sexta-feira, 3 de abril de 2009

Sobre capas variantes.


A imagem acima aparentemente mostraria um conjunto de capas de 23 edições do terceiro volume da revista Thor, por J. Michael Straczinski e Olivier Coipel. No entanto, ela representa apenas as 8 primeiras edições dessa revista.

Isso se dá porque, infelizmente, nos Estados Unidos está voltando a onda das capas variantes, que são colocadas no mercado no caso de reimpressão da revista (quando se esgotam os pedidos iniciais), estimular um maior número de pedidos da mesma série para “ganhar” uma edição diferente ou, a pior das hipóteses, fomentar a especulação das revistas, com “raridades” no mercado (e muito mais caras do que as edições convencionais).

A Marvel tinha parado de utilizar essa forma de aumentar as vendas de seus títulos. Sim, aumentar, já que os colecionadores “de verdade” certamente compram a mesma edição várias vezes para ter todas as capas e não deixar “furos” na coleção. Mas, como vimos acima, em títulos em evidência e com altas vendagens (nos parâmetros atuais) como Thor, que exigiu reimpressões, podemos constatar que houve uma média de quase 3 capas para cada edição (ênfase no “uma média” porque a primeira edição, por exemplo, contou com cinco capas).

Engraçado que o caminho inverso também pode ter consequências tão ruins quanto. Quando a Marvel lançou a edição 36 do segundo volume de Amazing Spider-Man (aquela do 11 de setembro), ela decidiu não reimprimir a revista para que se aumentasse a especulação no mercado em torno dela e, para o leitor que quisesse adquirir aquela história, ele poderia comprar uma compilação publicada de outra forma. Mas a edição Amazing Spider-Man 36 restaria somente àqueles fãs “fiéis” que encomendaram ou conseguiram comprar de acordo com os pedidos feitos pelos donos das Comic Shops norte-americanas. Depois que Bill Jemas saiu da presidência da Marvel, as reimpressões voltaram, felizmente. Com a volta das reimpressões na Marvel, vieram as capas variantes.

Os anos 90, com suas medonhas formas de aumentar as vendas, foram um claro exemplo sobre como afundar o mercado. A revista Darkness 11, por exemplo, que “celebrava” a volta Garth Ennis como escritor do título, teve monstruosas 11 capas alternativas! Pior foi com o grupo de heróis adolescentes GEN13, quando ganhou seu título regular, que contou com 13 capas (até uma “Faça você mesmo”!) no seu lançamento.

Recentemente a DC Comics lançou a minissérie que trará Barry Allen de volta, Flash Rebirth. A primeira edição conta com uma capa regular do desenhista Ethan Van Sciver e, para cada 25 exemplares encomendados pelos lojistas, virá uma edição com uma capa variante e, sem surpresa alguma, infinitamente mais bonita. Qual será a escolha dos leitores ao chegarem na loja para comprar a revista? E quantos efetivamente vão conseguir a melhor capa? Digo, a que custo, já que ela valerá muito mais do que o preço convencional!

À primeira vista, não vejo efeitos destrutivos ao mercado de quadrinhos com essa técnica, mas desde que não haja abusos. No Brasil, a Panini Comics tentou fazer algo parecido nas minisséries Dinastia M, Crise Infinita e uma edição de Novos Vingadores. Felizmente, por algum motivo não revelado oficialmente, eles não mantiveram esse recurso no mercado nacional, que nunca teve espaço para esse pequeno luxo especulativo.

Abraço!

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