quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Wolverine: Arma X (por Barry Windsor-Smith).

"Arma X"
(Marvel Comics Presents 72-84, entre fevereiro e agosto de 1991)

Argumento e Desenhos: Barry Windsor-Smith
Marvel Comics.

A história começa com Logan fazendo planos para ir até Yukon, enquanto um novo personagem que será chamado apenas de Professor contrata um médico chamado Dr. Cornellius, fugitivo do FBI por ter realizado procedimentos ilegais, e Carol Hines, uma funcionária da NASA, a fim de desenvolver o Experimento X, um programa que seria desenvolvido no Canadá.

No caminho até Yukon, Logan para em um bar para tomar alguns drinks e, quando volta ao seu carro (um Lotus 7), é emboscado por três agentes do Experimento X. Depois de uma luta intensa tentando resistir ao ataque, Logan recebe uma dose cavalar de sedativos e finalmente é contido e levado pelos agentes até o laboratório onde seria realizado o programa.



Transportado até as instalações do programa Experimento X, Logan é raspado da cabeça aos pés, ligado a tubos e dispositivos médicos e é submerso em um líquido medicinal. Assim, utilizando-se de tubos de alimentação, o Dr. Cornellius inicia a execução do projeto de implante do metal chamado adamantium nos ossos de Logan.



Carol Hines observa que, em menos de 20 minutos, os cabelos de Logan voltaram a crescer e que todas as escoriações que ele sofreu durante o seu seqüestro já haviam sido cicatrizadas. O Dr. Cornellius conclui então que Logan é um mutante com fator de cura, o que leva à implantação de mais adamantium do que o que foi inicialmente planejado.

Executado assim o implante do metal, o Professor se dirige a uma sala vazia e contata seus superiores, reclamando dos motivos pelos quais não tinha sido informado de que Logan era um mutante com poderes regenerativos. Enquanto isso, três garras de metal retráteis nascem das mãos de Logan. Sob o comando do Professor, um agente vai ao local verificar o que aconteceu e acaba sendo morto em segundos pelas garras de Logan, ao som de um “Magnífico” do Professor.



Após a morte do jovem agente, Logan atravessa a janela que liga ao laboratório onde os principais executores do Experimento X estão (Dr. Cornellius e outros), mas perde os suportes de vida e cai desfalecido. Após o choque, o Professor explica ao Dr. Cornellius sobre os mutantes e da verdadeira natureza de Logan:

“Entenda... essa “coisa infernal” é o que Logan sempre foi... um indivíduo extremamente violento... abrindo caminho à força por sua vida sem sentido... diferenciando um dia do seguinte pelos padrões mutáveis dos hematomas das brigas embriagadas da noite anterior. Mas inexplicavelmente, os ferimentos se curavam e sumiam antes do meio-dia e de sua primeira cerveja. Duvido que ele já tenha tido ressacas. Logan suportou isso todos esses anos... padecendo de um destino que emanava de suas entranhas... enfrentando uma sina decretada pela natureza! (...) Mas, agora, seu demônio está livre... liberado pelo Experimento X. Assim... o duplo id é suplantado pelo superego e todos os instintos primais de Logan estão focados e resolvidos. E o que você vê neste momento, Doutor... é a mais formidável arma tática jamais concebida.”


Como conseqüência dos implantes de adamantium, os instintos de Logan ficam cada vez mais bestiais. Assim, o Dr. Cornellius constrói uma máquina de audio-visual capaz de controlar as ações de Logan por meio de comandos vocais dados por um microfone.



O Professor testa o novo sistema e este tem uma sobrecarga, e assim, com a inversão do fluxo de informações, imagens das alucinações de Logan aparecem na tela dos executores do projeto, enquanto Logan grita como um animal irracional. Logan joga Carol Hines e sai em direção ao Professor. Assim que é contido por guardas do laboratório que usam tranqüilizantes, o Professor se queixa sobre os riscos desse programa. Na tela do laboratório, aparece uma imagem do subconsciente de Logan: o Professor morto pelas suas garras.

Mais precavidos dessa vez, os executores do Experimento X iniciam outro teste, num campo nevado do Canadá. Logan é colocado em confronto com três lobos. Inicialmente, todos pensam que ele será morto porque não reage aos ataques. Mas passado algum tempo, todos os lobos são feitos em pedaços. O Professor determina que Logan durma sob a neve e diz que ainda tem mais muitos projetos para a Arma X.

Os testes continuam, e agora Logan é submetido a mais procedimentos a fim de que eles tenham o completo controle sobre seus atos. Agora, ele pode ser “desligado” por meio dos comandos da fonte de alimentação. O Dr. Cornellius diz ao Professor: “Quando tudo está ligado... Logan é seu... Quando está desligado, como agora... é um pedaço de carne morta. Queria isso... é o que tem”. Como um teste para ver a veracidade do que o Dr. Cornellius acabou de dizer, o Professor joga seu café no rosto de Logan, sem que este tenha qualquer tipo de reação.

Avançando no procedimento, o Professor e o Dr. Cornellius agora criam uma realidade virtual para testar as reações de Logan em situações extremas. Além de toda a parafernália de implantes e fiações, agora Logan também usa um capacete de realidade virtual. Logan confronta um enorme urso e o mata em questão de momentos. Ao ser devolvido à sua cela, Logan mata o vigilante e escapa em direção ao laboratório.

Os misteriosos superiores do Professor assumem o controle da Arma X e fazem com que Logan vá atrás dele. No caminho, Logan mata uma meia dúzia de guardas, e utilizando-se do seu olfato aguçado, consegue rastrear o Professor e invade o local onde ele está. Logan abre um buraco no chão e logo em seguida corta uma das mãos do Professor.

Vinte guardas entram na sala, dando tempo do Professor escapar pelo corredor. Carol Hines e o Dr. Cornellius ajudam como podem nos ferimentos do Professor, enquanto a Arma X massacra os guardas.



O Professor, Dr. Cornellius e Carol Hines fogem em pânico e se trancam no reator de adamantium à espera de Logan. O Professor tenta contatar seus superiores para buscar ajuda, enquanto o Dr. Cornellius se arma com um rifle. Ambos são surpreendidos por Logan, que aparece coberto de sangue, atravessando as paredes e com suas garras prontas para atacar.

Logan avança para atacar e, com um empurrão do Professor, o Dr. Cornellius atira várias vezes com sua arma, o ferindo. Ao se aproximar dele, Logan ataca o Dr. Cornellius e desfere um golpe mortal com suas garras.

O Professor e Carol Hines fogem para o reator. O Professor planeja então matar Logan abrindo as comportas de fissão do reator mas, para isso, Logan deve estar no centro do fosso de exaustão. Assim, ele usa Carol Hines como isca, empurrando-a impiedosamente para o local indicado. Logan aparece no reator e sai em direção a ela. Mas, ao contrário do que se pensava, ele não a mata. Está atrás apenas do Professor, já que este também representou uma ameaça para ele.

O Professor abre as comportas de fissão, e ambos tentam escapar das queimaduras. Mesmo muito ferido, Logan vai até a sala onde se encontra o Professor, e com o pouco de sanidade que lhe resta, diz a ele que é um homem, o que, na minha opinião, é a cena mais tocante de toda a saga. Logan então decepa a outra mão do Professor e, logo depois, crava suas garras em seu crânio. Ele carrega o cadáver do Professor e o joga no centro do fosso de exaustão, já em chamas.

Logan desfalece novamente. Quando acorda, encontra a mão decepada do Professor e o corpo do Dr. Cornellius. Quando começa a perceber que foi o responsável por toda essa chacina, ele começa a perder novamente sua sanidade. Logan sai do laboratório e encontra-se frente a frente com um tigre siberiano. Os dois lutam ferozmente e Logan sai mais uma vez vitorioso.

Logo em seguida, dois homens aparecem para levá-lo de volta à sua cela. A partir daí descobrimos que desde que ele começou a usar o capacete de realidade virtual, tudo o que ocorreu posteriormente foi parte de um teste elaborado pelo programa Experimento X. Assim, o Professor, Dr. Cornellius e Carol Hines não foram mortos, como foi mostrado nos capítulos passados. O Professor e Dr. Cornellius se parabenizam pelo sucesso do teste, mas logo em seguida descobrem que os dois guardas que levariam Logan à sua cela foram mortos pelo Arma X. De repente, a porta onde eles estão se rompe e Logan aparece frente à frente dos três.

No epílogo, Logan aparece completamente nu andando no inverno de uma selva canadense, enquanto que, na caixa de texto, o Dr. Cornellius e Carol Hines lamentam-se por ter se envolvido no programa.




Conforme consta nos créditos, a saga Arma X foi publicada originalmente na revista Marvel Comics Presents, das edições 72 a 84, no ano de 1991, sendo escrita e desenhada por Barry Windsor-Smith. Nessa época, conta ele, Chris Claremont, escritor de longa data dos X-Men, já tinha em mente uma idéia sobre quem seria o responsável por tornar Wolverine o que ele é (um mutante com garras e esqueleto revestido de adamantium). Barry Smith relata que Claremont se sentiu chateado por ter sido privado disso, mas ressalva que no seu projeto ele não deixou claro quem está por trás de todo o programa Experimento X. Disse o renomado autor:

“Nós nunca chegamos a ver quem é o principal responsável desta série. Existe uma outra autoridade por trás deste trabalho. Ela nunca é vista, você não ouve falar dela. Eu nunca explico quem ela é. Lá estão pistas quanto ao que poderia ser.” (em “Secrets of Weapon X", Comics Scene n. 18)

Isso deve ter amenizado, em parte, a chateação de Claremont. Aliás, Barry Windor-Smith já colaborou com Chris Claremont em algumas edições da revista Uncanny X-Men, normalmente como artista convidado, quando os desenhistas oficiais da revista tiravam algum tempo de descanso (ou corriam para cobrir os prazos, algo raro naquela época).



A saga Arma X é uma trama que julgo densa e, sem querer parecer forçado, bastante adulta, ao compararmos com o nível das histórias que eram publicadas naquela época dentro do gênero super-heróis. A impressão que eu tive é que se parece como um filme de suspense/terror, sem mocinhos, em que o experimento sai fora de controle e, a partir daí, se instaura o caos ao longo da projeção. Nesta saga, algo semelhante acontece, e para aqueles que sentem algum carisma por Wolverine, provavelmente ficaram comovidos pela forma com que ele foi tratado.

À primeira vista, parece um pouco difícil acompanhar o desenvolvimento da história, já que Barry Windsor-Smith mistura quadros alternando presente e futuro, com diálogos em forma de recordatórios, mas, sob um olhar mais apurado, tudo é elaborado de forma bastante coerente e coesa.

Os desenhos estão muito bons e condizem perfeitamente com o clima da história. Particularmente, gosto muito da arte de Barry Smith, com um estilo próprio que, no entanto, pode desagradar algumas pessoas.



Os mistérios ou tramas que ficam em aberto também abrem brechas para mais histórias. No meu ponto de vista, deveria permanecer assim, porque não é raro que autores medíocres tentando o sucesso, resolvam mexer em obras clássicas, a fim de deixar seus nomes marcados na "história" e, não raras, acabam arruinando excelentes tramas do passado.

Assim, fica aqui o meu registro sobre a desnecessidade de mexer nesta obra, que, obviamente, não foi o que aconteceu posteriormente, já que inúmeras outras histórias do velho canadense revisitaram o conceito.

Abraço a todos!

6 comentários:

Noturno disse...

A consulta ao "The Wolverine Files" facilitou a elaboração dessa resenha. Abraço!

Anônimo disse...

muito boa história. A saudosa Grandes Herois Marvel raramente DCpcionava.

flávio disse...

Um dos primeiros encadernados que comprei... MUITO BOM!

A arte do Windsor-Smith é um show de narrativa - e pensar que o roteiro também é dele.
Como você falou, é bem diferente do que costumamos ver em super-heróis, se assemelhando à um filme de de suspense.

Eu desconheço o trabalho do Larry Hama, mas ele abordou muitas das pontas soltas dessa história, não?

Noturno disse...

Sim Flávio. Não obstante o Larry Hama ser um admirador da obra, ele aparentemente não entendeu algumas partes. O professor ressurge no seu "run" sem uma das mãos, sendo que na história essa parte se passa em uma realidade virtual. Daí temos que considerar que algumas cenas dessa realidade, ou algo que aconteceu depois que Wolverine invadiu o laboratório na cena final, o professor perdeu uma das mãos. Como disse, era melhor não terem mexido nisso e deixado como está. O mistério que fica é ótimo pra enriquecer ainda mais a obra.

Abraço!!

Anônimo disse...

Foi mudado algo dessa história na mensal Arma X?

Noturno disse...

Mister, eu não li a mensal Arma X porque não gosto do Frank Tieri. Talvez outra pessoa possa te responder.

Um dia quem sabe eu não me empolgue e leia (tenho tudo em casa na coleção).

Abraço!!