quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Os Poderosos Vingadores 01-06.

"Os Poderosos Vingadores"
(The Mighty Avengers 01-06, a partir de maio de 2007)

Roteiro: Brian Michael Bendis
Desenhos: Frank Cho
Cores: Jason Keith
Marvel Comics.

Conforme eu havia dito na resenha sobre a saga Vingadores: A Queda, os Vingadores foram se tornando a partir dali, gradativamente, a nova franquia mais rentável da Marvel. Após o sucesso do lançamento de Novos Vingadores e a eclosão da Guerra Civil, um título para os Vingadores seria pouco perto da demanda. Assim, a Marvel lançou "Os Poderosos Vingadores", com o mesmo Brian Bendis no comando. Para os desenhos, foi selecionado Frank Cho, que ainda teve o prestígio de dar pitaco nos roteiro, dizendo sobre o que gostaria de desenhar.

Ocorre que, mais uma vez, aquele mal que todos os leitores atuais conhecem voltou a ocorrer: os atrasos. Era a primeira vez que Frank Cho desenhava uma revista de equipe e à medida em que os prazos foram ficando cada vez mais apertados, digo, estourados, ele pediu pra sair. E assim, essas seis primeiras edições da "revista do Cho" (palavras de Bendis em uma entrevista) foram as únicas desenhadas por ele. Frank Cho afirmou que nunca mais se comprometeria em uma revista mensal e que faria arcos fechados e especiais a partir de então. Disse também que está louco para trabalhar com Jeph Loeb, muito provavelmente em um novo volume dos Ultimates (título esse já estragado por Loeb).

Os Poderosos Vingadores é o título dos heróis que se intitulam assim (já que há outra equipe usando este nome) que estão registrados após a Guerra Civil. Assim, enquanto Bendis trabalha com os renegados em Novos Vingadores, aqui todos os heróis estão sob a supervisão da SHIELD. Tony Stark pede para que Carol Danvers, a Miss Marvel, lidere uma nova equipe de Vingadores e, junto com ela, seleciona os demais membros da nova equipe: Viúva Negra, Magnum, Sentinela, Ares e Vespa.

Assim que são reunidos para deter uma invasão de monstros vindos do subterrâneo, que atacam Nova York por ordens do Toupeira, o clima mundial começa a se alterar e desastres naturais começam a acontecer nos mais variados lugares. Na luta contra os monstros do Toupeira, Tony recebe uma sobrecarga de energia e é remoldado em um corpo idêntico à da Vespa. Esse corpo responde pelo nome de Ultron, agora assumindo uma forma mais avançada.

O arco prossegue com os Vingadores procurando um meio de deter Ultron. Para isso, contam com a ajuda de Henry Pym e uma antiga versão da armadura do Homem de Ferro. Ultron anuncia para o mundo o juízo final.

Ares bola um plano de invadir o corpo de Ultron como um vírus e Pym o acolhe. Enquanto isso, o Sentinela e Ultron trava uma batalha em que o herói esquizofrênico é levado a crer que sua mulher foi assassinada. Assim, ele fica completamente descontrolado.

O plano do vírus dá certo e Ultron é derrotada, não sem antes dar um último sinal de vida em um monitor de computador ao final da história. Tony volta ao normal e, na enfermaria, é contatado pela Mulher-Aranha segurando o corpo de um skrull que se fazia passar por Elektra (evento ligado ao arco correlato que se passou na revista Os Novos Vingadores e que levará à saga Invasão Secreta).




Brian Bendis tem a fama de enrolar ou estender demais uma história com diálogos longos e, não poucas vezes, redundantes. Os seus defensores dizem que isso torna a história ou as caracterizações mais realistas, mas é inegável que muitas de suas histórias poderiam ocupar metade das edições solicitadas. Na minha opinião, gosto muito do autor e acho algumas críticas a ele injustas e exageradas. E ponto para ele ao reintroduzir de forma inovadora os balões de pensamento que rendem momentos hilários (há quem se incomode com esse recurso).

Não obstante algumas críticas, nesse primeiro arco de Poderosos Vingadores não senti muita enrolação por parte do Bendis. Acho que ele conseguiu contar uma boa história inicial, apresentando toda a equipe, com cada um dos seus integrantes tendo os seus momentos de destaque. As cenas da infecção do vírus por Ares é, sem sombra de dúvidas, a melhor de todas e, os diálogos de tensão dos tripulantes do Aeroporta-aviões da SHIELD intercalados com a detecção do vírus ficaram sensacionais!




A arte de Frank Cho é excelente. Lendo toda a história de uma tacada só, se torna uma leitura muito agradável. Cho dá especial atenção nas mulheres, mas todos os quadros são limpos e fáceis de se acompanhar (muito diferente de Leinil Francis Yu em Novos Vingadores). Pena que não conseguiu cumprir os prazos e se foi.

Comparando as duas revistas dos Vingadores escrita por Bendis (há uma terceira escrita por Dan Slott, Vingadores: A Iniciativa), e considerando só o que veio após a Guerra Civil, na minha opinião, Os Poderosos Vingadores é muito superior ao "nada" que acontece no seu título irmão.

Abraço a todos!

Mulher-Maravilha (v.3) 01-04/A01: Quem é a Mulher Maravilha?

"Quem é a Mulher Maravilha?"
(Wonder Woman v.3 01-04 e Wonder Woman Annual 01, a partir de agosto de 2006)

Roteiro: Alan Heinberg
Desenhos: Terry Dodson
Arte-final: Rachel Dodson
DC Comics.

Assim que se encerrou a saga Crise Infinita, a DC Comics preparou terreno para o lançamento da série da Mulher Maravilha. A revista vinha ganhando rasgados elogios das histórias escritas por Greg Rucka, porém as vendas pareciam não estar de acordo com a qualidade mencionada.

Assim, decidiu-se pelo relançamento e uma nova equipe criativa foi contratada. Deixo a ressalva de que não li a fase do Rucka e nem sei ao certo sobre os motivos que o fizeram sair (ou querer sair) da revista, mas de todo modo coube a Alan Heinberg a tarefa de assumir como novo escritor e Terry Dodson, juntamente com sua esposa Rachel Dodson, a arte.

Ocorre que um certo receio se abateu logo que foi anunciado quem seria o escritor. Alan Heinberg já havia se tornado famoso por ter criado o título Jovens Vingadores para a Marvel, só que como também tem compromissos como produtor executivo e roteirista da série televisiva Grey's Anatomy, o título dos vingadores mirins sofreu tantos atrasos que decidiram descontinuá-lo até que o roteirista pudesse voltar a cumprir com os prazos (fato esse que não se verificou até hoje).

E assim, como um investidor que gosta de arriscar em prol de um lucro maior, a DC bancou Heinberg como roteirista da Mulher Maravilha confiando no cumprimento dos prazos. E se deu mal... A revista atrasou muito e, para que os leitores não ficassem sem ter histórias da personagem, a conclusão do primeiro arco ficou para a revista anual (foi a estratégia encontrada para que a série regular, que deveria ser mensal, pudesse continuar a ser publicada). Heinberg ficou só no primeiro arco e, desde então, está focado apenas no seu trabalho mais rentável (a série de TV, claro).

A história “Quem é a Mulher Maravilha?” é uma típica introdução ao universo da personagem, com alguns novos elementos. É recheada de ação e a trama é bastante simples, com uma ou outra reviravolta no seu desenvolvimento.

A trama se inicia com Donna Troy assumindo o manto de Mulher Maravilha logo após Diana ter abandonado o posto depois de tirar a vida de Maxwell Lord (não me perguntem onde, mas provavelmente tem a ver com a Crise Infinita). Steve Trevor foi seqüestrado pela Mulher Leopardo (Dra. Barbara Minerva), Giganta (Dra. Doris Zeul) e Dr. Psycho (Dr. Edgar Cizko), em troca da presença da Mulher Maravilha. Assim que chega ao local, Donna Troy luta contra os vilões e acaba sendo capturada (eles querem na verdade, Diana).

Entra em cena o Departamento de Assuntos Meta-humanos, comandado pelo Sargento Steel que nomeia Nêmesis para se encarregar do caso. Mas para isso, ele terá que contar com a ajuda de uma nova parceira: Diana Prince. Impossível não descobrir quem ela é com um nome desses.



Diana Prince é uma identidade criada por Batman e Superman para que Diana pudesse continuar na ativa sem assumir o manto de Mulher Maravilha. Ela aceita a proposta dos dois.

E assim a história vai se desenvolvendo, contando com a presença de diversos personagens do universo DC, notadamente as relacionadas com o microverso da Mulher Maravilha:Donna Troy e Moça Maravilha (Cassandra).

Os vilões seguem destruindo boa parte da cidade chamando pela “verdadeira” Mulher Maravilha e, antes que Diana possa assumir novamente esse manto, surge Hércules, o Moço Maravilha (hehehe... brincadeira).

A história só começa a ter alguma relevância quando surge Circe. Ela lança um feitiço em Diana e em Hércules e rouba os poderes dos dois. Assumindo-se como nova Mulher Maravilha, ela prioriza suas ações no combate ao tráfico de mulheres, ceifando a vida de todos os homens envolvidos nessa atividade criminosa.




Diana e Hércules vão atrás de Circe em sua ilha grega e lá eles travam uma nova batalha. No final, descobre-se que Hércules também era um dos envolvidos nos atos de vilania, porém foi traído por Circe. Mais batalhas e um pouco mais de uma dezena de vilões que eu não faço a menor idéia quem são.

No final, Diana adquire novamente seus poderes e assume de vez o posto de Mulher Maravilha. Interessante notar que em uma determinada ocasião, ela diz que a Mulher Maravilha é um ideal, então esse rótulo não pertence à ela necessariamente mas sim à quem o usa de forma devida. Circe lança um feitiço em Diana que a deixa vulnerável (humana) ao se “destransformar” em Diana, algo que ela própria, de certa forma, pediu. E assim Diana decide continuar atuando como Diana Prince (sua nova identidade secreta) ao mesmo tempo em que assume novamente o posto de Mulher Maravilha.



E assim se encerra o primeiro arco do terceiro volume da revista. Como se viu, foi uma história simples, descompromissada, com muita ação e participações especiais. Serviu de base para dar um novo status quo à personagem, agora com essa nova identidade secreta.

Pena que, infelizmente, ainda tiveram dois outros escritores na revista até que Gail Simone pudesse ser nomeada a roteirista de longo prazo para a revista. Lembro que na época em que Simone foi nomeada a nova escritora da série, leitores pediram para que a numeração anterior voltasse (assim como ocorreu com o fracassado relançamento da revista do Flash), o que acabou não acontecendo.

Terry Dodson continuou por mais algumas edições e em tempos recentes assinou contrato de exclusividade com a Marvel. Em uma entrevista, ele disse que a Marvel deu parte do seu tempo para ele trabalhar em uma graphic novel autoral, de modo que pudesse desenhar menos histórias do que consegue. Hoje ele revesa os desenhos da revista Uncanny X-Men com Greg Land. Particulamente, gosto muito da arte dele e, ao observarmos seus primeiros trabalhos na Marvel nos anos 90, vemos o que quanto ele evoluiu.

Nessa série da Mulher Maravilha, vê-se cenas realmente muito bem desenhadas, com detalhes nos planos de fundo e precisão nos ângulos dos personagens. Achei os desenhos bem dinâmicos e condicentes com a ação que a história exigia. E merece um grande destaque no visual maravilhoso (perdoem o trocadilho infame) da Circe quando esta adquire os poderes da Mulher Maravilha. Muito bom!

Enfim, o relançamento da série teve um começo que seria bastante promissor mas, infelizmente, foi prejudicado pelos atrasos que custou a saída do seu autor inicial.

Abraço a todos!

Batman 655-658: Batman & Filho.

"Batman & Filho"
(Batman 655-658, a partir de setembro de 2006)

Roteiro: Grant Morrison
Desenhos: Andy Kubert
Arte-final: Jesse Delperdang
DC Comics.

Este é o primeiro arco de histórias escrito por Grant Morrison à frente do principal título do Batman. Da mesma forma, é a estréia de Andy Kubert nos desenhos para a DC Comics, logo após ter sido encerrado o seu contrato de exclusividade com a Marvel.

Batman & Filho retoma uma história publicada na graphic novel Batman: o Filho do Demônio, também escrita por Morrison, que ao final, ficamos sabendo que a filha de Ra's Al Ghul, Talia, deu a luz a um bebê, filho de Batman. Essa história foi durante anos colocada como fora da cronologia do personagem, algo que o outrora editor dos títulos do morcego, Dennis O'Neal, não cansava de repetir. Sinal de que hoje estamos em outros tempos, sob outros pontos de vista do que pode ser (ou não) interessante de se agregar à mitologia do homem morcego.

Após uma rápida captura do Coringa, Batman decide tirar férias em um evento de caridade em Londres. Lá ele se encontra com Kirk Langstrom, também conhecido como o Morcego Humano (Man-Bat). A mulher deste é raptada por Talia, filha de Ra's Al Ghul, a fim de que esse entregue o soro que o tranforma no morcego. Assim que consegue cumprir esse seu objetivo inicial, ela forma um exército de morcegos que atacam o evento de caridade e seqüestra a mulher do Primeiro Ministro da Inglaterra.




Batman é capturado pelos morcegos, é apresentado a Damien, seu filho, e é solto logo em seguida. Talia diz que voltará a atacar e, enquanto isso, Batman deve cuidar de seu filho. E por duas edições, vemos esse menino aprontar as suas.

Damien é um garoto extremamente irritante, sádico, treinado pela Liga dos Assassinos e que, não só decepa pessoas sem piedade, como também dá uma surra em Robin, dizendo-se logo em seguida o seu sucessor.

Depois de aprontar um monte e encher o saco de todos (inclusive os leitores), pai e filho vão atrás de Talia num batfoguete. Ao encontrá-la, Talia dá a sua cartada final, oferecendo seus préstimos de combate ao crime desde que Bruce aceite formar uma dinastia com ela que, segundo suas palavras, poderá governar o mundo por mil anos. O melhor é a chantagem que ela faz perguntando a Damien com quem ele prefere ficar. O garoto fala que prefere ver os dois juntos.



Ao final, o submarino explode e Talia e Damien desaparecem na explosão, deixando um único vestígio (um pedaço da capa do garoto).

Confesso que esperava bem mais de Grant Morrison. A história não é ruim, mas também não é nada excepcional. A trama é ágil, porém com momentos extremamente irritantes, como o próprio Damien. Não espero que Morrison escreva um clássico atrás do outro, mas essa história é bem "feijão com arroz".

Andy Kubert tem um estilo que me agrada bastante, mas um ou outro quadro e algumas expressões faciais ficaram muito ruins. Ele também é craque em desenhar personagens em posições humanamente impossíveis. Destaco com ponto positivo a capa da edição 655 (a que ilustra esse blog) que, na minha opinião, ficou fantástica!

Enfim, matei minha curiosidade (com certo atraso) em ler o tão esperado Batman de Grant Morrison e tenho minhas dúvidas se vou dar continuidade à série.

Abraço a todos!

Lanterna Verde: Renascimento.

Lanterna Verde: Renascimento.
(Green Lantern: Rebirth 01-06, a partir de dezembro de 2004)

Roteiro: Geoff Johns
Desenhos: Ethan Van Sciver
Arte-final: Prentis Rollins
DC Comics.

A história se inicia com Kyle Rayner buscando o corpo de Hal Jordan no centro do Sol com uma nave concedida por Ganthet (um dos Guardiões do Universo) para que sua alma possa ser salva. Essas explicações são dadas no decorrer da história de modo que tudo o que se mostra nesse início é um grande mistério a ser revelado mais ao final.

A partir de então começa a explicação sobre a entidade chamada Parallax, codinome usado por Hal Jordan nos anos 90 quando este se tornou um vilão. Trata-se de um retcon utilizado por Geoff Johns para justificar as atitudes de Hal Jordan no passado e redimí-lo no presente. Particularmente, eu gostei das explicações dadas.

De fato, os fatores cósmicos que o autor utilizou para abrir caminho para o retorno de Hal Jordan como o Lanterna Verde são bastante interessantes e amarra bem a cronologia, como explicarei a seguir. O Parallax, na verdade, não é apenas um codinome. É um parasita cósmico (uma "impureza amarela") aprisionada e adormecida há muito tempo pelos Guardiões no Universo na Bateria Central que, por sua vez, adquire força por meio do medo que ele emprega nos habitantes do Universo. Como uma espécie de força antagônica, há a Bateria Central do Poder (responsável pela energização dos anéis dos Lanternas Verdes), que tem sua essência ligada à força de vontade desses mesmos seres.

Assim, quando o Parallax é despertado por Sinestro (que também foi aprisionado na Bateria Central do Poder), ele começa a influir no consciente de H, justificando assim seus atos de vilania do passado.

Em Renascimento, a preocupação recai sobre se a entidade Parallax poderá corromper o poder do Espectro (que acolheu a alma de Hal Jordan), quando e em que medida.

Parte da origem de Hal Jordan é mostrada nesta mini-série, como a morte do seu pai em um vôo (com Jordan e Carol Ferris presentes no ato). Aliás, pelo menos para quem está começando a acompanhar as histórias dele a partir daqui, achei bastante satisfatória a explicação para a personalidade temerária e teimosa de Hal, ou seja, o testemunho da morte de seu pai em um acidente com um caça, bem como sobre as razões dele ter adquirido as mechas grisalhas no seu cabelo (o medo que o estava corrompendo...).

Confesso que como um leigo no Universo DC, me senti meio perdido em algumas ocasiões. Vários personagens aparecem durante essas três primeiras partes, mas nada que seja muito difícil de acompanhar. Aliás, na terceira parte, quando tudo começa a fazer sentido e boa parte das explicações nos são finalmente passadas, você percebe o quão envolvente é a trama.

Depois de usar as três primeiras edições para explicar os motivos da "traição" (infecção diria eu, num modo vulgar) de Hal Jordan, a partir da quarta edição começa o clímax de Renascimento. De agora em diante, o escritor Geoff Johns usa e abusa de elementos de ação, algo esperado e muito bem alocado para o momento oportuno.

No satélite da Liga da Justiça, Kyle Rayner e Arqueiro Verde confrontam Sinestro a fim de proteger o corpo de Hal Jordan. Enquanto isso, na Terra (numa Coast City recém-construída) a Liga da Justiça combate Parallax que tenta dominar o poder do Espectro. Guy Gardner, John Stewart e Kilowog se livram da influência de Parallax com a ajuda de Ganthet (o Guardião do Universo). As duas lutas prosseguem até que finalmente a alma de Hal Jordan é liberdada do Espectro e da influência de Parallax. Assim, Ganthet emite uma luz para que Hal Jordan possa finalmente retornar.

No satélite, Kyle e Ollie lutam como podem para tentar derrotar Sinestro. O vilão conta que assim como é conhecido como o maior vilão de seu mundo, ele orquestrou uma forma de tornar Hal Jordan, seu maior inimigo, o maior vilão da Terra. Ponto para Geoff Johns pelo preciso encaixe na cronologia!

O Parallax fica sem hospedeiro e procura o corpo de Ganthet. No satélite, assim que a alma de Jordan é libertada e guiada pelo Guardião, vemos finamente o retorno do Lanterna Verde na última parte da quarta edição. As mechas brancas desaparecem de modo a evidenciar que Hal Jordan não possui mais o medo que o corrompia. Assim, ele chama Sinestro para a briga.
A quinta edição é excelente. Acredito que Geoff Jonhs guardou muito bem a ação desenfreada para o final, o que para mim é uma decisão acertada. Praticamente todo o conteúdo já nos havia sido repassado nas edições anteriores e assim era só concluir a história com boas cenas de ação e interação entre os personagens.

Na penúltima parte de Renascimento, o foco central é a batalha entre Hal Jordan e Sinestro. Muito bem elaborada e recheada de diálogos entre os dois inimigos e o clima espacial do confronto chama a atenção desta edição. Aliás, é exatamente esse contexto de ficção científica que me fascina no universo do Lanterna Verde, mesmo conhecendo muito pouco (ou quase nada) de suas histórias do passado.

Ao final da batalha, e já com a ajuda de Kyle Rayner, Sinestro escapa em um vórtex interdimensional não sem antes dar as boas vindas pelo retorno de Jordan. Passada a luta, Hal Jordan (o verdadeiro) finalmente é formalmente apresentado a Kyle Rayner.

Assim, os dois decidem ir ao encontro da Liga da Justiça para ajudá-la contra Parallax, que se hospedou no corpo do Guardião do Universo Ganthet. Assim que os Lanternas Verdes Kilowog, John Stewart, Guy Gardner, Kyle Rayner e Hal Jordan são reunidos, Batman interrompe tudo e diz que impedirá Hal de fazer qualquer coisa. Estas serão as questões finais desta mini-série que, para mim, merece pouquíssimos reparos, como veremos mais adiante.

Batman acredita em trevas e medo. Hal Jordan, por sua vez, não. Essas duas faces são colocadas em evidência assim que Batman prende o braço de Hal com uma batcorda (hehe...). Mas Hal facilmente faz a batcorda se desintegrar com seu anel e novamente reúne os Lanernas Verdes para combater Parallax. Batman tenta interromper e é surpreendido por um gancho de Jordan.



Batman chama a Liga da Justiça para o ataque, mas eles são interrompidos pelo Lanterna Verde da Sociedade da Justiça (Alan Scott), já que a batalha não pertence a eles. E assim, a Liga da Justiça apenas observa o desfecho da história.

E assim ocorre a batalha final entre os Lanternas Verdes reunidos contra a entidade Parallax. Muito interessante a forma encontrada por Geoff Johns para retratar as diferentes formas como o anel de cada um deles se manifesta. A precisão de Hal, a força bruta de Kilowog, as faíscas de Guy e a frescura de Kyle (hehehe...).

O objetivo dos Lanternas Verdes é novamente aprisionar Parallax na Bateria Central do Poder. A luta prossegue de forma envolvente até quando chega o momento mais emocionante, acredito eu, para todos os fãs do personagem: o Juramento. Cada um dos Lanternas fala uma parte desse juramento (que é indiscutivelmente muito bom) e assim Parallax é derrotado.

No final, Oliver Queen (o Arqueiro Verde) entrega a Bateria do Poder que ele guardou para Hal. Logo depois, este diz a Carol Ferris ter planos para o futuro (que serão visto na série regular do personagem).



C O M E N T Á R I O S :

Bastante empolgado para acompanhar a nova revista mensal nacional do Lanterna Verde, resolvi inicialmente ler mais a respeito do personagem por meio dessa mini-série, lançada originalmente em dezembro de 2004 nos Estados Unidos. Escrita por Geoff Johns, escritor que está à frente da autoria do título do personagem até os dias de hoje (e com rasgados elogios da crítica especializada), a história, como todos sabem, traz o retorno de Hal Jordan como o Lanterna Verde.

Renascimento é uma excelente história, com muito conteúdo, bem amarrada com a cronologia da DC Comics e que serviu como forma de "regenerar" Hal Jordan (regenerar é um termo impreciso se levarmos ao pé da letra o que realmente aconteceu).

Os únicos pontos negativos que destaco é a falta de explicação para alguns personagens que aparecem, como em um interlúdio em que aparece um cabeçudo (Hector Hammond) em uma prisão. Hammond retornaria no arco mais confuso da série mensal do Lanterna Verde que seria lançada e Johns novamente não explicaria muito bem quem ele é.

O resto é muito bem elaborado. Os personagens da Tropa (Guy, John e Kilowog), todos estão muito bem retratados e até o chato do Kyle não está tão insuportável como estamos acostumados. O antagonismo de Hal com o Batman também é uma ótima idéia, bem como a quase incondicional amizade de Jordan com o Arqueiro Verde.

Enfim, Renascimento é uma história com quase 100% de acerto, com diálogos muito bons e acontecimentos na hora e na medida certa.

Os desenhos de Ethan Van Sciver são bons e mantém o mesmo padrão em todas as seis edições. Já conhecia o traço dele em New X-Men. Acho-o às vezes um pouco irregular, mas ele realmente caprichou nessa mini-série. As cores inseridas nos seus desenhos também ficaram excelentes. E, ao que parece, ele não pouca esforços em detalhar os quadros. A arte dele casou bem com a proposta da revista.

Destaco como ficou boa a forma bestial do parasita Parallax. Também digno de elogios são os desenhos da cena em que os Lanternas fazem o juramento, que ficou muito bom, bem como a batalha espacial de Hal com Sinestro na quinta edição!

Para encerrar, a mini-série termina com um diálogo muito preciso entre Ollie e Hal. O primeiro diz: "Sabe... eu ainda não consigo me lembrar daquele maldito juramento". Hal Jordan fecha a história com esses dizeres emblemáticos:

"E eu nunca vou me esquecer."

Abraço a todos!

BAMF!

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Surpreendentes X-Men: Perda.



“Perda”
(Giant Size Astonishing X-Men 01, maio de 2008)

Roteiro: Joss Whedon
Desenhos: John Cassaday
Cores: Laura Martin
Marvel Comics.

E aqui se encerra com chave de ouro a fase de Joss Whedon e John Cassaday em Astonishing X-Men. Nessa última história, os principais heróis da Marvel são reunidos para, metaforicamente, celebrar o encerramento dessa equipe criativa que por 4 anos (deveria ser 2 se não fossem os imensos atrasos) nos brindou com excelentes tramas e caracterizações.

Os heróis Marvel são reunidos no Zênite (a base da ESPADA) pelo Sentinela vivo e lá procuram elaborar um plano para salvar o planeta da bala disparada no Grimamundo, bem como a vida de Kitty Pride que se encontra dentro dela. Só que a bala está protegida magicamente, então todos são ludibriados de modo a pensar que cada um deles salvou o mundo. E assim, sucessivamente, a começar pelo Homem-Aranha, eles vão acordando para a realidade e se vêem de mãos atadas.

Enquanto isso, no Grimamundo, Colossus se recusa a destruir o planeta baseado na história de massacre de seu próprio país de origem (antiga União Soviética). Aghanne procura convencê-lo de que a morte é a melhor opção para seu povo opressor e intolerante, mas ele se recusa a cumprir a “profecia”. Os dois travam uma batalha, e para mim, esta é a parte em que Colossus finalmente mostra a que veio. Ord interfere para que se mundo não seja destruído e ele e Aghanne morrem devido às queimaduras da fonte de energia.



Também é revelada parte da origem da Agente Brand (meio alienígena) e é desenvolvida um pouco a tensão sexual existente entre ela e o Fera.

Os X-Men tentam persuadir Krunn a ajudá-los na salvação de seu planeta mas a solução acaba sendo mesmo o já notório sacrifício de Kitty Pride. Em uma conversa comovente entre ela e Emma, os dois lados contrapostos da equipe desde a sua estréia, fica evidenciado que Emma, no fundo, sempre sentiu um grande respeito por ela. Aliás, desnecessário dizer que os diálogos de Whedon são sempre precisos. Uma conclusão comovente, como poucas que se vê por aí.



John Cassaday desenha como nunca. As seqüências com Colossus e Aghanne são muito bem feitas (e as cores em volta dos dois ajudam muito a dar um ar de “batalha final”). Já a seqüência da bala atravessando o planeta ficará na história não só da equipe como um dos grandes momentos dos quadrinhos. Como disse, nasceu um clássico. Os únicos pontos negativos que destaco foram as expressões faciais de Reed Richards e dos desenhos do Coisa.

E não canso de evidenciar. Os X-Men são retratados como “X-Men” sem referências às dezenas de outros integrantes. Lembra muito o início dos Novos X-Men (1975), em que você sabia exatamente qual era a formação da equipe. Hoje, existem no mínimo três! Sei que é difícil a Marvel ceder apenas um título ao grupo principal, principalmente pelo fato das vendas não serem mais como antes. Assim, três títulos podem compensar o que antes um resultava sozinho. Outra alternativa que, na minha opinião, seria melhor era o título Uncanny X-Men se tornar quinzenal.

O importante, no entanto, é ter uma equipe de peso em que se tenha espaço para trabalhar os personagens como ocorreu neste título.
Nota-se que, ao final, fica em aberto o paradeiro de Cassandra Nova, a ajuda da ESPADA a Lockheed e a entrega de Charles Xavier à Perigo, conforme prometido por Emma Frost.

Sem querer parecer pessimista, é muito difícil alguma equipe criativa, logo em seguida, ou mesmo algum tempo razoável depois, igualar ou mesmo superar essa. Acredito que tudo o que tornou os X-Men ícones e campeões de vendas, gradativamente, a partir de Giant Size X-Men 01 em 1975 esteve nessas 25 edições de Surpreendentes X-Men. Infelizmente, não é o que se vê nos demais X-Títulos. Repito, infelizmente. Espero, sinceramente, que Whedon faça escola.

Abraço a todos!

Surpreendentes X-Men 19-24: Incontrolável.

“Incontrolável”
(Astonishing X-Men 19-24, a partir de setembro de 2007)

Roteiro: Joss Whedon
Desenhos: John Cassaday
Cores: Laura Martin
Marvel Comics.

No último arco de Joss Whedon e John Cassaday, as pontas soltas são amarradas com precisão e testemunhamos um surpreendente sucesso editorial da Marvel. Por 24 edições (mais um especial “gigante”, que será analisado logo em seguida), os X-Men são levados a outro patamar e essa fase entra definitivamente para a categoria dos clássicos da equipe.

O arco de inicia com os X-Men, Ord e Perigo na nave da Agente Brand, que se direciona para o Grimamundo. Essa foi a estratégia usada por ela (levar o “Destruidor de Mundos” ao planeta alienígena) para conter uma imediata destruição da Terra. Brand revela também qual a razão de todos os X-Men terem sido teletransportados, dizendo que precisa de super-heróis. A agente explica aos X-Men que o Grimamundo possui um míssil capaz de obliterar a Terra e que precisa dos X-Men para impedir que isso aconteça, bem como descobrir a verdade sobre a profecia.

Assim que a nave é avistada pela tropa do líder do Grimamundo, Lorde Krunn, os X-Men são separados, mas todos já haviam planejado um ponto de encontro: uma escavação chamada “Palácio do Cadáver”, que possui uma inscrição “antiga” com a imagem de Colossus aparentemente destruindo um Sol.

Kitty Pride e Colossus conhecem Aghanne, uma ex-guerreira que cuida de um hospital (algo proibido nesse mundo) que vê a profecia sob outro ponto de vista (“mutação”, diz ela). Ela diz que a profecia pode significar um mundo melhor e não a sua destruição.

Em outra parte, a Agente Brand e o Fera trocam farpas quando vão investigar o Retaliador, o aparente míssil apontado para a Terra. Interessante como é mostrado a “antipatia” (tensão sexual) entre ambos. Mais uma amostra de belos diálogos criados por Whedon. Fera descobre então que a profecia não é tão antiga assim por conta da forma em que as inscrições foram produzidas.

Ciclope e Emma saem à procura das forças da ESPADA. De repente, são abatidos por Perigo, mas Emma revela todo o segredo por trás do fracasso desse ser artificial: Perigo não conseguiu ainda superar a programação que a proíbe de matar os mutantes. Por isso ela apenas derrotou os X-Men e foi em direção a Charles. Assim, Emma propõe entregar Xavier à Perigo se ela os ajudar. Ela aceita a proposta. Aliás, essa é uma cena muito bem elaborada.

Novamente reunidos, Kitty descobre sobre Lockheed ser o agente infiltrado. A Agente Brand é bastante rude com ela quando Kitty trata o dragão como um bicho de estimação, o que faz Emma intervir em seu auxílio.

Com um plano secreto, os X-Men armam um jeito de adrentrar nas “impenetráveis” muralhas da Prisão de Lorde Krunn sacrificando, literalmente, Ciclope. Logo depois de ser ressuscitado por Krunn para que ele revele sobre o que seria o “Leviatã” (um termo que fazia parte de todo o plano), ocorre uma das cenas mais memoráveis que os X-Men já tiveram: Ciclope revela que não havia perdido seus poderes, atirando em Krunn e arrebentando os muros “impenetráveis” do Palácio. Tudo isso estupendamente desenhado por John Cassaday.



E assim os X-Men, contando com a ajuda dos agentes da ESPADA vão até o centro de poder do planeta, onde, supostamente, aconteceria a profecia. Lá eles descobrem que Colossus é o único que pode entrar na fonte mas, antes que faça alguma coisa, ele descobre quem na verdade estava por trás de toda essa história de profecia e fim do mundo: Aghanne, a curandeira rebelde.

Enquanto isso, na base lunar, Kitty penetra no suposto míssil (o Retaliador) a fim de desativá-lo. Mas descobre que ele não tem circuitos internos e que é revestido apenas de um metal do planeta alienígena que a deixa com fadigada quando alcança a ponta oca do Retaliador. Porém, para a surpresa de todos, o lançamento é efetuado e Fera descobre que na verdade o “míssil” é uma bala.

A série Surpreendentes X-Men se encerra em uma edição especial “gigante” que, na minha opinião, era dispensável. Achava melhor que a edição 25 fosse uma edição com mais páginas, para que uma série com início meio e fim pudesse se encerrar em uma seqüência lógica nas numerações.

Engraçado como esse arco possui um ar de encerramento em quase todas as suas passagens. Por um lado você aprecia tudo o que está sendo apresentado. Por outro, fica triste pelo fato de estar acabando uma das melhores fases da equipe.

Abraço a todos!

Surpreendentes X-Men 13-18: Destroçados.

“Destroçados”
(Astonishing X-Men 13-18, a partir de abril de 2006)

Roteiro: Joss Whedon
Desenhos: John Cassaday
Cores: Laura Martin
Marvel Comics.

Destroçados é o arco mais intimista de Surpreendentes X-Men. Volto a dizer que quando os autores usam de personagens fixos para trabalhar, e assim é muito mais fácil contar uma história coesa e desenvolver os personagens de forma adequada. E é exatamente isso que vemos aqui.

Em um aparente retorno e com uma nova formação, o Clube do Inferno está de volta disposto a acabar com os X-Men e com um plano secreto em mente (que será revelado ao final do arco). Composto agora por Sebastian Shaw (o Rei Negro), a x-man Emma Frost, a misteriosa Perfeição, Cassandra Nova e Míssil Adolescente Megassônico (sim, esse nome mesmo, que inclusive é ridicularizado por Kitty Pride numa batalha), o Clube do Inferno consegue concretizar o pior pesadelo de todos os X-Men.

O primeiro deles, e melhor, é com relação ao Ciclope. Emma faz uma regressão com Scott e nos é revelado um segredo que ele guardou desde que adquiriu seus poderes: ele decidiu não ter o controle sobre seus poderes por conta de suas próprias inseguranças. Isso o deixa totalmente indefeso e o leva ao coma.

Já Míssil Adolescente Megassônico faz com que Kitty se desmaterialize até afundar no subterrâneo do planeta. Wolverine se torna uma criança assustada, Fera perde o intelecto de vez e vira um ser irracional, e Colossus confrona Shaw com toda sua fúria e recebe tudo o que despendeu de volta (esse é poder de Shaw) e é nocauteado.

Há um mistério por trás do retorno desse Clube do Inferno que é revelado ao final. Também é amarrado o fato do por que ter sido a própria Emma quem decidiu que Kitty Pride deveria voltar ao grupo, mesmo sabendo que esta o odeia. Aliás, o confronto das duas, em uma cena que se inicia com a quebra de um espelho é espetacular e muito criativo. Dispensável dizer que contém também ótimos diálogos entre as duas.

Enquanto isso, continua os preparativos para o último arco da série sob as mãos de Whedon e Cassaday. A Agente Brand vai até o Zênite, o quartel-general da ESPADA e descobre quem é o X-Man responsável pela dizimação do Grimamundo: Colossus. E ao saber que aquele mundo perdeu contato com a Terra, pressupõe que a guerra poderá ter início a qualquer momento.

Assim, decide agir. Aqui é revelado quem é o agente infiltrado na mansão: Lockheed. Na prisão do Zênite, Perigo contata Ord e propõe a ele um acordo para que ambos derrotem os X-Men. Assim, eles planejam a fuga de Ord e, com sucesso, vão até a Mansão X atrás de Colossus.

Assim que Perfeição se revela como a Rainha Branca, algumas coisas inicialmente inseridas no arco não começam a fazer sentido. Mas só de modo aparente. Assim que Ciclope ressurge atirando em todos os integrantes do Clube do Inferno, descobrimos que nada daquilo era real.

Tudo não passou de um plano de Cassandra Nova que implantou uma espécie de comando na mente de Emma Frost para que, no momento oportuno, esta usasse os X-Men para libertá-la. Há, inclusive, um retcon que se passa momentos antes do arco E de Extinção (como já foi dito, o primeiro de Grant Morrison nos mutantes).

Ver Ciclope, ao final, vestindo o seu traje de New X-Men também é uma bela surpresa. Particularmente, prefiro os colantes coloridos, mas no caso do Ciclope o visual ficou muito bom.

Os outros X-Men voltam ao normal (Wolverine encontra uma cerveja e Fera vê um novelo de lã, parte de um plano de “resgate” elaborado por ele e o Professor X). Enquanto isso, Kitty é telepaticamente manipulada e usa seus poderes para liberar Esponja, a prisão orgânica de Cassandra Nova. Kitty pensava que estava libertando seu suposto filho com Colossus, mas assim que cumpre seu papel, ela volta à realidade.

E assim a questão da traição ou confiança em torno de Emma Frost é colocada em evidência ao final. Sua culpa por ter sido a única sobrevivente do massacre de Genosha é desenvolvida por Scott e assim entendemos todo o seu drama (ao mesmo tempo em que nos deparamos de como é bom personagens ricos em personalidade e distintos entre si). Se ela auxilia na libertação de Cassandra ou se consolida sua condição de X-Man é o grande mote para o desfecho do arco.

Para concluir, assim que Ord e Perigo chegam até os X-Men, a Agente Brand teletransporta todos eles para sua nave e os leva em direção ao Grimamundo. O paradeiro de Cassandra é um mistério que fica em aberto com essa interrupção abrupta.

Pessoalmente, acho a segunda parte a melhor de todas. As questões existenciais de Ciclope finalmente revelam o quão interessante sua personalidade se mostra e o quão incisiva Emma é ao praticamente humilhá-lo quanto às suas escolhas já tomadas. Um espetáculo de caracterização feito por parte de Joss Whedon.

Em agosto de 2007, fiz uma resenha sobre a edição 68 da revista X-Men Extra (Panini) para o Fórum de Quadrinhos MBB, que é justamente a que mostra a segunda (e melhor) parte do arco. Reproduzo o que escrevi a seguir, com algumas adaptações:


[Avaliação] Surpreendentes X-Men #68 (ou XMEx).


Sem sombra de dúvida, Astonishing X-Men é um dos melhores títulos publicados atualmente. Toda a essência do universo dos X-Men consolidada ao longo dos anos e que conquistou uma legião de fãs encontra-se neste título. Magistralmente escrito por Joss Whedon, que atrasa um bocado para entregar os roteiros, é interessante notar que a cada edição lançada o leitor consegue perdoá-lo dada a qualidade do texto, com exceção de uma ou outra voz isolada e sem ressonância.

Depois do segundo arco, "Perigoso”, que foi aquém do primeiro, o título parece voltar a se destacar dada a nova trama que se desenvolve desde a edição passada. O Clube do Inferno, uma das organizações de vilões mais interessantes dos quadrinhos, está de volta e agora é composto por Sebastian Shaw, Cassandra Nova, Míssil Adolescente Megassônico e Emma Frost. A participação desta última foi o grande chamariz para o início da nova “temporada” da revista e nesta edição vemos como foi, em termos, o planejamento da dizimação da população de Genosha, mostrada no arco E de Extinção, há algum tempo atrás.

Após aparecer travestida de Fênix, Emma Frost mostra a Scott (Ciclope) ao longo da edição os entraves psicológicos que ele teve que lidar desde o dia do acidente de avião que culminou na sua orfandade. É interessante notar o paralelo que o Whedon desenvolve ao mostrar as inseguranças do personagem com relação às pessoas à sua volta, ao seu modo amar, com os poderes contidos pelo seu visor de quartzo rubi. À primeira vista, parece pura maldade da ex-Rainha Branca ao ficar brincando com os sentimentos do Ciclope, mas quanto mais a história se desenvolve, vemos que, por mais que tudo indica que uma trama maior está por trás disso tudo, a intenção de Emma não é das piores.

E nisso, devemos parabenizar Whedon pelo espetáculo de caracterização deste casal de personagens. Existem várias passagens dignas de nota em uma história de vinte e duas páginas, e pouquíssimas pessoas conseguem escrever tanta coisa boa em um espaço tão curto.

O ponto alto, na minha opinião, ocorre quando a Emma compara o Ciclope com os outros líderes do universo Marvel. Inicialmente, destaca todas as qualidades dos demais integrantes dos X-Men, mostrando algo de especial em cada um deles, à exceção do pobre Scott e conclui de forma massacrante:


“Você já viu outros lídres, Scott. Eles se destacam. Não têm como evitar. Na única vez em que você precisou defender seu título, o perdeu para Tempestade. Potencialmente, os X-Men são a equipe mais poderosa do planeta... e Xavier lhe entregou o comando. Por pena. Porque acreditava que você seria um fiasco se não tivesse um pouco de motivação.”

Para mim, a melhor passagem, de longe. A lembrança da disputa do título com a Tempestade, ocorrida há um bom tempo atrás, também é um bom alento para quem acompanha os personagens e vê sua história ser respeitada no meio de tanta confusão que se seguiu ao longo dos anos, notadamente nos anos 90. Inclusive, muito boa essa história lembrada, que foi desenhada por Rick Leonardi e escrita por Chris Claremont (claro que tinha que ser dele!). Salvo engano, foi publicada aqui em X-Men 25 da Editora Abril. Quem achar num sebo qualquer, vale muito a pena a leitura! Abaixo, a homenagem do Cassaday.



Não poderia terminar de falar sobre a história sem destacar a hilária cena da Kitty, ao usar seus poderes na hora mais inapropriada possível. Quem não for comprar a revista, dá uma folheada que é muito boa a cena.

Minha única crítica é a falta de desenvolvimento do Colossus. As vozes que o defendem dizem que ele é “quietão” assim mesmo, mas penso que não obstante tenha sido uma boa hora para trazê-lo de volta, o personagem simplesmente voltou e o máximo que faz é dar uns beijinhos na Kitty e soltar uma frase ou outra, de forma lacônica, de vez em quando.

Nos desenhos, John Cassady mantém o alto padrão das edições anteriores e faz belas seqüências. Algumas expressões da face da “Jean” ficaram meio esquisitas, mas a Emma que ele desenha compensa qualquer coisa. Destaque também para o Fera que é sempre muito bem retratado tanto nas falas como nos desenhos.

Pra concluir, termino dizendo que essa história não deixa de ser uma espécie de redenção para aqueles que não viam nenhum significado no modo de ser do Ciclope. Uma coisa é não concordarmos com as atitudes dele, outra é maldizê-lo pelo simples fato de ele não posar de “fodão”. Uma bela distinção de personalidades. E é exatamente essa a beleza das equipes de super-heróis: a heterogeneidade dos seus integrantes.

Abraço a todos!

Supreendentes X-Men 07-12: Perigoso.

“Perigoso”
(Astonishing X-Men 07-12, a partir de janeiro de 2005)

Roteiro: Joss Whedon
Desenhos: John Cassaday
Cores: Laura Martin
Marvel Comics.

Vimos que o primeiro arco de Surpreendentes X-Men apresentou alguns personagens que seriam importantes para os próximos. Da mesma forma, foi mostrada qual seria a formação da equipe de personagens que Whedon trabalharia, o que se mostrou uma decisão muito acertada de não encher o título com dezenas de mutantes. Com uma equipe fixa de meia dúzia de personagens, há espaço para trabalhar a personalidade de cada um deles de maneira satisfatória. E é exatamente isso que acontece nesse arco.

“Perigoso” trata da evolução e origem da Sala de Perigo, o ambiente virtual no qual os X-Men treinam suas habilidades. Na sua origem, era um emaranhado de ferramentas mecânicas ou buracos para Jean Grey brincar de tricô (leia as resenhas de Os X-Men para saber mais).

Depois que foi impregnada de tecnologia Shiar, a Sala de Perigo se tornou um ambiente de realidade virtual. Assim, mundos e situações poderiam ser reproduzidos de forma “real”, com um único e principal detalhe: a sala não poderia matar. Havia um empecilho, um impedimento para que ela não chegasse a tanto. Uma trava, dispositivo de segurança criado por Charles Xavier que a impedia de cumprir exatamente aquilo que ela foi programada: matar os mutantes.

Assim, a partir do momento em que ela “evolui”, ao deixar que um dos alunos (Asa) curados no primeiro arco praticamente se suicide, a inteligência artificial se diz livre do bloqueio. Ao mesmo tempo, planeja que os X-Men a libertem do espaço físico que a prende ao reativar um antigo Sentinela que chama a atenção dos X-Men, enquanto aprisiona todos os alunos.

Assim que o núcleo de comando é destruído por Wolverine (tentando retirar os alunos da sala), ela é libertada e se molda em um corpo físico robótico.

Depois de derrotar todos os X-Men em uma luta corpo a corpo, ela vai atrás de seu criador, Charles Xavier. Em Genosha, inicia-se outra luta impressionante entre os dois, recheada de diálogos e situações inovadoras. Xavier engana Perigo com “jogos mentais” e assim que ela acha que está pronta para dar o “bote”, ele já tinha agido anteriormente decepando-a.

Em cenas paralelas, a Agente Brand, da ESPADA, continua com sua empreitada em tentar achar uma solução pacífica para o provável conflito terrestre com o Grimamundo (o de que um X-Man destruiria aquele planeta). Ela cita a presença de um infiltrado na Mansão X e diz as seguintes palavras proféticas: “Há uma bala apontada pra cabeça deste planeta. Todos vocês sabem do que estou falando”. Isso que é planejamento editorial impecável! Em breve, saberemos as razões.

Como sua cartada final, Perigo traz de volta o robô sentinela responsável pelo massacre de milhões de mutantes visto em E de Extinção (primeiro arco de Grant Morrison em New X-Men). E esse é o confronto final entre Perigo e os X-Men (que vão à Genosha com o auxílio de Reed Richards, já que o Jato X havia sido destruído por ela). Digno de nota é o caso ser resolvido com o intelecto de Kitty Pride, fato esse reconhecido pelo Fera logo depois de agir apenas com seu instinto no seu confronto com Perigo.

No final, os X-Men têm uma dura discussão com o Professor X a respeito da sua ética ao prender uma forma de vida (mesmo que artificial) por tantos anos. O professor tenta mostrar suas razões para a defesa de sua causa, mas elas são desacolhidas pelos seus alunos. Uma discussão realmente interessante.

O arco Perigoso é o mais “fraco” (termo impreciso para esta revista) de Surpreendentes X-Men nas mãos de seus criadores originais (não levo em conta a recente e nova fase de Warren Ellis, ainda em andamento). Mas, mesmo assim, é uma excelente história que supera e muito as dezenas de títulos regulares que se encontram por aí (os famosos “feijão com arroz”).

Por fim, mais evidências são mostradas no sentido de Emma Frost estar ocultando suas verdadeiras intenções para com os X-Men, que será a trama central do próximo arco de histórias da revista.

Abraço a todos!

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Os X-Men 10: A chegada de... Ka-Zar!

"A chegada de... Ka-Zar!"
(The X-Men 10, março de 1965)

Roteiro: Stan Lee
Desenhos: Jack Kirby
Arte-final: Chic Stone
Marvel Comics.

"O mundo em que o tempo esqueceu". Adoro essa frase. Ela resume muito bem a Terra Selvagem, um dos ambientes mais fascinantes do Universo Marvel. Escondida no meio da Antártida, essa região possui flora e fauna dos tempos da era pré-histórica, de modo a dar ensejo a histórias fascinantes (anos depois, seria revelado que a região foi construída por aliens). Os X-Men, por exemplo, revisitarão a Terra Selvagem inúmeras vezes depois desta edição.

Aqui também é mostrada a primeira aparição da versão moderna do personagem Ka-Zar, bem como de seu fiel tigre dentes-de-sabre Zabu. Ele se intitula nesta edição como "o Rei das selvas". Qualquer semelhança com Tarzan não é mera coincidência (o Fera chega a citar isso quando o vê na televisão).

A história se inicia com os X-Men treinando na Sala de Perigo. Nos é informado que eles são pós-graduados, mas não me perguntem o que isso significa nos padrões do Instituto Xavier. Quando vão a procura de Warren (o Anjo), eles ficam atônitos ao verem uma reportagem na TV sobre uma expedição na Antártida em que um dos exploradores desapareceu e, tempos depois, é levado de volta ao acampamento por um homem misterioso vestindo apenas uma tanga com pele de leão, ao lado de um tigre dentes-de-sabre. Ka-Zar e Zabu, respectivamente.

Os X-Men correm para a sala do Professor X e contam todo o ocorrido. Eles desconfiam de que Ka-Zar possa ser um mutante devido a sua resistência ao frio. Mas o Professor Xavier diz a eles que Ka-Zar não é mutante porque Cérebro não o detectou. Mesmo assim, a fim de poder dar um pouco de aventura aos seus pupilos, o professor autoriza-os a viajar até a Antártida para investigar o caso. Belo modo de introduzir um personagem que não tem nada a ver com a premissa da revista.

No meio da neve, os X-Men descobrem um túnel secreto que os leva até a Terra Selvagem. Chegando lá, eles se deparam com pterodáctilos, que tentam almoçar o Anjo, e outros seres dos tempos pré-históricos. Em seguida, eles são atacados por homens selvagens e, logo depois, Ka-Zar surge aos berros. Os selvagens fogem e levam consigo a Garota Marvel (coitadas, sempre elas).

Os X-Men e Kazar tem um pequeno momento de desentendimento, mas que é resolvido logo depois. Ka-Zar berra novamente.



E assim, eles vão à procura de Jean Grey.

Enquanto isso, o Anjo faz novamente um reconhecimento de área e é capturado também (os X-Men precisam de um Mestrado ou Doutorado urgente, essa pós-graduação não está servindo pra muita coisa não...).

A Garota Marvel e o Anjo são levados ao topo de uma montanha e lá eles têm que enfrentar um temível Tiranossauro Rex. Jack Kirby bem que tenta, mas vejam o quão "assustador" ele é na figura a seguir.




E assim, depois de muita batalha para salvar seus amigos, Ka-Zar e os X-Men derrotam os homens selvagens graças à uma manada de mastodontes invocada por mais um dos berros do Rei das Selvas da Marvel.

No final, Ka-Zar volta a ser holtil com os X-Men e os expulsa da Terra Selvagem. Stan Lee promete novas revelações do personagem.

Pois bem, a história é bastante agradável, com aquele ar inocente que temos que nos acostumar (sou de outra geração, não há quem me faça crer que posso sentir naturalidade ao ler essas histórias antigas da mesma forma como as que são produzidas atualmente). Parece que, finalmente, a saturação da Irmandade de Mutantes na série se foi e novas tramas estão sendo apresentadas a cada edição.

E o Fera tem se mostrado o meu personagem preferido desta fase inicial dos X-Men. Desde que assumiu suas falas com um tom mais eloqüente, Hank é de longe o personagem que mais faz tiradas inteligentes com seus interlocutores. Sua participação, para mim, é essencial para dar um pouco de vida à equipe (sinto muito, mas as gracinhas do Homem de Gelo não me empolgam).

Destaque: Fera.

Os desenhos do "Rei" cumprem bem o seu papel. Bem precisos e limpos e sem destaque a ser mencionado, a não ser o fato de que Jack Kirby teve que desenhar criaturas pré-históricas. Convenhamos, ele podia desenhar de tudo!).

A título de curiosidade, Ka-Zar é uma reformulação de um personagem da Era de Ouro dos quadrinhos de mesmo nome, criado pelo autor Bob Byrd. O personagem apareceu em Marvel Comics # 1 (outubro/novembro de 1939) e Mystery Marvel Comics # 2-27 (dezembro de 1939 a janeiro de 1942). No entanto, ele apareceu pela primeira vez em revistas pulp fiction de 1936. A edição dessas revistas era da Manvis Publishing, ligada à Timely, esta que foi a precursora da Marvel Comics na Era de Ouro. O Ka-Zar original lutava na selva contra bandidos no Congo Belga. Lee e Kirby o introduziram na Era de Prata na região da Terra Selvagem, de maneira a distingui-lo um pouco do personagem que o inspirou (Tarzan).

Abraço a todos!

Primeira aparição: Ka-Zar (na Era de Prata), Zabu.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Os X-Men 09: Surgem os Vingadores!

"Surgem os Vingadores!"
(The X-Men 09, janeiro de 1965)

Roteito: Stan Lee.
Desenhos: Jack Kirby.
Arte-final: Chic Stone.
Marvel Comics.

A história inicia-se em um transatlântico dirigindo-se à Europa. Por conta de um nevoeiro, um iceberg surge repentinamente à vista dos tripulantes, sem possibilidade de desvio. Graças à uma rajada óptica de Ciclope, tudo é resolvido.

Ciclope explica aos demais X-Men que o Professor Xavier o contatou há uma semana para que eles fossem à Europa para ajudá-lo numa missão que ainda não havia sido revelada. Nesse exato momento, Xavier o contata e diz que está indo ao encalço de Lúcifer, o responsável por privá-lo do uso de suas pernas. Note a incoerência com a informação passada pelo próprio Xavier na primeira edição da revista, ocasião em que o mentor do grupo revela que ficou aleijado em um acidente de infância. O Professor X promete contar toda a história em outra oportunidade (e ele efetivamente o fará em The X-Men 20).

Lúcifer cria algumas armadilhas a fim de impedir Xavier de se aproximar dele. Porém, este escapa ileso. No momento em que começa a atirar com um revólver no vilão (espere para ver a incoerência com o final da história), Lúcifer informa que não pode sofrer qualquer ataque pois uma bomba capaz de destruir um continente (a Antártida e não a Europa, conforme é mostrado no final da história) está ligada aos seus batimentos cardíacos.

E esse é o mote para o confronto dos X-Men com os Vingadores. O martelo de Thor, Mjolnir, detecta "impulsos estranhos" e "malignos" e assim os Maiores Heróis da Terra (foi pra você M1ster) viajam para a Europa a fim de acabar com esse perigo iminente.

Como Lúcifer não pode ser detido em razão da eventual detonação da bomba, os X-Men são incumbidos pelo Professor Xavier de impedir que os Vingadores confrontem o vilão. E assim, boa parte da edição mostra o combate das duas superequipes. Ocorre que nada impedia Xavier de já ter avisado seus pupilos sobre as razões desse impedimento. Com isso, evitar-se-ia o combate (perdão pela mesóclise). Mas, convenhamos, isso perderia toda a graça da história. Tramas inocentes, preciso me lembrar sempre disso quando leio essas histórias da Era de Prata.

Há uma bela citação do Fera nesta edição que eu gostaria de reproduzir. Ficou muito boa, na minha opinião:

Não preciso mais de minhas roupas civis! Não há razões para continuar disfarçado! O prelúdio acabou! Agora, as cortinas se abrem para o primeiro ato! O palco está montado... o elenco está reunido... e, a não ser que tenha me enganado feio, o Fera será um dos protagonistas!


Muito bom! Realmente, o Stan Lee é o "The Man".

No subterrâneo dos Balcãs, Xavier usa seus poderes para controlar os batimentos cardíacos de Lúcifer. Logo após, o professor contata Thor e explica todo o ocorrido. Os Vingadores partem deixando a missão por conta dos X-Men e o confronto resta inacabado.

Depois do vilão adormecer (é mostrada a complexidade do procedimento nas palavras do professor durante o embate), Xavier e Ciclope desarmam a bomba. É aqui que se mostra as conseqüências da eventual explosão.

No final, os X-Men deixam Lúcifer partir gratuitamente sob o argumento de que "os X-Men juraram nunca machucar os humanos", o que é no mínimo estranho se levarmos em conta que a prisão seria o mais sensato depois de um vilão periclitar a vida de inúmeras pessoas. Xavier também humilha o coitado dizendo que o deixa partir para que ele sinta a sensação de derrota. Que maldade, Professor! Fica no ar um mistério sobre a origem de Lúcifer mostrado por meio dos pensamentos do Homem de Gelo.

Apesar da suposta importância de ter sido o responsável por deixar Xavier em uma cadeira de rodas, Lúcifer nunca teve muito destaque na mitologia mutante, uma vez que Xavier voltou a andar por mais de uma vez e outros eventos o fizeram ficar paralítico novamente. Ainda agrava a situação do vilão o fato deste não ter um propósito específico. O máximo que ele consegue dizer a Xavier é que passou anos esperando por seu ataque à humanidade (no mínimo dez anos, já que ele fala que este foi o tempo de construção da bomba térmica).

Destaco uma cena no mínimo patética (ah, a inocência) em que Jean Grey é alertada por Ciclope de um buraco minúsculo a sua frente. Usando seus incríveis poderes telecinéticos, Jean prefere usar um pedaço de madeira para cobri-lo do que simplesmente dar um passo um pouco maior (sim, estou sendo irônico). Tentarei reproduzir a imagem ao final dessa revisão.

Com relação à arte, Jack "O Rei" Kyrby continua com seu traço simples e limpo (porém, inovador para os padrões da época). E pessoalmente já me acostumei com a arte-final de Chic Stone.

Enfim, uma boa edição, com o provável primeiro crossover dos X-Men com os Vingadores e uma trama inédita que não tem nenhuma relação com a Irmandade de Mutantes (sim, ainda estou traumatizado).

Abraço a todos!

Primeira aparicão: Lúcifer.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Vingadores: A Queda.

"Caos"
(Avengers 500-503, Avengers Finale, a partir de outubro de 2004)

Roteiro: Brian Michael Bendis.
Desenhos: David Finch.
Arte-Final: Danny Miki.
Marvel Comics.

A saga Vingadores: A Queda pode ser considerada como o início da ascenção dos Vingadores como o novo carro-chefe da Marvel Comics. Ressalte-se que isso não quer dizer que é sinônimo de qualidade. A alteração da franquia líder de merdado (dos X-Men para os Vingadores) foi lenta e gradativa e cheguei a pensar que isso nunca iria ocorrer de fato. Mas com um bom golpe de marketing e a escalação de uma equipe criativa de peso e respeito por grande parte dos fãs, isso acabou acontecendo e hoje Novos Vingadores continua mantendo um alto nível de popularidade e lista sempre como um dos líderes de vendas todos os meses.

Ocorre que, não obstante a repercussão que A Queda teve no Universo Marvel, a história é bastante irregular. Uma seqüência de eventos trágicos dá início à saga, da explosão da mansão dos Vingadores (matando o Homem-Formiga, Scott Lang) à morte do Gavião Arqueiro num iminente (e aparente) ataque Kree. Nesse ínterim, um Tony Stark supostamente bêbado num discurso na ONU perde o seu cargo de Secretário de Defesa dos EUA, e a Mulher-Hulk descontrolada parte o Visão ao meio. Tudo muito chocante, trágico, como pedia o roteiro. Mas tudo muito rápido, trágico, no mau sentido.

Todas essas cenas são mostradas quase que de forma gratuita para, ao final, revelar quem seria a responsável por traz de tudo: a Feiticeira Escarlate. É triste a maneira como Bendis revela os motivos pelos quais Wanda perde o controle da sanidade: um comentário inesperado da Vespa num banho de Sol, a respeito dos outrora filhos que Wanda criou com a sua magia. Depois disso, Wanda parte em busca de Agatha Harkness a fim de descobrir as respostas sobre essa história, a mata e passa a criar novamente seus filhos num mundo ilusório criado por ela.

A revelação da verdade por trás de todas essas tragédias é trazida pelo Dr. Estranho, que faz uma grande explanação sobre os motivos da loucura de Wanda, tentando parecer bastante convincente (não só para os Vingadores, mas para os leitores também já que todos somos pegos de surpresa). Destaque para as páginas em que há as explicações do Dr. Estranho sobre a Feiticeira Escarlate, com desenhos de vários artistas, notadamente George Pérez e John Byrne, em momentos importantes da história da personagem.

No final, o Dr. Estranho faz um rápido, solitário e morno embate mágico com a Feiticeira Escarlate. Aliás, nesse desfecho relâmpago, os Vingadores somente assistem a tudo, ou melhor, há uma página dupla onde criaturas invocadas pela magia da Feiticeira Escarlate dá um pouco de trabalho a eles enquanto o Dr. Estranho assume a proeminente missão de resolver tudo. Ao final, de forma gratuita, eles entregam Wanda ao seu pai, Magneto, que a leva embora para Genosha (a continuação da história de Wanda continua na também irregular saga Dinastia M).

Os desenhos de David Finch vão do razoável ao constrangedor. No encadernado, é mostrado nos comentários do desenhista que as alterações corporais da Mulher-Hulk é uma influência da arte de Simon Bisley. Só que o trabalho do Finch com a progressiva "masculinização" da personagem é constrangedor de tão ruim. Há quadros em que um dente da Mulher-Hulk é maior que o seu próprio nariz!

De positivo, destaco os vários antigos integrantes dos Vingadores atendendo ao código branco, de maneira que mostra um sinal de união e consideração desse grupo que já agregou os mais variados tipos de heróis (a rotatividade dos integrantes é a marca dos Vingadores).

O ponto alto acaba sendo mesmo o epílogo da saga, publicado em Avengers Finale. Ao mostrar a repercussão que o caso gerou, o Homem de Ferro decide parar de financiar os Vingadores e vários membros da equipe decidem também abandonar o grupo. Nos momentos finais, vários personagens relembram os melhores momentos pelos quais os Vingadores já passaram, numa bela passagem pela história da equipe nessas mais de 500 edições. E para fechar esse epílogo, o Capitão inicia uma homenagem oferecendo um brinde ao Gavião Arqueiro e ao Homem-Formiga, de maneira que os outros Vingadores presentes relembram os demais heróis também falecidos no decorrer da história. Uma bela conclusão.

Apesar desse desfecho memorável, A Queda parece mais um meio rápido de se desmantelar um grupo a fim de que o autor, Brian Michael Bendis, pudesse começar sua jornada na história dos Vingadores. O que veio a seguir foi deveras inovador, porém muito diferente do contexto que a história da equipe já mostrou. O sucesso editorial se mostrou evidente: os Vingadores assumiram a dianteira das franquias da Marvel, mas ao custo da equipe ser considerada irreconhecível pelos fãs mais ávidos da série.

Abraço a todos!


The Amazing Spider-Man 471-545 (por J. Michael Straczynski).

The Amazing Spider-Man 471-545.

Em 2001, J. Michael Straczynski, criador da série televisiva Babylon 5 e escritor das séries autorais Rising Stars e Midnight Nation, publicadas pela Top Cow, se torna o novo escritor do título principal do Homem-Aranha (Amazing Spider-Man).

A expectativa era grande, já que o personagem amargava uma fase muito ruim. Howard Mackie reiniciou a numeração das séries Amazing Spider-Man e Peter Parker: Spider-Man, junto com os desenhistas John Byrne e John Romita Jr., mas as histórias, não obstante esse reboot, estava muito aquém do esperado.

Assim, pouco tempo após assumir o cargo como editor-chefe da Marvel Comics, Joe Quesada foi atrás de um nome de peso e que tivesse uma visão diferente e atual para o personagem a fim de salvá-lo do marasmo. E assim J. Michael Straczynski foi o escolhido.

O início da fase de JMS foi excelente. Straczynski criou uma trama na qual se questionava acerca da verdadeira origem dos poderes de Peter Parker. Por meio de um personagem misterioso chamado Ezekiel, que também tinha poderes de Aranha, ficou em aberto a questão se os poderes adquiridos por Peter na adolescência vinham da radiotatividade ou da própria aranha, e mais, se esse contato com a aranha não foi proposital. Questionou-se ainda as figuras totêmicas dos animais representados pelos inimigos do Homem-Aranha e sua relação com elas.



Outra mudança também foi com relação ao emprego de Peter Parker. Sempre figurado como um fotógrafo freelancer das cenas de ação do Homem-Aranha para o Clarim Diário, Peter Parker decide lecionar em uma escola secundária após ver o declínio pelo qual passa a escola da região em que ele estudou quando adolescente. As cenas na escola rendem bons momentos com os alunos, e alguns deles ganham destaque nas tramas posteriores. Aliás, o humor volta nessas primeiras edições.

Por um longo período, o Homem-Aranha, outrora um personagem divertido e engraçado, se tornou um poço de lamúrias e sofrimento. Straczynski resgata o clima original.

Apesar de ter despertado a ira de poucos fãs, as idéias de J. Michael Straczynski eram bastante interessantes e tinham um ar de novidade e inovação que fazia muito tempo as histórias do personagem não traziam. Também foi criado um novo vilão chamado Morlun, o qual pelas próximas edições trava um excelente embate quase mortal com o Homem-Aranha.



Concluído esse primeiro arco, em Amazing Spider-Man #36 (477) é mostrada a repercussão da queda das Torres Gêmeas no Universo Marvel. É uma bonita história de união de heróis e vilões no sentido de ajudar os bombeiros que lutaram para salvar as vidas dos sobreviventes do ataque terrorista. A única incoerência é a retratação de alguns vilões, como o Dr. Destino chorando por um ato que ele está mais do que acostumado a cometer.

As duas edições seguintes tratam de questões pessoais de Peter Parker. A edição #38, para mim, é uma das mais belas histórias já contadas do Homem-Aranha. Trata-se de "A Conversa", uma história muito emocionante na qual Peter e sua Tia May discutem o fato dele ter escondido seu segredo por tantos anos. Excelente e um dos pontos altos da fase de J. Michael Straczynski à frente do título.



As histórias que vieram logo em seguida, até a saída de John Romita Jr. dos desenhos podem ser consideradas muito boas ou excelentes. São histórias sem grandes repercussões mas que contam com bons diálogos e interação entre os personagens. Por falar em diálogos, esse é um dos pontos fortes na escrita de J. Michael Straczynski.

Em Amazing Spider-Man #50 (491), Peter e Mary Jane reatam o casamento e a partir daí, ela passa a fazer parte do time fixo de coadjuvantes da revista.



Quando a revista chega à edição 500 da numeração original, a antiga é abandonada de vez. Nessa edição comemorativa, desenhada pelo lendário John Romita Sr. e seu filho (o artista regular), Peter Parker faz aniversário e viaja no tempo reencontrando vários vilões clássicos de sua imensa galeria. A edição conta também com a participação de diversos personagens da Marvel.

As últimas histórias desenhadas por John Romita Jr. também foram o divisor de águas da qualidade das histórias de Straczynski. A última história desenhada por ele ("O Livro de Ezekiel") retoma a trama do Ezekiel e da origem totêmica de seus poderes.



As histórias que vieram posteriormente foram desenhadas pelo brasileiro Mike Deodato Jr. A maioria delas é fraca e a primeira delas é justamente o polêmico arco "Pecados Pretéritos" ("Sins Past"). Esse arco mostra os filhos de Gwen Stacy com Norman Osborn (o Duende Verde!).

A história partiu do próprio J. Michael Straczynski, porém a idéia original da "paternidade responsável" saiu de Peter Parker para Norman Obsorn porque Joe Quesada não queria passar a impressão aos leitores de que Peter tivesse feito sexo com Gwen antes de casar(!!!).



Feito o estrago, a fase desenhada pelo Deodato conta ainda com um arco de um vilão da época da adolescência de Peter ("Skin Deep") e um arco interligado com os acontecimentos da revista Novos Vingadores, em que Peter, Mary Jane e Tia May se mudam para a Torre dos Vingadores.



E, para encerrar uma fase de extrema ruindade, vem a saga "O Outro" ("The Other"), que de tão ruim, mas tão ruim, não vale a pena nem entrar em detalhes.



Aproxima-se a Guerra Civil dos heróis Marvel e a qualidade das histórias começa novamente a subir ("Sr. Parker vai a Washington"). Peter se alia inicialmente a Tony Stark (o Homem de Ferro) e vê nele uma figura paterna disposto a ajudá-lo. Tony também desenvolve um novo uniforme para Peter, cujo design foi feito por Joe Quesada. O novo uniforme é cheio de tecnologia de ponta, o Homem-Aranha pode planar, enfim, um festival de inovação desnecessária.

As histórias diretamente ligadas à Guerra Civil voltam ao clima de outrora. São muito bem escritas e não só o fato da revelação da identidade secreta de Peter é desenvolvida como a mudança de lado do herói no desenrolar da série. Entra como desenhista regular Ron Garney, que desenha como nunca!



O arco seguinte é "A volta do uniforme negro" ("Back to Black"), também desenhado por Ron Garney. Também muito bem escrito, mostra o desespero de Peter ao ver sua Tia May no leito de um hospital, à beira da morte. As histórias paralelas dessa saga são em geral fracas, mas as escritas por J. Michael Straczynski são excelentes.

Destaque para o embate entre o Homem-Aranha e o Rei do Crime (o responsável por ter contratado o autor do disparo que atingiu Tia May). Curioso que o início da fase do Straczynski é recheado de humor, e essas histórias finais mostram um lado mais dramático na vida do herói. Parece que começar com bom humor e terminar com drama é um fato recorrente nos autores do Homem-Aranha.



Por fim, a famigerada saga "Um dia a mais" ("One More Day"). Há muito tempo, Joe Quesada já dizia em entrevistas que gostaria de ver Peter Parker descasado, uma vez que entendia que isso comprometia a qualidade de contar boas histórias do personagem. Ele literalmente preparou terreno para essa história na mídia especializada.

Ao mesmo tempo, já tinha sido anunciada uma mini-série que seria desenhada por ele e escrita por J. Michael Straczynski. Essa mini-série acabou entrando nos títulos regulares do Homem-Aranha e resultou em "Um dia a mais".



A história continua lidando com o fato da Tia May estar entre a vida e a morte. Após recorrer à ajuda financeira (Tony Stark) e ao ocultismo (Dr. Estranho) e não ter sorte nas suas empreitadas, Peter é contatado por Mephisto que lhe propõe salvar a vida de sua tia em troca do seu casamento.

Os diálogos de J. Michael Straczynski no decorrer da história continuam ótimos como sempre, mas a história (idéia) em si não tem muita lógica. Como o casal acaba aceitando o pacto com o demônio (que histórico, hein Aranha?), outras questões são alteradas em decorrência disso como a identidade secreta restaurada, os disparadores de teia e a volta de personagens como Harry Osborn. Sim, não tem lógica nenhuma, mas era o que já se tinha planejado para a fase seguinte do aracnídeo ("Band New Day"), já sem Straczynski.

Essa última saga ganhou imensa repercussão na internet na época do seu lançamento. J. Michael Straczynski disse que seu texto foi alterado e que sua participação efetiva nas partes 3 e 4 foram cada vez menores. Joe Quesada, por sua vez, aduziu que Straczynski entregou seus roteiros finais da forma como ele havia inicialmente planejado e já ciente do veto editorial, e, em decorrência disso, as alterações foram feitas.

Mas enfim, a história se encerrou e um novo ciclo de aventuras do Aranha se inicia a partir do mês que vem no Brasil. Sai J. Michael Straczynski e entra Dan Slott e cia.

Tirando o miolo, que realmente foi bem aquém daquele início promissor, a fase de J. Michael Straczynski, para mim, teve grandes momentos e acredito de seu demérito por parte de alguns leitores seja por causa de sagas horrendas como Pecados Pretéritos e O Outro. Para mim, o bom superou o ruim.

Aliás, curto muito o que J. Michael Straczynski escreve em geral e normalmente a expectativa que me causa à cada anúncio de seus novos projetos é de que será no mínimo muito bom. Vide a nova fase do Thor.

Uma última observação: J. Michael Straczynski não escreveu as edições 525 e 526 ligadas ao evento "O Outro". Nessa saga, cada um dos três escritores dos títulos do Aranha assumiam todas as revistas nos dois primeiros meses da saga.

Abraço a todos!

BAMF!