sábado, 11 de abril de 2009

X-Force 01-06: Anjos e Demônios.


Anjos e Demônios.
(X-Force 01-06, 2008)

Roteiro: Craig Kyle e Christopher Yost
Desenhos: Clayton Crain
Marvel Comics.

Em Complexo de Messias, Ciclope pede para que Wolverine reúna a X-Force, composta dos mutantes rastreadores e assassinos da equipe. Na primeira empreitada dessa nova força-tarefa de situações extremas dos X-Men, ocorre uma baixa: Caliban morre em combate ao salvar a vida de James Proudstar, o Apache.

O retorno do grupo se dá quando uma base da SHIELD é atacada pelo Reverendo Mathew Risman, dos Purificadores, e nela é roubada a cabeça de um antigo vilão chamado Bastion, um composto do robô do futuro Nimrod com o Molde Mestre, e responsável pelo evento dos anos 90 chamado Operação Tolerância Zero.

Ressuscitado com a fusão da cabeça roubada com o corpo de Nimrod, Bastion se torna o novo Oráculo dos Purificadores, e, no arco Anjos e Demônios ele traz de volta à vida ex-vilões dos X-Men que foram responsáveis pelo extermínio de centenas de mutantes, bem como começa a planejar sua própria agenda. Fora isso, Lupina é capturada e submetida à tortura psicológica de seu ex-mentor religioso (e algo além disso), Reverendo Craig, e se torna responsável por um ato que muda drasticamente o status do personagem Anjo. Além disso, Eli Bard se une à forma alienígena conhecida como Magus e foge após um confronto com a X-Force.

Assim que o arco acaba, a X-Force tem que permanecer ativa para capturar e dar um fim nessa nova série de vilões que estão de volta: o próprio Bastion, William Stryker (criador dos Purificadores), Cameron Hodge (traidor da formação original do X-Factor e principal peça por trás do arco Programa de Extermínio), Stephen Lang (líder do projeto Armagedon, mostrado em Uncanny X-Men 100, o início da Saga de Fênix, no confronto dos Novos X-Men com os Sentinelas e réplicas da equipe original), Rainha Leprosa (da Liga Sapien, da péssima passagem de Peter Milligan na revista X-Men, mas com um ótimo visual que lembra os melhores filmes de terror), Graydon Creed (filho de Dentes de Sabre e Mística e criador da facção Amigos da Humanidade), Donald Pierce (líder dos Carniceiros e ex-integrante do Clube do Inferno) e Bolivar Trask (criador dos Sentinelas).


Muita gente, inclusive eu, torceu o nariz quando foi anunciado esse novo título mutante, mas depois de ler esse primeiro arco, hoje eu o considero um dos melhores sendo publicados atualmente. X-Force pode ser considerado um título da linha adulta da Marvel, MAX, por conter cenas fortes com muita muita violência, mas de nenhuma forma gratuita.

Essa “sede de sangue” sempre pareceu ser o tom que os roteiristas Craig Kyle e Christopher Yost gostam de usar em suas histórias. No título New X-Men, estrelado eminentemente por adolescentes, os roteiristas eram constantemente criticados por matar demais os personagens, apesar de realizarem boas histórias que lembravam os melhores tempos dos Novos Mutantes, na minha opinião.

Agora, com o grupo X-Force, os dois escritores parecem ter encontrado sua casa ideal. Eles continuam usando muito bem sua criação X-23 como uma de suas protagonistas, bem como trabalham bem os outros personagens, com destaque para Rahne Sinclair, a Lupina, que foi tirada do grupo X-Factor e que aqui lida com parte do seu passado. E, quem diria, Wolverine, outrora um animal em forma humana, parece ser o mais sensato e pronto para fazer com que o grupo pare de ultrapassar os limites dados por Ciclope.

A idéia dos Purificadores não me agradou de início em New X-Men, por trazer de volta o personagem William Stryker, de X-Men: Deus Ama o Homem Mata, mas aqui eu confesso que fiquei muito entusiasmado com o rumo que essa seita tomou. A desavença que há entre o Reverendo Risman e Bastion foi inusitada e a forma como Bastion traz à vida antigos vilões dos X-Men, ao contrário do que normalmente acontece, foi assombrosa (a sala de reunião onde Bastion reúne todos eles, em forma de mortos-vivos, é fantástica).

Mas o melhor fica mesmo reservado para o personagem Anjo, que finalmente ganha um sentido depois de ser apenas um mutante com asas. Há vários spoilers a seguir. Não lei se não quiser perder algumas surpresas.


Sobre isso, devo dizer que trazer o Arcanjo de volta foi uma excelente idéia para que Warren não continue sendo um inútil em combate. Não se trata de fazer apologia àquela violência sem sentido de várias histórias dos X-Men dos anos 90, mas na minha opinião o Arcanjo sempre foi um ótimo conceito de imenso potencial e uma forma de trabalhar o personagem melhor do que na sua versão original.

Aliás, achei bem interessante a forma como os roteiristas encontraram para trazê-lo de volta, ao contrário do que Scott Lobdell fez quando o fez voltar a ter suas asas originais, que foi péssima.


O desenhista Clayton Crain faz um excelente trabalho em X-Force. Seu estilo é controverso, mas para mim ele parece ser um ótimo parceiro de equipe de Kyle e Yost para esse título, porque parece gostar de criar histórias com muita violência (e é muito bom nisso, por sinal). Assim como disse que o estilo próprio Ariel Olivetti parece ser um acerto em Cable, por mostrá-lo em outra linha do tempo, a arte de Clayton Crain foi outro grande acerto dos editores por usarem seu estilo nessa série mais violenta.

Assim, desenhistas com estilos diferentes podem não se sair muito bem em certos títulos, como o erro de ter colocado o próprio Clayton Crain em uma revista do Homem-Aranha. Por outro lado, escalá-lo para X-Force foi uma escolha bastante apropriada na definição da equipe criativa. A ambientação criada pelo desenhista lembra muito filmes de suspense/terror, com uma boa dose de ação sem censura, exatamente o que a história propõe. Basta ver o excelente quadro de uma cena da batalha final do arco mostrado a seguir. Muito bom!


Um dos títulos que mais despertou dúvidas quando foi anunciado seu lançamento, X-Force se mostrou forte neste início e, agora, termina por consolidar a força dos roteiristas Craig Kyle e Christopher Yost como um dos melhores dentro do universo dos X-Men. Altamente recomendado!

Abraço!

Wolverine 62-65: Caçada à Mística.

Caçada à Mística.
(Wolverine 62-65, 2008)

Roteiro: Jason Aaron
Desenhos: Ron Garney
Cores: Jason Keith
Marvel Comics.

Há alguns anos atrás o roteirista Jason Aaron ganhou um concurso para escrever uma história solo na revista Wolverine. Logo depois, ele criou uma série autoral para a linha Vertigo, da DC Comics, chamada Scalped e chamou a atenção da crítica especializada. A Marvel aproveitou o ensejo e o contratou para escrever um arco de quatro partes na revista Wolverine assim que terminasse Complexo de Messias. Dessa forma, Wolverine poderia participar das conseqüências que o grupo sofreu em uma aventura solo, a fim de dar unidade à toda a franquia mutante.

A história Caçada à Mística trata da perseguição de Wolverine à vilã, que traiu os X-Men no arco Cegos pela Luz (ainda não analisado neste Blog) e que usou a bebê messias para salvar a vida de sua filha adotiva Vampira. Ciclope tem uma conversa reservada com Logan na Ilha Muir e pede para que este vá atrás de Raven e, de preferência, que ele ponha um fim nela para sempre.

Paralelamente a isso, é mostrada a história do primeiro encontro de Logan com Raven, no ano de 1921, e toda a armação feita por Mística para usá-lo como um instrumento de seu interesse: um assalto a banco na cidade do Kansas.

Logan faz sua busca pelo Oriente Médio até encontrar Mística e, assim, numa espécie de jogo de gato e rato, os dois iniciam uma seqüência de ação de tirar o fôlego (as seqüências selecionadas na imagem mais abaixo dão uma visão geral desse arco).


Depois de um arco intragável de Marc Guggenheim na revista Wolverine, Jason Aaron foi uma boa surpresa para quem ansiava por uma boa história de Wolverine em sua revista solo. Desde Mark Millar e John Romita Jr., nos arcos Inimigo do Estado e Agente da SHIELD, Wolverine vinha passando por histórias medianas, sendo a relacionada à Guerra Civil a única que dava para tirar algum proveito (apesar dos desenhos horrorosos de Humberto Ramos).

Caçada à Mística tem um bom ritmo, não perde tempo com diálogos enrolados e procura ser uma resposta dos X-Men às inúmeras traições de Raven para com o grupo. Na minha opinião, sempre gostei de ver Mística do lado dos vilões. Não gosto da síndrome que assola os X-Men em transformar vários de seus vilões em heróis, de maneira que fiquei meio receoso quando Mike Carey resolveu inserir Mística em seu grupo de X-Men, em Supernovas.

Mas Carey parece conhecer a personalidade da personagem e, conforme dito acima, em Cegos pela Luz, Mística volta a mostrar seu verdadeiro lado maligno, frio e inconseqüente. O destino dado a ela em Caçada à Mística, para mim, é sensato por fazer com que futuros roteiristas não tenham que estragar essa história, ao contrário dos criadores do arco Evolução, Jeph Loeb e Simone Bianchi, que tentaram produzir uma resolução para o personagem Dentes de Sabre.


Assim, Jason Aaron parece ter sido um grande acerto da Marvel e é uma pena que ele não foi aproveitado para dar continuidade às histórias dessa revista. Infelizmente, os editores preferiram contratar os responsáveis pela minissérie de grande sucesso Guerra Civil, Mark Millar e Steve Mcniven e, com isso, o resultado não poderia ser outro: atrasos nas publicações (graças ao desenhista). Com esses atrasos, a Marvel contratou Aaron para escrever outro arco de histórias com Wolverine, e como a revista principal do personagem estava sendo usada para contar a história de Logan no futuro, foi lançada a minissérie Wolverine: Manifesto Destino.

Pouco tempo depois, Jason Aaron e Ron Garney foram presenteados com uma nova revista de Logan, Wolverine: Arma X, para coincidir com o lançamento do filme e angariar vendas com uma revista com nova numeração.

Por falar em Ron Garney, atribuo metade do mérito desse arco a ele. Desde que voltou à Marvel, Garney tem mostrado um excelente trabalho. Sua passagem no Homem-Aranha, na revista Amazing Spider-Man, foi muito boa e mostrou que ele tem uma ótima narrativa. Em Wolverine, ele mantém a qualidade mostrada no Aranha e ainda faz quadros das batalhas travadas e fugas empreendidas entre os protagonistas desse arco. Merece destaque também as cores usadas por Jason Keith, muito vivas e fortes, notadamente nas cenas passadas no deserto.

Enfim, Caçada à Mística é uma ótima pedida para quem sentia falta de boas histórias do velho canadense.


Abraço!

sexta-feira, 10 de abril de 2009

X-Factor 28: Consequências.

Consequências.
(X-Factor 28, 2008)

Roteiro: Peter David
Arte: Pablo Raimondi
Marvel Comics.

Após Complexo de Messias, o X-Factor sofreu algumas seqüelas: Layla Miller ficou presa no futuro de Bishop (80 anos no futuro), Jamie Madrox recebeu a marca dos prisioneiros mutantes daquele mesmo futuro e Rahne Sinclair, a Lupina, foi recrutada para integrar secretamente a nova formação da X-Force. Em X-Factor 28 o escritor Peter David lida com todas essas questões, além de dar seguimento às tramas que vinha construindo, equilibrando drama com uma boa dose de humor.

A história mostra Siryn, grávida de Jamie, procurando alento em um confessionário, bem como em um desabafo com Monet num bar, que a surpreende sugerindo um aborto. Ao mesmo tempo, Rictor descobre que a Cidade Mutante está mudando, com novos negócios (como prostituição infantil) e se dividindo em duas facções: a dos ex-mutantes que permaneceram com alguma aparência ligada à suas mutações e a dos que agora podem se passar por pessoas normais. Enquanto isso, Jamie, sem saber da condição de Siryn, se revolta com a saída de Rahne do grupo e ainda lida com o fato de não ter mais a presença de Layla.

Fortes caracterizações parece ser o segredo do sucesso de X-Factor, já que nada bombástico ou que vai “mudar o mundo para sempre” (as eternas promessas dos grandes eventos) acontece aqui. Na maioria das vezes, são apenas situações com que um grupo de investigadores birutas têm que lidar em seu cenário (até aqui, o Distrito X, a outrora cidade mutante).

As cenas em que Jamie discute com Rahne é um excelente exemplo de como Peter David consegue como ninguém desenvolver um personagem que pode se multiplicar e dar a cada uma das cópias uma personalidade distinta. Isso pode resultar em suspeitas em praticamente todas as cenas em que Jamie aparece, já que o leitor pode ser surpreendido com uma mera cópia que pode não fazer exatamente o que se espera do Madrox que conhecemos (a matriz).

A ausência de Layla Miller é sentida não só pelos personagens, mas por quem acompanha o título desde o seu lançamento. Layla, surgida no evento Dinastia M, é uma das melhores personagens da Marvel criadas recentemente, graças ao desenvolvimento dado a ela por Peter David, em X-Factor. Mas o fato dela se encontrar atualmente no futuro parece ser providencial, já que uma das subtramas do título é justamente o fato de Layla ter dito que se casaria com Jamie. Assim, seu eventual retorno, já mais velha, provavelmente poderá fazer com que essa revelação se concretize. Vamos ver como isso se desenvolve nas edições futuras.

O senso de humor de Peter David continua forte, como na cena de despedida de Rahne com Monet e no diálogo desta com Siryn no bar. Por falar em Rahne, confesso que a saída dela do X-Factor me incomodou bastante quando soube da notícia. Parecia mais uma daquelas imposições editoriais que tanto irrita Peter David (como os mega eventos), mas depois de ler X-Force achei uma decisão acertada. Essa edição de X-Factor trata da saída da personagem, o que mostra um certo respeito à importância dela no título.

O desenhista Pablo Raimondi volta ao título depois de um tempo ausente. Penso que o estilo de Raimondi é ideal para essas tramas criadas por David, e um ponto forte do desenhista são as expressões faciais dos personagens. Não é um dos meus desenhistas preferidos, mas dentro desse clima urbano de X-Factor, a arte de Raimondi, na minha opinião, se encaixa perfeitamente.

Enfim, X-Factor 28 é uma boa edição que lida com as conseqüências de Complexo de Messias e serve para que Peter David retome suas tramas de onde parou antes do referido evento, ao passo que prepara o grupo para o próximo arco do título: “O único jogo da cidade”.

Abraço!

Young X-Men 01-05: Gênese Final.

Gênese Final.
(Young X-Men 01-05, 2008)

Roteiro: Marc Guggenheim
Desenhos: Yanick Paquete
Arte-final: Ray Snyder, com Kris Justice
Marvel Comics.

Quando Craig Kyle e Christopher Yost assumiram o título New X-Men, a primeira coisa que fizeram foi promover um massacre na maioria dos alunos do Instituto Xavier. Com a tragédia, eles definiram os personagens que iriam protagonizar a revista e a partir dali começou-se uma boa série da franquia mutante. A impressão que dava era que as antigas e melhores histórias dos Novos Mutantes estavam de volta e os personagens centrais de New X-Men acabaram caindo no gosto dos fãs.

Porém, as vendas não corresponderam ao esperado e Kyle e Yost tinham um tino para a sanguinolência. Os editores decidiram então que, após Complexo de Messias, a revista New X-Men seria cancelada e surgiria então Young X-Men, agora escrita por Marc Guggenheim. Ao mesmo tempo, os ex-escritores seriam remanejados para a nova série da X-Force, mais condizente com o estilo de ambos.

Em Jovens X-Men, Ciclope recruta cinco mutantes para que eles sejam os próximos X-Men: Lobinho, , Pedreira, Olhos Vendados e o até então desconhecido Eric Gitter, mais tarde batizado de Tatoo. Ele encarrega esses heróis de derrotarem a nova formação da Irmandade de Mutantes, agora composta por ex-integrantes dos Novos Mutantes (Míssil, Mancha Solar, Magma e Dani Moonstar). Depois de alguns confrontos inevitáveis, é revelada as verdadeiras intenções de Ciclope e um antigo vilão dos X-Men, Donald Pierce, acaba ceifando a vida de um desses heróis... para a indiferença dos leitores.

É incrível como Marc Guggenheim achou que iria conseguir conquistar os leitores com uma trama rasa dessas. Inicialmente, seus heróis escolhidos para formarem os Jovens X-Men são de um gosto pra lá de duvidoso. Restolhos como Lobinho, que nos lembra a abominável fase de Chuck Austen nos X-Men parece mais uma provocação. E o mistério mostrado no início da primeira edição, em que um dos mutantes adolescentes irá morrer nas mãos de Pierce com certeza não é uma boa maneira de segurar o leitor, já que os fãs de X-Men estão cansados de mortes desnecessárias.

Yanick Paquete faz um péssimo trabalho na arte da revista. Particularmente, não gosto nem um pouco do seu traço, e algumas vezes tenho a impressão de que os desenhos estão inacabados. Seus planos de fundo são muito ruins e simplórios e mesmo personagens mostrados em evidência estão com o rosto desfigurado ou com linhas incompletas. Parece tudo feito às pressas, ou seja, péssimo.


Uma palavra pode resumir esses Jovens X-Men: decepção. É muito ruim. A história não é nem um pouco apropriada para um início de série, servindo apenas para provocar os leitores mais familiarizados com a franquia com uma numerosa série de descaracterizações dos personagens e, mesmo que a resolução do arco amenize um pouco os absurdos que foram mostrados, o fracasso impera.

Outro ponto negativo dessa série foi seu lançamento fora de hora. Após Complexo de Messias, os X-Men estavam dispersados e então, para que os Jovens X-Men não revelassem as surpresas do que viriam quando o grupo principal ressurgisse, Marc Guggenheim elaborou um arco que enrola o leitor até os ponteiros se acertarem em Uncanny X-Men 500. Assim, seria muito melhor se os editores tivessem esperado lançar Uncanny X-Men 500 e aí sim lançar Young X-Men de uma forma menos embromadora. Mas o preço disso veio no seu cancelamento na 12ª edição, quando já era tarde demais para salvar o título.

O nome Jovens X-Men, assim como Jovens Vingadores, poderia render boas histórias com os personagens de New X-Men, mas como os editores estavam querendo algo novo (por conta da queda nas vendas), acabou-se produzindo um material muito ruim, diametralmente oposto ao que ocorria na cancelada New X-Men. Se arrependimento então matasse...

Para não dizer que só falei mal da revista, gostei da homenagem às equipes azul e dourada dos X-Men (de um passado não muito distante) quando os Jovens X-Men se separam, além das capas de Terry Dodson. Mas foi só isso.


Abraço!

quinta-feira, 9 de abril de 2009

X-Men Legado 208-210: Da Gênese às Revelações.

Da Gênese às Revelações.
(X-Men Legacy 208-210, 2008)

Roteiro: Mike Carey
Desenhos: Scott Eaton, com John Romita Jr., Billy Tan e Greg Land
Arte-final: John Dell, com Klaus Janson e Jay Leisten
Marvel Comics.

Após Complexo de Messias, a revista X-Men passa a ser entitulada X-Men Legacy. Nesses primeiros números, o escritor Mike Carey constrói as bases sob as quais o título irá tratar, ou melhor, sobre o destino de seu personagem principal: o Professor Xavier.

Depois de ser alvejado por Bishop na cabeça em Complexo de Messias, o Professor X é dado como morto, assim como seu sonho de luta de pacificação de humanos e mutantes. Os X-Men se dispersam e o corpo de Charles desaparece.

Assim começa Legado. Os Acólitos, liderados por Exodus (Bennet Du Parris) foram os responsáveis pelo resgate do corpo de Xavier na Ilha Muir. Assim, Exodus tenta salvar a psique de Xavier, uma vez que seu cérebro sofreu sérias seqüelas com o tiro levado de Bishop. Nesse processo, a mente de Charles é esvaziada, enquanto Magneto e Sentinela Ômega assistem a tudo e procuram ajudar de alguma forma.

No momento em que Exodus se prepara para matar Xavier, como última solução, os dois travam um combate no plano psíquico, que acaba fazendo com que Xavier volte à vida, porém sem todas as suas lembranças. Em outro local, uma máquina de Sebastian Shaw, ex-Rei Negro do Clube do Inferno, explode depois de registrar leituras estranhas, o que o faz concluir que é algo relacionado ao misterioso “Projeto Cronos”.


A revista se mostra como uma releitura da história dos X-Men e o escritor Mike Carey demonstra segurança ao abordar aspectos do passado de Xavier e de seu grupo. Provavelmente os leitores que acompanham os X-Men há mais tempo sentirão uma qualidade maior no argumento de Carey, uma vez que reconhecerão fatos e personagens do passado do universo mutante. Já para quem começou a acompanhar X-Men há pouco tempo, ficará meio perdidos e/ou não ficarão muito interessados na história.

Pessoalmente, eu gostei do rumo que Charles Xavier tomou depois de Complexo de Messias. Agora, ele terá que correr atrás de suas memórias por meio das pessoas com quem já conviveu no passado e isso, a princípio, pode render boas histórias. A dualidade de Xavier com Magneto foi bem explorada neste início de X-Men Legacy por mostrar que nenhum dos lados venceu, ao contrário, eles foram engolidos pelo Dia M. Achei muito interessante esse novo ponto de vista.

O desprezo que Exodus demonstra para com Magneto também é um reflexo do fanatismo que ele tem pela doutrina que o próprio Magnus criou: a da superioridade da raça mutante, e o fato de Magneto não ter mais seus poderes faz com que seu antigo assecla agora o trate com menosprezo.

Os desenhos de Scott Eaton estão muito bons, no mesmo nível visto em Complexo de Messias (no título X-Factor). Só que agora Xavier não tem mais o rosto do ator Patrick Stewart, provavelmente uma imposição editorial. Convidar outros desenhistas para mostrar o que ocorre no plano psíquico também foi uma boa idéia dos editores, e, rever John Romita Jr. desenhando novamente os mutantes rende um momento nostálgico. Aliás, aqui Romitinha está melhor do que nunca (gosto muito da arte dele, mas às vezes vejo uma certa pressa em sua arte, o que não ocorre aqui).

Enfim, a partir de agora em X-Men Legacy será mostrado o caminho de Charles Xavier em busca de suas memórias perdidas e o decorrer disso, como afirmei acima, pode ser fonte de boas histórias, principalmente para os fãs da série.


Abraço!

P.S.: As cinco primeiras capas da nova fase da revista foram produzidas por David Finch em seqüência e resultaram posteriormente em um pôster, reproduzido a seguir.


Uncanny X-Men 495-499: Divididos.

Divididos.
(Uncanny X-Men 495-499, 2008)

Roteiro: Ed Brubaker
Arte: Michael Choi, com Ben Oliver (499)
Marvel Comics.

Com a aparente morte de Charles Xavier e, junto com ele, de seu sonho, os X-Men foram dissolvidos por Ciclope. A medida é temporária para que eles possam repensar sobre o futuro da equipe e, para tanto, Scott e Emma decidem tirar férias na Terra Selvagem.

Enquanto isso, Colossus, Wolverine e Noturno viajam à Europa e, na Rússia, se deparam com uma organização do Salão Vermelho, que descobre que Piort está vivo após um incidente em um bar na cidade em que os pais de Piort estão enterrados. Já um misterioso incidente em São Francisco com Anjo e Hepzibah faz com que Ciclope e Emma interrompam suas férias e ambos partam para lá. Graças ao poder de uma misteriosa “Deusa”, toda a cidade parece estar vivendo uma época semelhante ao final dos anos 60.

Enquanto na Rússia, os três X-Men se deparam com o vilão Ômega Vermelho, em São Francisco, Ciclope e Emma lidam com a “Deusa”, que se revela ao final como a Mestra Mental (Martinique Wyngarde).

A história envolvendo Colossus e companhia é a mais interessante das duas mostradas neste arco. Nela é desenvolvida a relação dos três X-Men e é interessante notar como a presença deles na equipe influencia bastante na qualidade das histórias. Definitivamente, quando bem trabalhados, esses três personagens podem render boas histórias em atuação conjunta. A batalha final com o Ômega Vermelho é muito bem elaborada e cada um dos três X-Men têm seu momento, até mesmo Noturno, que andava meio apagado ultimamente.

Já a história da “Deusa” (Martinique) melhora na sua resolução e nos motivos mostrados para que a cidade tenha se tornado semelhante aos anos 60. Porém, o seu início e desenrolar ao longo dessas cinco edições foram meio arrastados e não muito empolgantes.


Mas o maior mérito desse arco definitivamente é a arte de Mike Choi, desenhista vindo do estúdio de Marc Silvestri (Top Cow) e que brilha cada vez mais na Marvel. Seus desenhos tem proporções na medida certa, são simples e muito bem detalhados e, como o próprio desenhista brincou certa vez em uma entrevista, grande parte do mérito está nas cores de Sandra Oback (sua esposa, salvo engado). Assim, Mike Choi e Sandra Oback, na minha opinião, são uma das melhores equipes artísticas hoje em dia no mercado de quadrinhos. Pessoalmente, gosto muito da arte de Choi, tanto na elaboração dos quadros, como na expressão que ele coloca no rosto dos personagens, com destaque para Emma Frost em todas as edições.

Por conta dos prazos (sempre eles), Ben Oliver cuidou da metade da arte da última edição (499), na história envolvendo os X-Men em São Francisco, e, apesar de apresentar um trabalho inferior ao de Choi, sua arte não destoa muito deste.

O arco Divididos parece ser uma pequena “barriga” para que a nova fase dos X-Men comece efetivamente na sua edição de número 500. Assim, nesses cinco números entre Complexo de Messias e a 500ª edição de Uncanny X-Men, Ed Brubaker cria uma história para mostrar o paradeiro dos X-Men depois da dissidência do grupo e, no final, deixa o gancho sobre o próximo rumo que a equipe tomará, com os X-Men sendo apresentados à prefeita da cidade e esta demonstrando intenções de tê-los na cidade.


Abraço!

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Cable 01-05: War Baby.

War Baby.
(Cable 01-05, maio a setembro de 2008)

Roteiro: Duane Swierczinski
Desenhos: Ariel Ollivetti
Marvel Comics.

Após o evento Complexo de Messias, o atual status dos X-Men pode ser resumido da seguinte forma: o Professor Xavier está supostamente morto, os X-Men foram dissolvidos por Ciclope, surge a nova X-Force e Cable foi mandado ao futuro para proteger a vida da bebê “messias”.

De todos esses novos rumos que cada grupo de personagens recebeu, a tragetória de Cable me parece a mais interessante à primeira vista, já que os X-Men já foram dissolvidos várias vezes e a X-Force está longe de ser uma novidade.

Assim, nessas cinco primeiras edições da nova revista Cable, somos apresentados ao futuro, mais precisamente o ano de 2043. Nele, aparentemente não existem mais mutantes (com uma única exceção apresentada ao final da terceira edição) e, depois de um evento cataclísmico, a sociedade foi dividida, e parte dela vive sob um regime autoritário liderados por uma milícia denominada Turnpike (não sei o nome que eles traduziram aqui no Brasil).

Cable procura proteger a bebê mutante mas passa por alguns maus bocados. De início é atacado pela milícia acima mencionada e, logo depois, passa por um grande conflito com Lucas Bishop, que sobreviveu ao Predador X em Complexo de Messias (à custa de um braço), e que agora viaja no tempo à sua procura. No caminho, Cable encontra dois aliados: uma garçonete chamada Sophie e um antigo pupilo seu dos Novos Mutantes e da primeira formação da X-Force.


Basicamente, as cinco edições mostram o confronto de Cable com Bishop. Engraçado que a primeira edição apresenta o cenário, a segunda mostra o escape de Bishop da Ilha Muir, sob o ponto de vista deste novo “vilão”, até o encontro com Nathan e, por fim, as três últimas são basicamente cenas de ação. Confesso que fiquei um pouco decepcionado com o ritmo da história, já que a primeira e a segunda edição, por exemplo, poderiam facilmente ser apenas uma.

Existem cenas muito desnecessárias ou desenvolvidas de forma muito lenta para preencher as vinte e poucas páginas de cada edição, resultando no famoso artifício apelidado de “barriga”. O futuro caótico em que Cable se encontra nesse arco é interessante, e, um ponto positivo é que o personagem não hesita em continuar seguindo suas prioridades, mesmo com pessoas precisando de sua ajuda (ele se recusa em ajudar as pessoas marginalizadas desse mundo para manter o foco na proteção do bebê). A personagem Sophie tem um papel de destaque no título, apesar do final do arco indicar uma mudança de rumo no sentido de que ela não será mais utilizada (veremos isso em breve).

Outro ponto negativo é a caracterização de Bishop. Penso que foi um acerto colocá-lo como o antagonista de Cable, porém se observarmos sua personalidade em X-Treme X-Men, por exemplo, onde ele repreende Ororo por atirar em Víbora, aqui ele é praticamente um exterminador de seres humanos. Seu objetivo está acima de qualquer vida humana, para que o holocausto do seu “passado” (futuro) não ocorra. A impressão que fica é que parece que ele voltou às origens e todo o seu desenvolvimento ao longo dos anos, ao lado dos X-Men, foi esquecido num passe de mágica. Apesar dessa incoerência, Bishop não tinha mais por que existir depois da saga Massacre, de modo que seu novo status dá uma revigorada no personagem.


Depois de desenhar uma revista muito distoante do seu estilo (Justiceiro: Diário de Guerra), Ariel Ollivetti parece ter se encaixado perfeitamente nesta revista. O futuro criado visualmente por ele é bem interessante e seu estilo bastante diferente do usual das HQs é o tom perfeito para uma revista que se passa no futuro. Na minha opinião, foi um grande acerto dos editores em colocá-lo em Cable.

Apesar de contar com um ritmo lento, Cable ainda é um título interessante por mostrar o destino da bebê e por dar continuidade ao novo propósito de dois representantes do pior que os anos 90 já produziu: o próprio Cable e Bishop.


Abraço!

X-Men: Complexo de Messias.

X-Men: Complexo de Messias.
(X-Men: Messiah Complex, Uncanny X-Men 492-494, X-Factor 25-27, New X-Men 44-46, X-Men 205-207, dezembro de 2007 a março de 2008)

Roteiro: Ed Brubaker, Peter David, Craig Kyle, Christopher Yost e Mike Carey
Desenhos: Marc Silvestri, Billy Tan, Scott Eaton, Humberto Ramos e Chris Bachalo
Arte-final: vários
Marvel Comics.

Complexo de Messias é uma das mais gratas surpresas que tive com os X-Men nos últimos anos. Confesso que os X-Men é minha equipe de super-heróis preferida (isso pode ser observado no número de postagens sobre eles aqui neste Blog), mas já faz alguns anos que a direção que o grupo vinha tomando não andava me agradando muito.

Na minha opinião, a única exceção era com a revista Astonishing X-Men, que possuía todos os elementos que eu gostava em uma história dos X-Men, mas a revista atrasou muito e, logo depois, mudou de equipe criativa após a conclusão do arco central (que tomou 24 edições e um especial).

Porém, a Marvel decidiu reviver as antigas sagas da franquia mutante e, depois de anos sem produzir algo do gênero, criou uma história que seria contada em todos os títulos principais da franquia (Uncanny X-Men, X-Men, X-Factor e New X-Men), à exceção da revista Wolverine. Sagas que começam e continuam por quase todos os títulos? Mais anos 90, impossível!

Porém, ao contrário do que acontecia na década passada, a história aqui parece ser muito bem elaborada, no ritmo certo. Aliado a isso, cada título parece contar com uma subtrama de significativa importância para o desenvolvimento da história.


Complexo de Messias gira em torno do nascimento do primeiro e único bebê mutante após o Dia M. Os X-Men vão investigar não só o nascimento dessa criança, mas também as consequências geradas por ele: um confronto travado entre os Carrascos (liderados pelo Sr. Sinistro) e os Purificadores (seguidores da doutrina religiosa do Reverendo William Stryker). A partir dali, esses três lados saem à procura do bebê mutante recém-nascido.

Paralelamente a isso, Jamie Madrox (o Homem Múltiplo) e Layla Miller são mandados por Ciclope até a casa de Forge, no Texas. Forge relata que, depois do Dia M, existem agora somente duas linhas alternativas do futuro. Assim, Jamie deverá mandar uma cópia sua para cada um desses futuros e, na segunda operação de transporte, Layla Miller consegue ir junto com ele. Essa segunda alternativa é a que será mostrada em Complexo de Messias. Enquanto isso na Terra, a matriz de Jamie cai em coma.

No desenrolar dessa subtrama, Jamie e Layla são levados a um Campo de Realocação Mutante, onde todos os mutantes daquele futuro são levados. Lá, eles são marcados e se encontram com o jovem Lucas Bishop.

Vê-se também a decadência de Charles Xavier, que não possui mais o comando dos X-Men e é deixado de fora das decisões em torno da procura do bebê. Uma amostra clara disso é a cena mostrada em Uncanny X-Men 492, em que ele apenas observa, de fora, uma reunião tática liderada por Ciclope sobre os passos que os X-Men deverão tomar a seguir. Outro ponto importante ocorre no final da Saga, quando a decisão de mandar ou não o bebê ao futuro não cabe mais a ele, e sim a Ciclope, o atual líder em comando dos X-Men.

Os pirralhos dos Novos X-Men também têm sua participação na trama, ao fugirem da escola (pela milionésima vez) a fim de se vingar dos Purificadores e, por conta disso, caírem em uma enrascada em Washington, no covil principal do grupo religioso. Também em Washington, e a mando de Ciclope, Rictor se infiltra no grupo para descobrir se os Purificadores estão com o bebê e, de quebra, ajuda a salvar os moleques dos Novos X-Men, não sem antes descobrir que os Purificadores estão aliados à Lady Letal e seus Carniceiros.

Enquanto isso, os X-Men, após um confronto com os Acólitos, descobrem que Sinistro e seus Carrascos estão escondidos na Antártida. Ao chegarem lá, eles iniciam um confronto com os vilões (que conta, inclusive, com Gambit, não tão popular quanto antes). Lá, eles descobrem que o bebê está com ninguém menos que Cable!

Cable reaparece no mundo dos vivos e é quem está inicialmente com a criança. No desenvolver da trama é revelado que Bishop também sempre esteve atrás do bebê, mas para outros propósitos. Bishop também está atrás da criança para que o seu futuro não se torne realidade. Finalmente, os roteiristas deram um novo propósito para o personagem que, além de ser apenas mais um combatente vindo do futuro, agora tem um histórico um pouco mais rico (ou menos pobre).

Depois de um confronto dos Carniceiros com Cable, surge também a nova X-Force, uma força-tarefa criada por Ciclope para situações extremas e tendo como missão inicial impedir Cable de escapar com o bebê mutante, mesmo que isso custe a vida de Nathan. Contando com os “farejadores” das equipes principais, quais sejam, Wolverine, Apache, Hepzibah, Lupina, X-23 e Caliban, um deles acaba sendo morto em combate por um dos Carniceiros, ao mesmo tempo em que Lady Letal é derrotada (e supostamente morta) por X-23.

Em forma de pequenos interlúdios, o Predador X também sai à procura do pobre bebezinho. Ele confronta todos os X-Men no capítulo final da Saga, na Ilha Muir, e é derrotado por Wolverine de uma maneira inusitada.

Mística e Gambit também têm seu momento de destaque, já que não só Mística dá cabo de um dos maiores vilões dos X-Men, como também revela o sentido dos diários de Sina. E, como não poderia deixar de ser diferente, Gambit se alia a ela em razão dos sentimentos que nutre por Vampira, a quem Mística procura salvar da infecção do vírus Pressão 88. O melhor dessa pequena trama é a reação de Vampira quando ela desperta. Aliás, a Vampira é sempre bem caracterizada nas mãos de Mike Carey.

Complexo de Messias não enrola o leitor com diálogos desnecessários. Assim, cada edição parece mostrar um conteúdo condizente com o que normalmente caberia em uma história de vinte e poucas páginas e nenhuma delas deixa de lado cada uma das tramas paralelas que se desenvolve ao longo dos seus 13 capítulos.


No que se refere à arte, todos os desenhistas contratados fazem um bom trabalho. O único que destoa de todos os demais é Humberto Ramos, com sua medonha arte estilo mangá. Felizmente, ele foi escalado para desenhar a revista New X-Men, e, o fato dos personagens serem adolescentes, isso ameniza um pouco a frustração de ler as partes em que este artista desenha, já que seu estilo até que combina com crianças e afins. As cores também ajudaram bastante na “aceitação” da arte de Ramos.

Marc Silvestri é o desenhista da edição especial que inicia a Saga e cada vez fica mais evidente que ele é apenas uma sombra do que já foi depois que virou empresário (dono do estúdio Top Cow). Seus personagens não têm expressão, como comprova a cena em que Emma se assusta na cidade em chamas e seu rosto é um completo vazio de expressividade.

Billy Tan desenha as edições de Uncanny X-Men, mantendo a mesma qualidade dos desenhos vistos em Ascensão e Queda do Imperio Shiar. Está muito bem e penso que ele poderia ter permanecido como o responsável pela arte dessa revista depois da Saga, mas seu destino infelizmente foi outro (a revista Novos Vingadores).

Scott Eaton desenha as edições da revista X-Factor e faz um trabalho bom, muito melhor do que o que produziu no passado em títulos como o Pantera Negra. Por curiosidade, o Professor Xavier desenhado por Eaton tem o rosto do ator Patrick Stewart, que o interpretou nos cinemas.

Chris Bachalo é o meu desenhista favorito de todos responsáveis pela Saga. Com uma arte bastante estilizada, ele cuida dos desenhos da revista X-Men e, na minha opinião, adoro observar seus desenhos. Confesso, por outro lado, que às vezes fica difícil descobrir o que determinado quadro significa. Hehehe... A cena em que Cable aparece com o bebê, para mim, é uma das mais bonitas visualmente falando. A Vampira de Bachalo também é sempre caprichada.

Enfim, Complexo de Messias não só foi uma excelente história, em um estilo que deveria ser reproduzido de tempos em tempos (mas não todos os anos) como também rendeu boas idéias para futuras tramas da franquia mutante. Apesar de ter sido a “causadora” do lançamento de novos títulos mensais, a maioria deles está rendendo boas críticas e isso certamente pode ser considerado como um acerto editorial. É o que veremos em breve.

Abraço!

terça-feira, 7 de abril de 2009

Jovens Vingadores apresentam... 01-06.


Jovens Vingadores apresentam...

Patriota (01).

Roteiro: Ed Brubaker
Desenhos: Paco Medina
Arte-final: Juan Vlasco

Hulkling (02).

Roteiro: Brian Reed
Arte: Harvey Tolibao

Wiccnano e Célere (03).

Roteiro: Roberto Aguirre-Sacasa
Arte: Alina Urusov

Visão (04).

Roteiro: Paul Cornell
Desenhos: Mark Brooks
Arte-final: Jaime Mendoza

Estatura (05).

Roteiro: Kevin Grevioux
Arte: Mitch Breiweiser

Gaviã Arqueira (06).

Roteiro: Matt Fraction
Desenhos: Alan Davis
Arte-final: Mark Farmer
Marvel Comics.


A minissérie “Jovens Vingadores apresentam” é uma medida paliativa da Marvel para suprir a ausência do título regular dos heróis adolescentes criados por Allan Heinberg e Jim Cheumg.

Quando foi lançada a revista Jovens Vingadores, o título recebeu elogios da crítica especializada bem como contou com altas vendagens (dentro dos parâmetros atuais). O escritor Allan Heinberg conseguiu o que poucos escritores conseguem atualmente: apresentar novos personagens e fazer com que os leitores, em pouquíssimo tempo, se importem com eles. Contando com os desenhos de Jim Cheumg, na minha opinião ideal para a proposta do título, a revista tinha ritmo e dinamicidade, além diálogos muito interessantes.

Porém, a série foi interrompida graças à falta de tempo de Allan Heinberg em escrever os roteiros, tendo em vista que trabalhar com quadrinhos parece ser mais um hobby do escritor, já que ele escreve e produz atualmente a série televisiva Grey's Anatomy (bem mais rentável). O mesmo tipo de problema com relação aos prazos pôde ser encontrado quando Heinberg tentou conduzir o título da Mulher-Maravilha, também sem sucesso (clique aqui para saber mais).

Depois que a série foi interrompida, o editor Tom Brevoort prometeu seu retorno com uma nova numeração, assim que Heinberg tivesse tempo de escrevê-la. O editor foi honesto em não dizer ou estipular um prazo para isso, um acerto já que até hoje o escritor não voltou a roteirizar quadrinhos.

E assim chegamos em “Jovens Vingadores apresentam”. Cada capítulo conta com diferentes criadores, uma decisão editorial que acho acertada, de maneira que não passa a impressão de que alguém esteja tentando substituir os criadores da série (apesar de não serem personagens autorais).

Essa minissérie nada mais é do que uma oportunidade de reencontrar esses personagens que se encontram meio desaparecidos das revistas (com algumas exceções ligadas ao evento Iniciativa) e muito requisitadas pelos fãs. Todas as histórias lidam, na essência, com a busca de identidade de cada personagem do grupo, o que de certa forma dá uma unidade à minissérie, por mais que as histórias possam ser lidas de forma independente.


A história envolvendo o Patriota (Eli Bradley) trata do encontro deste herói com o Soldado Invernal (Bucky Barnes), antigo parceiro e atual Capitão América. Patriota é o Jovem Vingador mais revoltado de todos, sempre inconformado pela falta de reconhecimento que seu avô teve como o primeiro Capitão América (uma história inédita no Brasil). Seu encontro com Bucky serve para que essa revolta seja um pouco amenizada. Ninguém melhor do que Ed Brubaker para realizar esse encontro, já que o escritor é atualmente a voz por trás do universo do Capitão América. Os desenhos de Paco Medina, assim como os de Jim Cheumg, são ideais para heróis adolescentes (não à toa, ele desenhou uma pequena fase do título dos Novos X-Men).

A segunda edição mostra o encontro de Hulkling (Teddy Altman) com seu suposto pai, o Capitão Marvel (ou o Skrull que se passa por ele, como foi mostrado na minissérie Capitão Marvel. Escrita por Brian Reed (o mesmo da minissérie do Capitão Marvel), que até o momento não mostrou a que veio, é uma edição regular que foca no tema da paternidade e perde muito em conteúdo pelo fato desse encontro não passar de um fantoche (apenas fique registrado que prefiro o Capitão Marvel morto). A arte fica toda por conta de Harvey Tolibao, que nas expressões faciais que desenha me lembra o estilo de Steve Mcniven, mas inferior a este de modo geral. O desenhista cria bons planos de fundo, o que deixa a história bastante rica e agradável visualmente.

Wiccano (Billy Kaplan) e Célere (Tommy Shepherd), os filhos perdidos da Feiticeira Escarlate, são os protagonistas da terceira edição. Escrita pelo mediano Roberto Aguirre-Sacasa, nesta história os dois heróis saem à procura... da Feiticeira Escarlate. Hehehe... Depois de procurá-la em alguns lugares em que pode estar se escondendo, eles se encontram com um antigo vilão dos Vingadores, o Mestre Pandemônio e, no final, se conformam em não encontrá-la. A arte de Alina Urusov me lembra um pouco o estilo de Adrian Alphona dos Fugitivos. Achei os desenhos bons, só que não escolheria esse estilo para um título regular dos Jovens Vingadores.

A quarta edição é, de longe, a mais fraca de todas. Paul Cornell é um bom roteirista, porém o personagem não ajuda. O Visão que todos os fãs dos Vingadores estão acostumados a ver é bem diferente deste aqui, um produto da mente do antigo Rapaz de Ferro (o Kang adolescente, antes de ser tornar o vilo dos Vingadores). Como não tem um passado bem definido (é o pior personagem dos Jovens Vingadores), a história gira em torno do seu caso (quase) amoroso com Estatura, o que lembra muito a relação do Visão (o verdadeiro) com a Feiticeira Escarlate. Assim, essa humanização do andróide não é nenhuma novidade. Outro desenhista bom para títulos adolescentes, Mark Brooks cuida da arte desta edição.

Estatura (Cassie Lang) estrela a penúltima parte da minissérie, escrita por Kevin Grevioux e com desenhos de Mitch Breiweiser. Aqui, ela fica traumatizada por quase ter tirado a vida de seu padrasto e, para sair desse estado de choque, ela conta com a ajuda de seus amigos. Engraçado que na edição anterior (a do Visão), ela fala sobre a dificuldade de se encontrar com os seus amigos não registrados. Aqui, parece exatamente o contrário, ou seja, uma naturalidade em entrar e sair do esconderijo de seus amigos. É uma boa edição que lida com o fato da dificuldade de Cassie em superar a morte de seu pai e de melhorar o relacionamento com sua mãe, que também resolveu tocar a vida adiante assumindo um novo relacionamento.

A última história é estrelada pela Gaviã Arqueira (Kate Bishop). Escrita pelo atual queridinho da Marvel, Matt Fraction, e desenhada pelo veterano (e sempre ótimo) Alan Davis, a história mostra o encontro de Kate com o recém-ressuscitado Clint Barton (o ex-Gavião Arqueiro, e agora Ronin). A história se concentra não só sobre a propriedade do arco que dá nome aos heróis, mas também sobre o relacionamento de Kate com Elliot (o Patriota) e a importância de haver novos heróis para o futuro dos Vingadores.


Como disse, a minissérie “Jovens Vingadores apresentam” é apenas um paliativo para a ausência de uma revista regular desses heróis. Acho bem interessante a forma como os pirralhos usurparam o nome dos Vingadores para que, de certa forma, eles fosse poupados de críticas. Na minha opinião, uma das melhores cenas ocorre justamente quando um deles lembra outro de que os Vingadores insistem para que eles não usem o nome do grupo (em vão).

O fato de ter contado com uma equipe criativa para cada edição e, cada história poder ser lida de forma independente, foi uma boa sacada de Tom Brevoort (o editor do núcleo dos Vingadores). Assim, fomos poupados de uma minissérie inteiramente ruim (como a história do Visão), ao passo em que vimos diferentes autores darem vida ao grupo, uma medida que, no futuro, se mostrará inevitável caso Allan Heinberg não volte ao mundo dos quadrinhos.

Abraço!

Mulher-Maravilha (vol. 2) 101-104: Segunda Gênese.

Segunda Gênese
(Wonder-Woman 101-104, setembro a dezembro de 1995)

Roteiro e Arte: John Byrne
DC Comics.

Engraçado que como determinados autores fazem com que fiquemos interessados em acompanhar determinados títulos exclusivamente por causa deles e não em razão dos personagens. Com a Mulher-Maravilha foi assim. Em outras passagens deste blog já deixei explícito meu desinteresse pela personagem, por mais que temas ligados à mitologia me interessem bastante.

De todo modo, reli Segunda Gênese, produzida inteiramente por John Byrne, que já começava o arco a demonstrar sinais de cansaço e desprestígio no meio quadrinístico. As primeiras edições produzidas por ele no título Wonder-Woman venderam bem, mas foram caindo gradativamente a cada nova edição lançada, não só por conta dos desenhos de Byrne (que não eram mais os mesmos) mas também pelas tramas que ele elaborou.

A história começa pouco depois de Diana se mudar para Gateway City e se envolver com um plano de Darkseid de Apokolips. Depois de ser derrotada e torturada pelo vilão, Diana consegue escapar ao lado de um policial chamado Mike Schoor. Para espanto de Diana, o novo deus Metron a contata e relata a ela que os deuses do Olimpo são, na verdade, produto de uma fração de energia proveniente da criação dos dois mundos dos Novos Deuses: Nova Gênese e Apokolips. Agora, Darkseid está atrás dessa fonte de energia.

A trama é inconclusiva e controversa por retirar a divindade dos deuses do Olimpo. Algo semelhante aconteceu com o Thor, na fase de Warren Ellis, quando este autor quis alterar a natureza dos deuses de Asgard, tornando-os alienígenas. Assim, acredito que os fãs da série da Mulher-Maravilha tenham ficado surpresos e decepcionados com a direção que Byrne deu ao título. Na minha opinião, não gosto quando a essência dos personagens é alterada de forma significativa, porque isso pode acabar desvirtuando todo o conceito para o qual eles foram criados.

Byrne parece insistir bastante na exaltação do grau de poder da Mulher-Maravilha. Isso já era sua intenção quando assumiu o título, disposto a torná-la a terceira personagem mais famosa da DC Comics (ao lado de Superman e Batman). À cada oportunidade, alguém exalta sua resistência ou sua força, quase sem limites. Na minha opinião, um puxa-saquismo desnecessário, que poderia facilmente ser explicitado em ações no decorrer da história, e não na boca de personagens coadjuvantes.

No quesito arte, John Byrne está bem aquém do que produziu nos anos 80, mas ainda está muito melhor do que a arte dele de hoje. A Diana desenhada por ele é um tanto quanto masculinizada, de modo que fica meio difícil acreditar que o policial esteja “babando” por ela. Byrne sabe, ou sabia, desenhar mulheres bonitas, como prova sua fase na Mulher-Hulk da Marvel. Assim, é uma pena que ele não tenha caprichado em Diana na hora de desenhá-la, ou talvez tenha sido proposital, já que ao longo dessas quatro edições Diana é sempre mostrada como uma guerreira, e, não raras vezes, está cheia de sujeira em todo corpo (hehehe...).

A Ilha Paraíso de Themyscira é mostrada já sob escombros, mas senti que algo está errado na arte, um tanto quanto rebuscada. Aliada a isso há a constante falta de backgrounds. Aliás, as quatro edições desse arco são recheadas de momentos em que os personagens discutem com um grande vazio ao fundo. Mas a arte-final feita pelo próprio Byrne sempre foi apontada como uma das vilãs para a queda de qualidade em seus desenhos, o que concordo. Outro ponto negativo que vi são as cenas de ação. Byrne consegue criar boas sequências, mas ver estrelinhas brilhando a cada soco de Diana deixa a revista muito infantilizada.

Enfim, é incrível que mesmo sendo uma sombra do que já foi, John Byrne sempre me desperta curiosidade nos materiais que produz e, mesmo com uma qualidade muito abaixo do esperado, não nego que ele seja um dos meus autores favoritos por ter escrito e/ou desenhado inúmeras histórias dos meus personagens preferidos, categoria da qual a Mulher-Maravilha não faz parte.



Abraço!

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Thor (vol. 3) 01-08.

Thor (vol.03) 01-08.
(Thor 01-08, setembro de 2007 a junho de 2008)

Roteiro: J. Michael Straczynski
Desenhos: Olivier Coipel (01-06) e Marko Djurdjevic (07-08)
Marvel Comics.

Depois de falecer no evento Disassemble (A Queda, no Brasil), que mostrou o Ragnarok da mitologia nórdica, Thor aparentemente tinha voltado no evento Guerra Civil. Porém, conforme se descobriu logo depois de sua suposta reaparição, tratava-se na verdade de um clone produzido por Tony Stark, dentre outros, a partir do código genético do Deus do Trovão.

Pouco depois da aparição deste “Clor”, foi finalmente anunciada a equipe criativa da nova série do Thor, depois do cancelamento do volume anterior em dezembro de 2004. O escritor seria J. Michael Straczynski, e os desenhos ficariam a cargo de Olivier Coipel (este, depois de desenhar Dinastia M e uma edição de New Avengers).

Com relação a Straczynski, os leitores ficaram preocupados haja vista que nas entrevistas que este começou a conceder logo após o anúncio de seu nome, ele proproria algumas mudanças um tanto quanto radicais no personagem: Asgard se localizaria no deserto de Oklahoma e haveria o retorno do alter ego do personagem, Donald Blake.

Depois dessa certa apreensão foi lançada a primeira edição da revista Thor e as opiniões foram divididas. Uns a acharam muito boa e com uma ótima ideia para trazer Thor ao mundo dos vivos (são os homens que decidem quando um Deus deve morrer ou viver, dependendo do quanto eles acreditam na sua existência), ao passo que outros acharam que o ritmo dessa edição de estreia foi muito lento.

Pessoalmente, fico no meio termo. Apesar de achar que lendo de uma só vez essas primeiras 8 edições, a história é excelente e muito bem escrita, certamente para quem foi lendo em doses homeopáticas deve ter causado uma certa frustração por conta do desenvolvimento da trama. Acredito que a partir da edição 3, o ritmo melhora e a revista passa a ter mais conteúdo.

As duas primeiras edições tratam do retorno de Thor e da reconstrução de Asgard (como dito, no deserto de Oklahoma). Por falar no reino dos deuses nórdicos, ficou interessante a forma como Straczynski o insere na Terra: Thor a eleva a poucos metros acima da superfície, de maneira que literal e metaforicamente os asgardianos estão acima dos seres humanos mortais.




Na terceira, há uma excelente batalha entre Thor e o Homem de Ferro, combate que mostra a superioridade do primeiro além de uma espécie de acerto de contas pelo fato de Stark ter brincado com o código genético de Thor. Ao final desta, Thor descobre onde o espírito de Heindall (o guerreiro protetor da antiga ponte arco-íris de Asgard).

As edições seguintes tratam do retorno dos personagens asgardianos e bastante populares para os fãs da série como Balder, Frandall, Volstagg e Hogun, bem como o arquiinimigo de Thor: Loki. Outra mudança radical de Straczynski: Loki retorna como uma mulher! O Deus da Trapaça usa essa alteração de gênero para convencer Thor de que ela não é mais a mesma e que agora vai se comportar (e Thor, mais uma vez, cai no conto da nova vilã).




Mas as melhores edições, na minha opinião, são as duas últimas (7 e 8), quando a revista já está no ritmo ideal de desenvolvimento e já estamos a par do cenário construído por Straczynski: o reencontro de Thor com seu pai Odin. Nela, Odin conta como seu pai falecer e sobre como ele não fez nada para trazê-lo de volta à vida e como isso se repetiu com Thor com relação a ele. Além disso, descobrimos o paradeiro de Lady Sif na Terra, presa em um corpo moribumdo de uma mulher enferma no hospital em que Jane Foster trabalha. Loki aparentemente aniquila suas chances de voltar a ser o que era ao impedi-la de se encontrar com Donald Blake.

Além de serem as melhores edições em termos de narrativa, as edições 7 e 8 ainda contam com os desenhos de Marko Djurdjevic, mais conhecidos pelas suas belas capas em vários títulos da Marvel, e muito superiores aos do desenhista oficial da série: Olivier Coipel. Ressalto apenas que os desenhos de Coipiel não são ruins, pelo contrário, mas determinados quadros do desenhista quando mostram o rosto de personagens (inclusive Thor) de frente ficam muito estranhos e aparentam desproporcionalidade. Mas mesmo assim, é dele o design do novo visual de Thor, que ficou ótimo, e também a forma como ele desenha a imponência dos poderes do personagem título são excelentes!

Enfim, Thor é uma das melhores séries em andamento da Marvel nos dias de hoje uma das (senão a) melhores razões para se acompanhar a revista Novos Vingadores.

Abraço!

Sobre capas variantes.


A imagem acima aparentemente mostraria um conjunto de capas de 23 edições do terceiro volume da revista Thor, por J. Michael Straczinski e Olivier Coipel. No entanto, ela representa apenas as 8 primeiras edições dessa revista.

Isso se dá porque, infelizmente, nos Estados Unidos está voltando a onda das capas variantes, que são colocadas no mercado no caso de reimpressão da revista (quando se esgotam os pedidos iniciais), estimular um maior número de pedidos da mesma série para “ganhar” uma edição diferente ou, a pior das hipóteses, fomentar a especulação das revistas, com “raridades” no mercado (e muito mais caras do que as edições convencionais).

A Marvel tinha parado de utilizar essa forma de aumentar as vendas de seus títulos. Sim, aumentar, já que os colecionadores “de verdade” certamente compram a mesma edição várias vezes para ter todas as capas e não deixar “furos” na coleção. Mas, como vimos acima, em títulos em evidência e com altas vendagens (nos parâmetros atuais) como Thor, que exigiu reimpressões, podemos constatar que houve uma média de quase 3 capas para cada edição (ênfase no “uma média” porque a primeira edição, por exemplo, contou com cinco capas).

Engraçado que o caminho inverso também pode ter consequências tão ruins quanto. Quando a Marvel lançou a edição 36 do segundo volume de Amazing Spider-Man (aquela do 11 de setembro), ela decidiu não reimprimir a revista para que se aumentasse a especulação no mercado em torno dela e, para o leitor que quisesse adquirir aquela história, ele poderia comprar uma compilação publicada de outra forma. Mas a edição Amazing Spider-Man 36 restaria somente àqueles fãs “fiéis” que encomendaram ou conseguiram comprar de acordo com os pedidos feitos pelos donos das Comic Shops norte-americanas. Depois que Bill Jemas saiu da presidência da Marvel, as reimpressões voltaram, felizmente. Com a volta das reimpressões na Marvel, vieram as capas variantes.

Os anos 90, com suas medonhas formas de aumentar as vendas, foram um claro exemplo sobre como afundar o mercado. A revista Darkness 11, por exemplo, que “celebrava” a volta Garth Ennis como escritor do título, teve monstruosas 11 capas alternativas! Pior foi com o grupo de heróis adolescentes GEN13, quando ganhou seu título regular, que contou com 13 capas (até uma “Faça você mesmo”!) no seu lançamento.

Recentemente a DC Comics lançou a minissérie que trará Barry Allen de volta, Flash Rebirth. A primeira edição conta com uma capa regular do desenhista Ethan Van Sciver e, para cada 25 exemplares encomendados pelos lojistas, virá uma edição com uma capa variante e, sem surpresa alguma, infinitamente mais bonita. Qual será a escolha dos leitores ao chegarem na loja para comprar a revista? E quantos efetivamente vão conseguir a melhor capa? Digo, a que custo, já que ela valerá muito mais do que o preço convencional!

À primeira vista, não vejo efeitos destrutivos ao mercado de quadrinhos com essa técnica, mas desde que não haja abusos. No Brasil, a Panini Comics tentou fazer algo parecido nas minisséries Dinastia M, Crise Infinita e uma edição de Novos Vingadores. Felizmente, por algum motivo não revelado oficialmente, eles não mantiveram esse recurso no mercado nacional, que nunca teve espaço para esse pequeno luxo especulativo.

Abraço!

quinta-feira, 2 de abril de 2009

X-Men 188-194: Supernovas.


Supernovas.
(X-Men 188-194, julho a novembro de 2006)

Roteiro: Mike Carey
Desenhos: Chris Bachalo, com Clayton Henry
Arte-final: Tim Townsend, Mark Morales e outros
Marvel Comics.

Supernovas, a primeira empreitada de Mike Carey como roteirista da revista X-Men, é um arco que pode ser considerado como “apenas bom”. Não obstante uma pequena confusão que se possa fazer no início, por conta de alguns mistérios que ele lança ao longo das seis edições que contém a trama, e demora muito para desvendá-los, o maior feito de Carey é poder pegar vários personagens secundários da franquia e colocá-los em evidência com excelentes caracterizações.

Apesar de ter durado por pouquíssimas edições, logo após o encerramento deste arco, a equipe formada por Carey conta com Vampira, Cable, Míssil, Homem de Gelo, Mística, Dentes de Sabre, Mestra Mental e Sentinela Ômega. É uma formação um tanto quanto bizarra, tendo em vista que metade dela tem um caráter bastante duvidoso.

Porém, a forma como Mike Carey encontra para inserir vilões como Mística e Dentes de Sabre até que funciona. Pena que, com relação a este último, o escritor Jeph Loeb o tenha usado simplesmente para criar uma história cretina e “definitiva” no título Wolverine (vol. 03), que você pode conferir clicando aqui.

A utilização da vilã Mística, por sua vez, dá o tom no desenvolvimento da personalidade de Vampira que, depois de um certo tempo meio ofuscada, volta a ter o carisma de lhe trouxe a fama. Mas deixo ressalvado aqui que detesto a transformação de vilões em heróis, principalmente nos X-Men, já que a equipe parece sofrer dessa sina. Mas a Mística utilizada por Carey é exatamente aquela que imagino como o ideal para a personagem, cheia de malícia. Ela definitivamente não pode ser considerada como uma heroína nessas histórias do Carey.

O escritor utiliza também várias tiradas nas frases dos personagens, com ironia ou até mesmo perplexidade como, por exemplo, no momento em que um deles afirma sobre a manutenção dos poderes de Dentes de Sabre, após do Dia M: “Milhões de mutantes perderam os poderes naquele dia e você continuou igual? No que Deus estava pensando?”.

No entanto, o grupo de vilões mostrado nessa história, chamado Filhos da Câmara se mantém “misteriosos” por tempo demais. Sua origem de evolução paralela é bastante interessante, mas seus objetivos acabam ficando postergados para as edições finais, o que faz com que o leitor que acompanhou o arco por meio das edições originais (seis meses), acabe ficando um pouco perdido.

Chris Bachalo faz um ótimo trabalho desenhando os X-Men, tirando um ou outro quadro que aparenta ser incompreensível. Suas cenas de ação ficaram muito boas, com destaque aos “efeitos especiais” de quadros com vôo e super-velocidade. Também gosto bastante a forma que ele desenha a Vampira.

Clayton Henry, o desenhista “tapa buraco” (fill in) oficial das revistas X-Men e Uncanny X-Men dessa época, traz um resultado agradável na edição que desenha, porém destoa bastante do estilo de Bachalo. Mais uma vez, a falta de planejamento editorial prejudicou a unidade do arco no quesito arte. Pena que Chris Bachalo é incapaz de desenhar seis edições seguidas nos dias de hoje.

Supernovas, na minha opinião, é um bom início à esta nova fase dos X-Men. Pena que durou pouco e, dentro de poucas edições, já estaríamos diante de uma miscelânea de personagens do universo mutante, sem que possamos considerá-la como uma formação de equipe.



Abraço!

quarta-feira, 1 de abril de 2009

All Star Superman 01-12.

All Star Superman.
(All Star Superman 01-12, janeiro de 2006 a outubro de 2008)

Roteiro: Grant Morrison
Desenhos: Frank Quitely
DC Comics.

Essa é outra série que eu esperei terminar todas as publicações aqui no Brasil para poder começar a ler. Por conta dos prazos mais prolongados em razão da demora do desenhista em concluir cada edição, a 12ª e última edição levou quase três anos para ser lançada.

As histórias são interligadas por uma trama central, envolvendo uma superexposição de radiação solar que está destruindo as células do Superman, graças a um plano de Lex Luthor em destruí-lo. E assim, à medida em que o herói vai se deparando com adversários dos mais variados e viajantes tipos (muito provavelmente uma atualização de conceitos resgatados de histórias muito antigas do personagem), seus poderes vão se esvaindo. O Superman está morrendo.

As caracterizações são bem construídas, com cada personagem contando com uma voz diferente, com destaque para Lois Lane que sempre a achei interessante desde que não ficasse apenas no papel de namorada preocupada. O fato de ela ter um papel bastante importante nessa série a deixou da forma como gosto de vê-la atuando nas histórias. A edição em que ela possui os poderes do Superman por algumas horas é bem interessante.

A mais fraca das histórias, na minha opinião, foi a visita de Clark Kent à prisão para entrevistar Lex Luthor. As cenas em que Clark acoberta as situações de perigo sem que Lex descubra que ele é o Superman, para mim, soaram um tanto quanto infantis demais. Tudo bem, era essa a intenção, mas não gostei ou achei graça nessa brincadeira. Ressalto apenas que critico apenas a ideia em si de salvamento e não os diálogos que Grant Morrison escreve nesta história.

Já a melhor é a em que dois Kriptonianos chegam à Terra e dão muita dor de cabeça ao herói. Particularmente, achei fascinante haver dois kriptonianos astronautas. Era algo que nunca tinha me ocorrido. A personalidade arrogante dos dois ficou muito boa e destoa muito da forma como Clark foi criado. Outra história interessante é a que mostra Superman preso no mundo Bizarro e tem que arranjar uma forma de sair de lá.

O interessante é que a série brinca com o fato de sabermos os elementos básicos do universo do personagem, como sua origem e sobre o que Clark Kent é e faz, e nos traz uma série de situações inusitadas até o momento de sua conclusão que, ao contrário das séries contínuas, parece ser a intenção aqui. Ou seja, uma grande história fechada em um universo à parte. Outro ponto positivo a seu favor é que nem sempre Superman precisa usar seus poderes para salvar as pessoas, como mostra a excelente cena mostrada no quadro abaixo.



Os desenhos de Frank Quitely são muito bem detalhados e, pessoalmente, gosto muito da arte dele (apesar de perder um pouco a paciência por conta dos atrasos; a série inicialmente era pra ser bimestral). Para quem não consegue enxergar seu estilo próprio, provavelmente vai estranhar algumas caras e bocas ou algumas proporções exageradas dos personagens que ele desenha. Mas é inegável sua capacidade de construir belas sequências, seja de cenas de ação como de momentos importantes, bem como entidades ou seres extradimensionais.

Como sou um completo leigo no assunto, quando se trata de Superman e seus personagens, não captei homenagens, não identifiquei ou reconheci personagens ou conceitos há muito esquecidos. Apenas li a história esperando algo bem produzido e foi o que encontrei. Os fãs da série provavelmente se empolgarão mais.


Abraço!