terça-feira, 7 de abril de 2009

Mulher-Maravilha (vol. 2) 101-104: Segunda Gênese.

Segunda Gênese
(Wonder-Woman 101-104, setembro a dezembro de 1995)

Roteiro e Arte: John Byrne
DC Comics.

Engraçado que como determinados autores fazem com que fiquemos interessados em acompanhar determinados títulos exclusivamente por causa deles e não em razão dos personagens. Com a Mulher-Maravilha foi assim. Em outras passagens deste blog já deixei explícito meu desinteresse pela personagem, por mais que temas ligados à mitologia me interessem bastante.

De todo modo, reli Segunda Gênese, produzida inteiramente por John Byrne, que já começava o arco a demonstrar sinais de cansaço e desprestígio no meio quadrinístico. As primeiras edições produzidas por ele no título Wonder-Woman venderam bem, mas foram caindo gradativamente a cada nova edição lançada, não só por conta dos desenhos de Byrne (que não eram mais os mesmos) mas também pelas tramas que ele elaborou.

A história começa pouco depois de Diana se mudar para Gateway City e se envolver com um plano de Darkseid de Apokolips. Depois de ser derrotada e torturada pelo vilão, Diana consegue escapar ao lado de um policial chamado Mike Schoor. Para espanto de Diana, o novo deus Metron a contata e relata a ela que os deuses do Olimpo são, na verdade, produto de uma fração de energia proveniente da criação dos dois mundos dos Novos Deuses: Nova Gênese e Apokolips. Agora, Darkseid está atrás dessa fonte de energia.

A trama é inconclusiva e controversa por retirar a divindade dos deuses do Olimpo. Algo semelhante aconteceu com o Thor, na fase de Warren Ellis, quando este autor quis alterar a natureza dos deuses de Asgard, tornando-os alienígenas. Assim, acredito que os fãs da série da Mulher-Maravilha tenham ficado surpresos e decepcionados com a direção que Byrne deu ao título. Na minha opinião, não gosto quando a essência dos personagens é alterada de forma significativa, porque isso pode acabar desvirtuando todo o conceito para o qual eles foram criados.

Byrne parece insistir bastante na exaltação do grau de poder da Mulher-Maravilha. Isso já era sua intenção quando assumiu o título, disposto a torná-la a terceira personagem mais famosa da DC Comics (ao lado de Superman e Batman). À cada oportunidade, alguém exalta sua resistência ou sua força, quase sem limites. Na minha opinião, um puxa-saquismo desnecessário, que poderia facilmente ser explicitado em ações no decorrer da história, e não na boca de personagens coadjuvantes.

No quesito arte, John Byrne está bem aquém do que produziu nos anos 80, mas ainda está muito melhor do que a arte dele de hoje. A Diana desenhada por ele é um tanto quanto masculinizada, de modo que fica meio difícil acreditar que o policial esteja “babando” por ela. Byrne sabe, ou sabia, desenhar mulheres bonitas, como prova sua fase na Mulher-Hulk da Marvel. Assim, é uma pena que ele não tenha caprichado em Diana na hora de desenhá-la, ou talvez tenha sido proposital, já que ao longo dessas quatro edições Diana é sempre mostrada como uma guerreira, e, não raras vezes, está cheia de sujeira em todo corpo (hehehe...).

A Ilha Paraíso de Themyscira é mostrada já sob escombros, mas senti que algo está errado na arte, um tanto quanto rebuscada. Aliada a isso há a constante falta de backgrounds. Aliás, as quatro edições desse arco são recheadas de momentos em que os personagens discutem com um grande vazio ao fundo. Mas a arte-final feita pelo próprio Byrne sempre foi apontada como uma das vilãs para a queda de qualidade em seus desenhos, o que concordo. Outro ponto negativo que vi são as cenas de ação. Byrne consegue criar boas sequências, mas ver estrelinhas brilhando a cada soco de Diana deixa a revista muito infantilizada.

Enfim, é incrível que mesmo sendo uma sombra do que já foi, John Byrne sempre me desperta curiosidade nos materiais que produz e, mesmo com uma qualidade muito abaixo do esperado, não nego que ele seja um dos meus autores favoritos por ter escrito e/ou desenhado inúmeras histórias dos meus personagens preferidos, categoria da qual a Mulher-Maravilha não faz parte.



Abraço!

3 comentários:

James Figueiredo disse...

Fala, Neto!

Cara, essa fase da Mulher-Maravilha é engraçada - Comecei a comprar o título regularmente (importado) a partir do primeiro número do Byrne, e desde então perdi pouquíssimos números.

Lembro que as primeiras edições, especialmente o primeiro arco, me davam a impressão que o Byrne estava tentando MUITO tirar o gibi da sombra do George Pérez, mas elaborou um set-up praticamente igual - Diana se estabelece em uma nova cidade (sai Boston, entra Gateway City), com uma nova amiga/mentora (sai Julia Kapatelis, entra Helena Sandsmark) e até uma nova sidekick (No lugar de Vanessa Kapatelis, Cassandra Sandsmark, ainda no modelo "tomboy").

Mas rapidamente ele me ganhou como leitor, e sua passagem no título rendeu alguns ótimos frutos, principalmente, na minha opinião, o estabelecimento de Hipólita como a Mulher-Maravilha da era de ouro.

E discordo quanto à arte - Acho que, passada a estranheza inicial, Byrne estava em excelente forma durante boa parte de sua estada na revista - E tive a oportunidade de ver algumas das artes originais dele pro gibi e, creia-me, são de cair o queixo!

Abração,
J.

Noturno disse...

Olá James.

Cara, eu acho que a arte piora no decorrer da série. Mas de todo modo, vou tentar dar uma (re)olhada. Ele fez 36 edições seguidas mais a saga Genesis, então não é muita coisa pra se ler. Gostei foi o fato dele ter usado ícones da DC na época, tentando deixar a revista sempre em evidência.

Seja o velho ou o novo Byrne, o artista sempre me desperta interesse, incrível. Rogo (em vão) que ele melhore a qualidade dos seus trabalhos e volte a ser o que era.

Como te disse em outra oportunidade, ainda não li a MM do Pérez, porque fico receoso em comprar a Biblioteca DC e depois eles pararem de publicar.

Abraço!

James Figueiredo disse...

Neto, faça como eu - Compre os encadernados gringos da Mulher-Maravilha!

São quatro volumes que encadernam tudo que o Pérez escreveu E desenhou, e te dão uma excelente idéia do que ele fez no título (ele escreveu 62 números, sem contar anuais).

Sou suspeito pra falar, mas o material é EXCELENTE - Então, faça essa forcinha, que vale a pena...rs

Abração,
J.