quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

X-Men: A Guerra Santa de Chuck Austen!

A Guerra Santa de Chuck Austen!

INTRODUÇÃO:

Neste espaço, vou procurar colocar algumas ponderações sobre como o escritor Chuck Austen conseguiu estragar a origem de um dos melhores personagens não só dos X-Men, mas da Marvel Comics (e que, inclusive, serve de assinatura para todas as postagens desse blog): o X-Man conhecido como Noturno.

SOBRE O PERSONAGEM:

Noturno (Nightcrawler, no original) é o codinome de Kurt Wagner, um mutante em forma de demônio com poderes acrobáticos e capaz de se teleportar. O personagem foi introduzido como parte dos Novos X-Men na revista Giant-Size X-Men 01, publicada em 1975, em uma história escrita por Len Wein e desenhada por Dave Cockrum.

Desde que foi apresentado, ele se manteve como um dos personagens principais dos títulos mutantes dos quais ele já fez parte (X-Men e Excalibur) e também já apareceu nos desenhos animados e em um dos filmes da franquia (X2 – X-Men United).

O personagem vem sendo há muito tempo apresentado como um católico e, até uns tempos atrás, como um padre, embora esta aparentemente não tenha sido a intenção dos seus criados na época das suas primeiras aventuras. Um ponto interessante é que a fé do personagem contrasta com sua aparência física: Noturno, fisicamente, se parece com um demônio (orelhas e dentes pontudos, rabo, pés rachados, características típicas dessa entidade).

Com o passar dos anos, os escritores aprofundaram sua história com relação à sua devoção católica ao ponto de inserir em sua origem um tempo em que ele estudou no clericato e foi um padre por um curto período (X-Men 100, no desastroso evento Revolution).

Noturno é filho de Raven Darkhölme (a Mística) mas foi adotado por Margali Szardos, uma integrante de um grupo étnico chamado Roma (ou Ciganos) assim como uma poderosa feiticeira. Noturno foi criado por Margali e cresceu em um circo, onde sua mãe adotiva usava seus poderes como vidente.

Jimaine Szardos (também conhecida como Amanda Shefton) é filha biológica de Margali e também possui poderes místicos. Ela já se envolveu romanticamente com Noturno e fez parte, por um breve período, do grupo Excalibur.

Apesar de ter sido criado em uma cultura cigana, Noturno não se sentiu vocacionado a seguir os passos de seus familiares e seguiu a linha cultural dos alemães e católicos.



CHUCK AUSTEN E SUA GERRA SAGRADA:

Depois que o escritor Joe Casey foi afastado da revista Uncanny X-Men devido às críticas que havia recebido com relação às suas histórias, o escritor Chuck Austen foi incumbido de substituí-lo, iniciando sua temporada com o arco Esperança (“Hope”), nome este que representava exatamente o sentimento da maioria dos leitores.

No início, suas histórias renderam elogios da crítica especializada, bem como algumas idéias lançadas na franquia principal, como trazer o Fanático (Juggernaut) para os X-Men e o ex-integrante da Tropa Alfa, Estrela Polar.

Mas logo que esse bom e curto período inicial se passou, as tramas foram ficando cada vez mais absurdas e os personagens cada vez mais descaracterizados. Lorna Dane (a Polaris), por exemplo, fez piadas infames e cruéis do seu noivo (Alex Summers) na sua despedida de solteira e é insinuado que ela o traiu com um stripper que haviam contratado para a festa.

Depois de receber um não de Alex bem no meio do altar, ela literalmente surta e consegue deter uma legião de heróis que presenciavam seu (quase) casamento em uma demonstração irreal de seu poder (ela reverteu o fluxo sanguíneo de todos aqueles que tinham poderes). Austen também foi responsável por colocar na boca do Destrutor a seguinte frase, quando este manda o Homem de Gelo atacar Lorna: “Não há ferro na água!”.

Outro ponto controverso de sua estada à frente de Uncanny X-Men (e depois em X-Men) foi o relacionamento de Anjo com a adolescente Husk. Em uma história, Anjo a leva para o céu e os dois tiram suas roupas acima dos pais da garota!

Mas a maior e pior passagem de Austen nos X-Men foi com relação ao personagem Noturno, nos arcos Guerra Sagrada (“Holy War”) e Draco (“The Draco”).

Em Guerra Sagrada, Austen criou uma seita religiosa chamada de Igreja da Humanidade (“Church of Humanity”, no original). Foi revelado que essa seita forjou a ordenação de Kurt como um padre, a fim de conseguirem o seguinte propósito: eles levariam Noturno a se tornar o próximo Papa (aparentando ser um humano de feições normais), e logo depois revelariam sua verdadeira aparência, destruindo assim a fé de todos os católicos do mundo! Assim, para todos os efeitos de cronologia, Noturno nunca foi um padre mas sim uma marionete nas mãos desses inescrupulosos vilões.

Já em Draco, Austen revela que Kurt Wagner é filho de um poderoso mutante chamado Azazel, que foi banido para outra dimensão (chamada de “Inferno”) por uma subespécie de mutantes com asas (os “Anjos”). Azazel precisa então abrir um portão dimensional para poder retornar à Terra. Para isso, ele engravida mulheres da Terra para que elas possam dar à luz crianças dotadas do poder de teleporte e, com isso, obter controle sobre elas. O maior absurdo desta trama é que não é explicado como Azazel pode se envolver com mulheres na Terra se ele está preso em outra dimensão!

E assim, o estrago estava feito, a crítica caiu em cima do escritor e “O Draco” nunca mais foi mencionado, para a sorte de todos. Lembro de uma entrevista em que Austen falou que resolveu fazer “Draco” após ter sido lançada a mini-série Origem, contando a história de Wolverine. “Chegou a vez de Noturno!”, disse para o azar da franquia.

MISOGINIA e DESDÉM:

Chuck Austen foi acusado de ter uma agenda voltada não só contra a Igreja Católica, como também a religião em geral. Outro ponto controverso de suas tramas gerou acusações de misoginia, pelo fato como ele tratava praticamente todas as personagens femininas que ele escrevia. A enfermeira Anne (criada por ele), chega a dizer ao seu filho pré-adolescente que Alex e Lorna “provavelmente estão transando”, em uma cena absurda e sem a menor verossimilhança!

Em outubro de 2003, o escritor escolheu fazer pouco caso com as críticas ao seu trabalho e parou de dar entrevistas após ter sofrido agressões verbais de fãs em uma convenção de quadrinhos (dentre outras razões). Ele voltou a falar em maio de 2004, ocasião em que ele reafirmou sua indiferença com relação aos críticos do seu trabalho.

Depois de uma breve passagem pela DC Comics, em que escreveu o título Action Comics, Chuck Austen se afastou dos quadrinhos “mainstream” e hoje, ao que se sabe, escreve histórias “hentai”.

Pessoalmente, não vejo que o personagem Noturno precise ser explorado no aspecto religioso. Sua própria aparência e personalidade de boa conduta já denota o contraste que o personagem representa. Rezemos então para que Chuck Austen nunca mais ponha os pés na Marvel (ou na DC ou em qualquer outra editora do nosso agrado!).

Abraço a todos!

BAMF!

3 comentários:

Anônimo disse...

Eu não conseguiria escrever um texto sobre o Austen sem pelo menos uns 50 palavrões. :)

Quanto ao Noturno, também acho que a dicotomia entre aparência exterior (demoníaca) e interior (Paz, bondade) sempre foi o maior atributo do personagem, que se desenvolveu naturamente para se tornar um dos mais queridos X-men.

Anônimo disse...

Não me lembra dessa desgraça não, Noturno.

Anônimo disse...

Já disse e repito... Hope foi um bom arco. O Julgamento do Fanatico foi tosqueira do bem.
Mas o resto...