misteriosos superiores do Professor assumem o controle da Arma X e fazem com que Logan vá atrás dele. No caminho, Logan mata uma meia dúzia de guardas, e utilizando-se do seu olfato aguçado, consegue rastrear o Professor e invade o local onde ele está. Logan abre um buraco no chão e logo em seguida corta uma das mãos do Professor.

Vinte guardas entram na sala, dando tempo do Professor escapar pelo corredor. Carol Hines e o Dr. Cornellius ajudam como podem nos ferimentos do Professor, enquanto a Arma X massacra os guardas.



O Professor, Dr. Cornellius e Carol Hines fogem em pânico e se trancam no reator de adamantium à espera de Logan. O Professor tenta contatar seus superiores para buscar ajuda, enquanto o Dr. Cornellius se arma com um rifle. Ambos são surpreendidos por Logan, que aparece coberto de sangue, atravessando as paredes e com suas garras prontas para atacar.

Logan avança para atacar e, com um empurrão do Professor, o Dr. Cornellius atira várias vezes com sua arma, o ferindo. Ao se aproximar dele, Logan ataca o Dr. Cornellius e desfere um golpe mortal com suas garras.

O Professor e Carol Hines fogem para o reator. O Professor planeja então matar Logan abrindo as comportas de fissão do reator mas, para isso, Logan deve estar no centro do fosso de exaustão. Assim, ele usa Carol Hines como isca, empurrando-a impiedosamente para o local indicado. Logan aparece no reator e sai em direção a ela. Mas, ao contrário do que se pensava, ele não a mata. Está atrás apenas do Professor, já que este também representou uma ameaça para ele.

O Professor abre as comportas de fissão, e ambos tentam escapar das queimaduras. Mesmo muito ferido, Logan vai até a sala onde se encontra o Professor, e com o pouco de sanidade que lhe resta, diz a ele que é um homem, o que, na minha opinião, é a cena mais tocante de toda a saga. Logan então decepa a outra mão do Professor e, logo depois, crava suas garras em seu crânio. Ele carrega o cadáver do Professor e o joga no centro do fosso de exaustão, já em chamas.

Logan desfalece novamente. Quando acorda, encontra a mão decepada do Professor e o corpo do Dr. Cornellius. Quando começa a perceber que foi o responsável por toda essa chacina, ele começa a perder novamente sua sanidade. Logan sai do laboratório e encontra-se frente a frente com um tigre siberiano. Os dois lutam ferozmente e Logan sai mais uma vez vitorioso.

Logo em seguida, dois homens aparecem para levá-lo de volta à sua cela. A partir daí descobrimos que desde que ele começou a usar o capacete de realidade virtual, tudo o que ocorreu posteriormente foi parte de um teste elaborado pelo programa Experimento X. Assim, o Professor, Dr. Cornellius e Carol Hines não foram mortos, como foi mostrado nos capítulos passados. O Professor e Dr. Cornellius se parabenizam pelo sucesso do teste, mas logo em seguida descobrem que os dois guardas que levariam Logan à sua cela foram mortos pelo Arma X. De repente, a porta onde eles estão se rompe e Logan aparece frente à frente dos três.

No epílogo, Logan aparece completamente nu andando no inverno de uma selva canadense, enquanto que, na caixa de texto, o Dr. Cornellius e Carol Hines lamentam-se por ter se envolvido no programa.




Conforme consta nos créditos, a saga Arma X foi publicada originalmente na revista Marvel Comics Presents, das edições 72 a 84, no ano de 1991, sendo escrita e desenhada por Barry Windsor-Smith. Nessa época, conta ele, Chris Claremont, escritor de longa data dos X-Men, já tinha em mente uma idéia sobre quem seria o responsável por tornar Wolverine o que ele é (um mutante com garras e esqueleto revestido de adamantium). Barry Smith relata que Claremont se sentiu chateado por ter sido privado disso, mas ressalva que no seu projeto ele não deixou claro quem está por trás de todo o programa Experimento X. Disse o renomado autor:

“Nós nunca chegamos a ver quem é o principal responsável desta série. Existe uma outra autoridade por trás deste trabalho. Ela nunca é vista, você não ouve falar dela. Eu nunca explico quem ela é. Lá estão pistas quanto ao que poderia ser.” (em “Secrets of Weapon X", Comics Scene n. 18)

Isso deve ter amenizado, em parte, a chateação de Claremont. Aliás, Barry Windor-Smith já colaborou com Chris Claremont em algumas edições da revista Uncanny X-Men, normalmente como artista convidado, quando os desenhistas oficiais da revista tiravam algum tempo de descanso (ou corriam para cobrir os prazos, algo raro naquela época).



A saga Arma X é uma trama que julgo densa e, sem querer parecer forçado, bastante adulta, ao compararmos com o nível das histórias que eram publicadas naquela época dentro do gênero super-heróis. A impressão que eu tive é que se parece como um filme de suspense/terror, sem mocinhos, em que o experimento sai fora de controle e, a partir daí, se instaura o caos ao longo da projeção. Nesta saga, algo semelhante acontece, e para aqueles que sentem algum carisma por Wolverine, provavelmente ficaram comovidos pela forma com que ele foi tratado.

À primeira vista, parece um pouco difícil acompanhar o desenvolvimento da história, já que Barry Windsor-Smith mistura quadros alternando presente e futuro, com diálogos em forma de recordatórios, mas, sob um olhar mais apurado, tudo é elaborado de forma bastante coerente e coesa.

Os desenhos estão muito bons e condizem perfeitamente com o clima da história. Particularmente, gosto muito da arte de Barry Smith, com um estilo próprio que, no entanto, pode desagradar algumas pessoas.



Os mistérios ou tramas que ficam em aberto também abrem brechas para mais histórias. No meu ponto de vista, deveria permanecer assim, porque não é raro que autores medíocres tentando o sucesso, resolvam mexer em obras clássicas, a fim de deixar seus nomes marcados na "história" e, não raras, acabam arruinando excelentes tramas do passado.

Assim, fica aqui o meu registro sobre a desnecessidade de mexer nesta obra, que, obviamente, não foi o que aconteceu posteriormente, já que inúmeras outras histórias do velho canadense revisitaram o conceito.

Abraço a todos!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

The Amazing Spider-Man 206: No abismo da loucura!

"No Abismo da Loucura"
(The Amazing Spider-Man 206, julho de 1980)

Roteiro: Roger Stern
Desenhos: John Byrne
Arte-final: Gene Day
Marvel Comics.

A partir daqui, começo a escrever sobre uma das fases mais notórias que o Homem-Aranha já teve. Trata-se da fase escrita pelo outrora editor Roger Stern, com desenhos de John Romita Jr. Mas antes de começar sua temporada no título, Stern havia escrito a edição 206 da revista Amazing Spider-Man com desenhos de seu colaborador e amigo John Byrne. Portanto, comecemos por ela para que não fique faltando esta primeira edição escrita por ele.

A história começa abordando o colapso nervoso de John Jameson, nessa época, ex-editor do Clarim Diário. Graças ao Projetor de Raios Mentais do Dr. Jonas Harrow (criador dos vilões Cabeça de Martelo, Canguru e Fogo Fátuo), o estado mental de Jameson foi se deteriorando ao ponto de causar a sua demissão do Clarim e afastamento de seus amigos. Nesse momento, ele se encontra capturado por Harrow que, almejando levar os homens à loucura e derrotar diretamente o Homem-Aranha, projeta seu maquinário para o Clarim Diário.

Peter Parker aparece para fazer uma visita ao seu antigo emprego (nessa época ele fotografava para o Globo Diário), quando todos os empregados do Clarim começam a agir de modo estranho por conta do projetor. Até mesmo Peter perde o controle sobre seu estado mental, mas ainda assim consegue fazer com que as pessoas saiam do prédio. Com seu sentido de aranha, ele localiza e destrói o projetor e, logo em seguida, é contatado por Jonas Harrow, que se apresenta e o chama para o combate.

Após o confronto indireto entre o Homem-Aranha e o Dr. Harrow, John Jameson é salvo mas culpa o Homem-Aranha por quase ter sido morto por um tiro desviado por este. E assim, as coisas permanecem como antes, com Jameson odiando o Homem-Aranha mais do que nunca.

Os desenhos de John Byrne estão muito bons. Aliás, na minha opinião, nos anos 80, Byrne reinou absoluto, sendo meu desenhista preferido deste período, por mais que existissem outros nomes por quem eu aprecie muito o trabalho realizado, como Arthur Adams e Frank Miller. Mas, para mim, Byrne tinha um storytelling perfeito e um estilo que casava perfeitamente com a "casa das idéias". Nessa época, também, Byrne não economizava esforços para caprichar, o que mostra uma visível diferente entre os desenhos dele de outrora com os atuais que ele produz.

Enfim, trata-se de uma história simples, divertida e bem desenhada que, ao contrário dos dias de hoje, começa e termina na mesma edição (salvo raras exceções).

Depois dessa edição 206, Roger Stern voltaria na 224 da revista Amazing Spider-Man, iniciando a sua fase com o retorno do Abutre, e já com a colaboração de John Romita Jr. nos desenhos. Uma fase memorável que será relembrada nesse mês de novembro.

Abraço a todos!

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Wolverine (v.3) 50-55: Evolução.

“Evolução”
(Wolverine v.3 50-55, a partir de janeiro de 2007)

Roteiro: Jeph Loeb
Desenhos: Simone Bianchi
Arte-final: Simone Bianchi e Andrea Silvestri
Marvel Comics.

Quando Jeph Loeb declarou que assumiria os roteiros da revista regular do Wolverine, duas conclusões já se poderiam chegar antes mesmo da revista ser lançada: a revista venderia muito e a história tinha tudo para ser ruim. E foi exatamente isso o que aconteceu.

Jeph Loeb é um escritor muito prestigiado no mercado quadrinístico norte-americano, e também atuou como produtor executivo de seriados televisivos como Smallville, Lost e Heroes (deste último, foi despedido no último domingo). Normalmente ele trabalha apenas com desenhistas populares como, por exemplo, Jim Lee, Tim Sale, Michael Turner e, no presente caso, Simone Bianchi, e costuma assumir diversos encargos ao mesmo tempo (alguns desenhistas famosos pelos atrasos falam que ficam à espera dos roteiros dele, como já declarou J. Scott Campbell sobre um talvez já morto projeto com o Homem-Aranha).

O título Wolverine (volume 3), por sua vez, desde a entrada de Mark Millar, se tornou um emaranhado de mini-séries contidas dentro dele. Assim, Daniel Way contou o seu “Origens e Destinos” e partiu logo em seguida pra revista Wolverine Origins; Loeb criou o seu arco “Evolução”; Marc Guggenhein escreveu “Logan Dies” e isso continua corriqueiro até hoje com Mark Millar de volta para um único arco, “Old Man Logan”. Os fãs do personagem reclamam da falta de planejamento a longo prazo para o título, algo que, na minha opinião, é plenamente justificável.




Evolução é uma história sem pé nem cabeça, que o leitor não gasta muito mais do que cinco minutos em cada uma das suas seis partes. Mistura um emaranhado de personagens do Universo Marvel, com aquele ar de participações especiais à cada edição.

A premissa trata de uma espécie humana derivada dos lupinos: o lupus sapiens, nas palavras de Tempestade. Uma teoria “interessantíssima”, como ela mesmo tenta induzir o leitor. Assim, Wolverine passa as seis edições divagando no meio de sonhos em que ele vê essas espécies de lupinos lutando e sempre um deles sai vitorioso com relação ao outro (os desenhos deixam um pouco claro a semelhança entre o lupino vencedor com Logan e o perdedor com Dentes de Sabre).

Por não concordar com a presença de Victor Creed (Dentes de Sabre) na Mansão X, Logan o chama para a briga e, combinado com vários flashbacks, os dois passam todo o arco lutando um contra o outro. A “trama” posteriormente revela que tudo não passou de uma armação de Romulus, um personagem misterioso (no mau sentido) responsável pela teoria conspiratória interminável que o escritor Daniel Way desenvolve em Wolverine Origins.

Assim, depois de muito lutar (seis edições é um exagero), os dois finalmente tem sua enésima batalha final. Para dar um ar de definitividade nesse confronto, Creed literalmente perde a cabeça. Todos os mistérios acerca de Romulus ficam em aberto, ou seja, há muitas cenas de ação e nenhuma resolução: Loeb puro (com um roteiro desses, não é à toa que ele consegue tocar diversos projetos concomitantemente).




Além disso, a fim de justificar a probabilidade dessa raça “interessantíssima” ter existido, Loeb reúne todos os mutantes que lembram ou derivam de lobos, como Feral, Lupina e outros. Definitivamente, não convence.

Enfim, trata-se de uma sucessão de confrontos entre Wolverine e Dentes de Sabre sem que realmente nada se conclua, a não ser, é claro, a morte do vilão. Não foi a primeira vez que ele morre e duvido que seja a última.

Simone Bianchi tem um traço interessante, mas acredito que seu estilo seja melhor adequado para outro tipo do gênero quadrinístico. Hoje, ele é responsável pelos desenhos do segundo estágio de Surpreendentes X-Men, e a inevitável comparação com o seu antecessor, John Cassaday, o tem levado a ser alvo de muitas críticas (como, por exemplo, ao ter criado um péssimo uniforme “rainha de escola de samba” para a Tempestade).

Não obstante ser muito ruim, a revista vendeu bem. Quem sabe no futuro não haverá uma continuação? Esperemos que não.

Abraço a todos!