segunda-feira, 20 de outubro de 2008

The Amazing Spider-Man 471-545 (por J. Michael Straczynski).

The Amazing Spider-Man 471-545.

Em 2001, J. Michael Straczynski, criador da série televisiva Babylon 5 e escritor das séries autorais Rising Stars e Midnight Nation, publicadas pela Top Cow, se torna o novo escritor do título principal do Homem-Aranha (Amazing Spider-Man).

A expectativa era grande, já que o personagem amargava uma fase muito ruim. Howard Mackie reiniciou a numeração das séries Amazing Spider-Man e Peter Parker: Spider-Man, junto com os desenhistas John Byrne e John Romita Jr., mas as histórias, não obstante esse reboot, estava muito aquém do esperado.

Assim, pouco tempo após assumir o cargo como editor-chefe da Marvel Comics, Joe Quesada foi atrás de um nome de peso e que tivesse uma visão diferente e atual para o personagem a fim de salvá-lo do marasmo. E assim J. Michael Straczynski foi o escolhido.

O início da fase de JMS foi excelente. Straczynski criou uma trama na qual se questionava acerca da verdadeira origem dos poderes de Peter Parker. Por meio de um personagem misterioso chamado Ezekiel, que também tinha poderes de Aranha, ficou em aberto a questão se os poderes adquiridos por Peter na adolescência vinham da radiotatividade ou da própria aranha, e mais, se esse contato com a aranha não foi proposital. Questionou-se ainda as figuras totêmicas dos animais representados pelos inimigos do Homem-Aranha e sua relação com elas.



Outra mudança também foi com relação ao emprego de Peter Parker. Sempre figurado como um fotógrafo freelancer das cenas de ação do Homem-Aranha para o Clarim Diário, Peter Parker decide lecionar em uma escola secundária após ver o declínio pelo qual passa a escola da região em que ele estudou quando adolescente. As cenas na escola rendem bons momentos com os alunos, e alguns deles ganham destaque nas tramas posteriores. Aliás, o humor volta nessas primeiras edições.

Por um longo período, o Homem-Aranha, outrora um personagem divertido e engraçado, se tornou um poço de lamúrias e sofrimento. Straczynski resgata o clima original.

Apesar de ter despertado a ira de poucos fãs, as idéias de J. Michael Straczynski eram bastante interessantes e tinham um ar de novidade e inovação que fazia muito tempo as histórias do personagem não traziam. Também foi criado um novo vilão chamado Morlun, o qual pelas próximas edições trava um excelente embate quase mortal com o Homem-Aranha.



Concluído esse primeiro arco, em Amazing Spider-Man #36 (477) é mostrada a repercussão da queda das Torres Gêmeas no Universo Marvel. É uma bonita história de união de heróis e vilões no sentido de ajudar os bombeiros que lutaram para salvar as vidas dos sobreviventes do ataque terrorista. A única incoerência é a retratação de alguns vilões, como o Dr. Destino chorando por um ato que ele está mais do que acostumado a cometer.

As duas edições seguintes tratam de questões pessoais de Peter Parker. A edição #38, para mim, é uma das mais belas histórias já contadas do Homem-Aranha. Trata-se de "A Conversa", uma história muito emocionante na qual Peter e sua Tia May discutem o fato dele ter escondido seu segredo por tantos anos. Excelente e um dos pontos altos da fase de J. Michael Straczynski à frente do título.



As histórias que vieram logo em seguida, até a saída de John Romita Jr. dos desenhos podem ser consideradas muito boas ou excelentes. São histórias sem grandes repercussões mas que contam com bons diálogos e interação entre os personagens. Por falar em diálogos, esse é um dos pontos fortes na escrita de J. Michael Straczynski.

Em Amazing Spider-Man #50 (491), Peter e Mary Jane reatam o casamento e a partir daí, ela passa a fazer parte do time fixo de coadjuvantes da revista.



Quando a revista chega à edição 500 da numeração original, a antiga é abandonada de vez. Nessa edição comemorativa, desenhada pelo lendário John Romita Sr. e seu filho (o artista regular), Peter Parker faz aniversário e viaja no tempo reencontrando vários vilões clássicos de sua imensa galeria. A edição conta também com a participação de diversos personagens da Marvel.

As últimas histórias desenhadas por John Romita Jr. também foram o divisor de águas da qualidade das histórias de Straczynski. A última história desenhada por ele ("O Livro de Ezekiel") retoma a trama do Ezekiel e da origem totêmica de seus poderes.



As histórias que vieram posteriormente foram desenhadas pelo brasileiro Mike Deodato Jr. A maioria delas é fraca e a primeira delas é justamente o polêmico arco "Pecados Pretéritos" ("Sins Past"). Esse arco mostra os filhos de Gwen Stacy com Norman Osborn (o Duende Verde!).

A história partiu do próprio J. Michael Straczynski, porém a idéia original da "paternidade responsável" saiu de Peter Parker para Norman Obsorn porque Joe Quesada não queria passar a impressão aos leitores de que Peter tivesse feito sexo com Gwen antes de casar(!!!).



Feito o estrago, a fase desenhada pelo Deodato conta ainda com um arco de um vilão da época da adolescência de Peter ("Skin Deep") e um arco interligado com os acontecimentos da revista Novos Vingadores, em que Peter, Mary Jane e Tia May se mudam para a Torre dos Vingadores.



E, para encerrar uma fase de extrema ruindade, vem a saga "O Outro" ("The Other"), que de tão ruim, mas tão ruim, não vale a pena nem entrar em detalhes.



Aproxima-se a Guerra Civil dos heróis Marvel e a qualidade das histórias começa novamente a subir ("Sr. Parker vai a Washington"). Peter se alia inicialmente a Tony Stark (o Homem de Ferro) e vê nele uma figura paterna disposto a ajudá-lo. Tony também desenvolve um novo uniforme para Peter, cujo design foi feito por Joe Quesada. O novo uniforme é cheio de tecnologia de ponta, o Homem-Aranha pode planar, enfim, um festival de inovação desnecessária.

As histórias diretamente ligadas à Guerra Civil voltam ao clima de outrora. São muito bem escritas e não só o fato da revelação da identidade secreta de Peter é desenvolvida como a mudança de lado do herói no desenrolar da série. Entra como desenhista regular Ron Garney, que desenha como nunca!



O arco seguinte é "A volta do uniforme negro" ("Back to Black"), também desenhado por Ron Garney. Também muito bem escrito, mostra o desespero de Peter ao ver sua Tia May no leito de um hospital, à beira da morte. As histórias paralelas dessa saga são em geral fracas, mas as escritas por J. Michael Straczynski são excelentes.

Destaque para o embate entre o Homem-Aranha e o Rei do Crime (o responsável por ter contratado o autor do disparo que atingiu Tia May). Curioso que o início da fase do Straczynski é recheado de humor, e essas histórias finais mostram um lado mais dramático na vida do herói. Parece que começar com bom humor e terminar com drama é um fato recorrente nos autores do Homem-Aranha.



Por fim, a famigerada saga "Um dia a mais" ("One More Day"). Há muito tempo, Joe Quesada já dizia em entrevistas que gostaria de ver Peter Parker descasado, uma vez que entendia que isso comprometia a qualidade de contar boas histórias do personagem. Ele literalmente preparou terreno para essa história na mídia especializada.

Ao mesmo tempo, já tinha sido anunciada uma mini-série que seria desenhada por ele e escrita por J. Michael Straczynski. Essa mini-série acabou entrando nos títulos regulares do Homem-Aranha e resultou em "Um dia a mais".



A história continua lidando com o fato da Tia May estar entre a vida e a morte. Após recorrer à ajuda financeira (Tony Stark) e ao ocultismo (Dr. Estranho) e não ter sorte nas suas empreitadas, Peter é contatado por Mephisto que lhe propõe salvar a vida de sua tia em troca do seu casamento.

Os diálogos de J. Michael Straczynski no decorrer da história continuam ótimos como sempre, mas a história (idéia) em si não tem muita lógica. Como o casal acaba aceitando o pacto com o demônio (que histórico, hein Aranha?), outras questões são alteradas em decorrência disso como a identidade secreta restaurada, os disparadores de teia e a volta de personagens como Harry Osborn. Sim, não tem lógica nenhuma, mas era o que já se tinha planejado para a fase seguinte do aracnídeo ("Band New Day"), já sem Straczynski.

Essa última saga ganhou imensa repercussão na internet na época do seu lançamento. J. Michael Straczynski disse que seu texto foi alterado e que sua participação efetiva nas partes 3 e 4 foram cada vez menores. Joe Quesada, por sua vez, aduziu que Straczynski entregou seus roteiros finais da forma como ele havia inicialmente planejado e já ciente do veto editorial, e, em decorrência disso, as alterações foram feitas.

Mas enfim, a história se encerrou e um novo ciclo de aventuras do Aranha se inicia a partir do mês que vem no Brasil. Sai J. Michael Straczynski e entra Dan Slott e cia.

Tirando o miolo, que realmente foi bem aquém daquele início promissor, a fase de J. Michael Straczynski, para mim, teve grandes momentos e acredito de seu demérito por parte de alguns leitores seja por causa de sagas horrendas como Pecados Pretéritos e O Outro. Para mim, o bom superou o ruim.

Aliás, curto muito o que J. Michael Straczynski escreve em geral e normalmente a expectativa que me causa à cada anúncio de seus novos projetos é de que será no mínimo muito bom. Vide a nova fase do Thor.

Uma última observação: J. Michael Straczynski não escreveu as edições 525 e 526 ligadas ao evento "O Outro". Nessa saga, cada um dos três escritores dos títulos do Aranha assumiam todas as revistas nos dois primeiros meses da saga.

Abraço a todos!

BAMF!

5 comentários:

Anônimo disse...

admito que abandonei o Aranha após a Saga do Clone (abandonei os quadrinhos em geral, mas voltei, pro Aranha não).
Mas valeu por esse apanhado geral do que se passa com o personagem.

Noturno disse...

Olá DNKS, obrigado pela visita. Eu sou suspeito pra falar do Straza pois sou fã do cara. Só um trabalho ou outro dele que me desagradou até hoje.

Mas, sendo muito sincero, não sei se pra quem tinha abandonado o Aranha se sentiria muito "à vontade" no run do JMS.

Abração!!!

Anônimo disse...

Parabéns pelo resumo das Amazing 229 e 230. Acho que é uma das melhores histórias do Aranha que li. Lembro de ter vibrado na primeira vez que li quando a Abril publicou e mesmo com cortes. Essa merecia uma republicação decente agora.

Noturno disse...

Olá Iron Man, seja muito bem vindo!

A história de Amazing 229 230 é realmente uma das melhores batalhas que o Aranha já teve é muito bem condizida graças ao talento de Stern e Romitinha!

Concordo que ela merece uma republicação em formato maior e sem os cortes que a Editora Abril fazia sem pestanejar.

Um abraço e apareça sempre!!!!

Volnei

Maxwell Soares disse...

Olá, rapaz. Que excelente blogger esse seu. Sou fascinado pelo universo HQ. Homem-aranha é, simplesmente, fantástico. Tenho uma pergunta a fazer: quando exatamente JMS iniciou na Marvel com o Arco do Homem-Aranha? Qual a primeira revista, o número, e a última? Quero adquirir,sim, se possível caso encontre estas hqs. Ficarei grato com o auxílio. Um abraço. Seguindo